chapter two

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–– Gemma ligou para cancelar a visita dela por esses dias. –– Desmond informou, fazendo uma careta ao expressar suas saudades da filha.

–– A propósito, Felicité deve estar na cidade. Sua casa estava aberta mais cedo e lembro vagamente dela dispensando faxina mensal. –– acrescentou Anne.

Harry abriu um esplêndido sorriso animado.

–– Fizzy está na cidade?! –– questionou, pretendendo confirmar ter ouvido-a corretamente. Anne maneou a cabeça em sinal positivo. –– Preciso ir visita-la!

Todos os Styles nutriam de vasto apreço pela moça, realmente como sendo parte da família, ela cursava advocacia em Manchester, o que acabava sendo no noroeste da Inglaterra e por conta da universidade, sua casa permanecia por longos períodos sozinha. Eram raros os momentos que ela ia até ali e o mais estranho era que suas visitas sempre ocorriam juntamente ao acompanhamento de Gemma.

–– Querido, sei que quer vê-la, mas esqueceu do seu expediente na cafeteria? –– relembrou, o rapaz fez uma expressão tristonha e Anne deixou escapar um pequeno sorriso em direção ao filho. –– Mas com toda a certeza, você pode ir até lá quando terminar seus afazeres, Harry, não seja dramático.

–– Já irá ser quase nove horas, mãe.

–– Eu sei, então durma na casa dela, assim como da última vez. –– sugeriu. –– sua irmã deve estar pendurada no pescoço de Fizzy e por isso adiou conosco. Traga as duas aqui amanhã. De qualquer forma, tenho certeza que gostarão de ter uma visita sua. Hoje você tem deveres, querido, desculpe.

Harry comprimiu os lábios ao pensar, não soara como uma idéia tão ruim. Ao fim e após outra curta conversa, concordou. Era bonita a relação de respeito acima de tudo, admirável e bela, mesmo se tratando de um jovem de dezenove anos, ainda cogitava e ouvia os pais porque lhe era uma opção. O respeito se conquista e ao obtê-lo, cultive-o, e jamais force sua existência. Uma grande parcela dava-se pelo diálogo e seu inegável poder, Harry sempre fora escutado, não eram somente seus pais que davam o veredicto e por isso, a harmonia admirável se manteve intacta. Respeito por respeito. Ele perdeu na argumentação e estava tudo bem, porque teve a oportunidade de argumentar.

Despediu-se de sua mãe, levando consigo uma mochila com apenas um par de roupas, escova de dentes e seus inseparáveis óculos escuros, optando por não ligar com antecedência para as duas, pretendendo fazer-lhes uma pequena surpresa.

A cafeteria estava parada, já eram quase sete horas da noite e não havia ninguém ali além dos doces e sua expressão entediante enquanto folheava o menu. Aguardou por um mísero cliente, dez, vinte, vinte e cinco segundos passaram, semelhantes à horas torturantes e longas. Bufou, resolvendo fechar o estabelecimento mais cedo, não haveria problema já que ninguém aparecia para consumir ao menos uma bala.

Até uma senhora entrar no lugar, uma bengala deixando seus passos lentos, olhar gentil para o cacheado que prontamemte a ajudou sentar-se.

–– Meu filho, vejo que o movimento está parado hoje. –– sua voz fraca ao falar docemente. –– Pode me trazer um chá de hortelã com um pão de mel? Por favor.

–– Claro que sim, não demoro.

Harry deu-lhe as costas, ajeitando o avental em sua cintura e seguindo para a cozinha. A bandeja com os pedidos sendo equilibradas em suas mãos, colocou-a na mesa.

–– Obrigado, os pães daqui são os melhores.

–– Agradeço. –– sorriu educado –– Espero que lhe agrade e qualquer coisa, pode chamar.

–– Sim. –– seus olhos cansados analisaram o lugar, o rosto marcado por rugas expressivas, marcas de vida. –– Você poderia me fazer companhia, querido? Sabe, não tem outros clientes neste horário, e isso se não for atrapalha-lo, é claro.

Cinquenta tons de Cinza (l.s)Where stories live. Discover now