chapter nine

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Pétalas amareladas, muitas delas enfeitavam aquele buquê delicado, aquele ramalhete de flores que Louis levava com cuidado dentre seus dedos. Nada muito grande, apenas algumas colhidas nas redondezas por alguém que não queria nada mais que agradar, causar um sorriso de covinhas e eventualmente, iniciar bem toda a noite.

Ele conseguiu, embora.

Em companhia de olhos verdes reluzentes, e agradecimentos genuínos.

Valeu a pena.

Os dedos espetados em espinhos ao colher sorrateiramente aquelas delicadas obras amareladas, valeu a pena.

Apesar de Harry não ser contemplado com a dádiva de discernir o acinzentado do amarelo, ou de qualquer outra matiz, ele estimou o ato em si, a amabilidade. Ignorando a frustração de não ter muitas informações sobre aquele conjunto de rosas, mas ele sabia, sabia que eram respingadas de verde, cujo tom lhes cobria as folhas minúsculas e caules finos.

O agradecimento foi espontâneo, verdadeiro, refletido em seus olhos, num brilho que tirou o fôlego do outro por segundos.

Louis lhe presenteou também com cavalheirismo ao abrir a porta do carro para que ele entrasse, insistiu ao alegar precisar agir desta forma se Harry, realmente, estivesse pretendendo ter um encontro decente.

Soou como brincadeira, com doce leve da verdade.

O céu estrelado lhes agraciava com pontilhados bonitos e uma lua deslumbrante, o som calmo de um jazz qualquer os manteve entretidos em suas conversas silenciosas.

Harry sentiu o aroma das flores ao levá-las para seu nariz, doce, sereno e acolhedor, uma essência que emanava para causar a eclosão de sentimentos tênues dentro de si. Ele sorriu verdadeiramente mais uma vez, voltando a descansa-las sobre suas pernas cobertas por um jeans negro. Louis também sorria, o vento esvoaçava algumas mechas de seus cabelos castanhos e ele nem ao menos se importava.

–– Você gostou? –– questionou, fitando as flores e indicando do que se tratava a pergunta, Louis apenas queria ter certeza, de certa forma, Harry lhe agradeceu, mas não evidenciou sua opinião sobre, porém, ele estava prestes a fazê-lo, mordendo os lábios ao comprimir uma risada, porque era óbvio que ele amou.

–– Sim. De verdade, gostei por você ter tido a delicadeza de colhe-las. –– divagou, acariciando despreocupadamente algumas pétalas cinzas. –– E flores são, sem dúvidas, algo maravilhoso para presentear.

–– Como sabe que eu colhi?

–– Bem, digamos que a floricultura da cidade teria acertado o tamanho dos caules. –– suspendeu uma sobrancelha, divertido, ajeitando-as cuidadosamente e erguendo o arranjo, indicando os cortes mal feitos no tronco esverdeado. –– Mas você ganhou pontos, de qualquer forma.

Louis endireitou a postura, levantando o nariz para ele e engrossando a voz, brincalhão.

–– Quis ser original, meu caro. Preciso deixar minha marca de alguma maneira. Sou a personificação da gentileza e originalidade em um embrulho bonito.

Harry assentiu, risonho, porque ele literalmente houvera sido cortês em preferir se dar ao trabalho de apanha-las com suas próprias mãos, reforçando com palavras que concordou com tudo, mesmo que claramente sublinhasse a parte mais acertada, Louis, francamente, era um embrulho mais que bonito.

Adiante, as luzes já podiam ser vistas, ofuscando o céu e lhes saudando com cores fortes e pessoas caminhando, por todos os lados. Um parque bonito, roda gigante, barracas e pequenos jogos diversos. E cores, muitos tons que piscavam fortes e divertidos. Um bom lugar de lazer. Harry recordou das vezes que esteve ali com seus pais, pequenos detalhes estavam diferentes, porém, o todo estava exatamente como se lembrava. Vida, animação, casais românticos passeavam, crianças correndo e vendedores simpáticos numa áurea extrovertida.

Cinquenta tons de Cinza (l.s)Where stories live. Discover now