chapter thirteen

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Harry, obviamente, aceitou. A notícia de Niall estar de volta já foi boa o suficiente para fazê-lo submergir em empolgação.

Haviam muitas lembranças guardadas daquele lugar, das barracas que montavam ou das labaredas cinzas perante narrações bobas. Aquela amizade de noites intercaladas em doces e mais conversas, apesar de triste, fora o mais relevantes que o rapaz conquistou no decorrer de sua adolescência peculiar.

Ótimo e incrível enquanto existiu, já que, eventualmente, seguiram suas respectivas vidas, cursos, responsabilidades e uma porção de deveres inevitáveis. Os encontros diminuíram sua frequência, de algo rotineiro para instantes raros, bem, até sumirem por absoluto. Acontece. A vida tece suas linhas cruciais e nosso papel é obedecer a bússola, o roteiro.

No entanto, agora, o que lampejava no meio de suas recordações era justamente os bons tempos. Justamente o modo que ele se sentia normal por fazer amigos, sem apelidos de colegial, sem crueldade fria e desumana, apenas amigos.

Ser normal, não o portador de uma doença desconhecida onde pessoas que não sabiam como reagir, utilizavam de hipocrisia para ofende-lo e o mais lamentável, firmadas em motivos inúteis.

Aliás, a particularidade de quem está ao seu lado é, realmente, o bastante para que você o humilhe? Ele, por acaso, decidiu ser desigual, ter uma doença, amar alguém do mesmo sexo ou ter um porte físico atípico? Ou melhor, o que o torna diferente para você, para a sociedade? E se ele decidiu pintar o cabelo de verde néon, fazer cosplay de personagens desconhecidos e gostar de usar saias ou flores, isso o converte ao incomum? Mas, o que terceiros terão com isso? Que direito/poder temos para titular algo com aceitável ou não?

Espalhe o amor, acolha, aplauda a coragem e se inspire, em vez de menosprezar, faça como eles, busque a felicidade por si mesmo, traga a sua própria aceitação e se realize.

Uma criança, ele era apenas uma criança quando percebeu que o mundo não é um bom lugar para o diferente. Harry tentou uma amizade, seus olhos infantis não enxergaram empecilhos para contar ser “especial”, que tinha um problema e que o mundo para si assemelhava-se à um caderninho de pintura. Diana correu, Harry pôde ver o desespero dela enquanto o fazia. No dia seguinte, as provocações começaram: apelidos, xingamentos...

Desta forma hedionda, ele constatou que não poderia se abrir para as pessoas com facilidade. Já que, ou elas fugiriam por não saber como se portar, o rejeitariam com ódio inexplicável, palavras ultrajantes e violência psicológica ou o tratariam como um debilitado, com pena e, inevitavelmente, um inferior. Essas eram as opções que conheceu. Os outros obtinham mais problemas com sua singularidade que ele próprio, por isso, ele preferiu ocultar esse detalhe, e ninguém nunca viu além do que quis mostrar.

Ele não os culpava. Não era claro, embora.

Mas a normalidade que Niall e Zayn lidaram com sua presença sobressaiu na mais bela das formas, principiando o sentimento de comum, sabe, sem restrições silenciosas, sem julgamentos e sem a pergunta grotesca estampando faces banhadas de desprezo.

Em alguem momento, ninguém se importava o suficiente para suster a maldade e Harry se tornou apenas o garoto esquisito da escola.

Honestamente, Niall e Zayn eram as melhores pessoas que a vida lhe apresentou. Bem, eles eram de escolas diferentes, mas pelo o que conheceu dos dois, Harry não previa rejeição caso descobrissem, mas seria diferente, de algum modo.

Conforto o aquecia ao tempo que aproximavam-se, as mãos juntas e enlaçadas de acordo com que Harry se esgueirava dentre matos e pedras, levando Louis consigo. Alguns bancos improvisados dispersos e a fogueira crepitando acesa. Louis esboçou um sorriso, apertando seus dedos nos de Harry comodamente.

Cinquenta tons de Cinza (l.s)Where stories live. Discover now