Capítulo 06

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Um ano atrás...

Vanessa

Um fim de semana qualquer, em um canto qualquer da cidade, na vida de uma pessoa extremamente qualquer...

Esbarro em alguém enquanto percorro um dos corredores do supermercado que estou. Tive que sair da minha caverna, já que acabou meu estoque de sorvete de chocolate.

— Perdão, estava distraída. — justifico ao recuperar meu equilíbrio com a ajuda do estranho.

— Não há necessidade de desculpas hermosa, eu também não estava prestando atenção no caminho.

Ao sentir mãos grandes e fortes me segurando me dou ao luxo de verificar em quem quase derrubei por ser tão estabanada. Me deparo com um homem alto, charmoso, de cabelos longos e loiros e um ar de mistério e superioridade no ar. Me lembra o ator que fez o Aquaman no cinema. Bonito, com cara de mau e imponente.

— A moça me dá a honra de passear ao seu lado nesse modesto mercado? — me questiona sedutoramente.

Seu jeito me faz rir, pouco, mas arranca uma pequena alegria de meus lábios.

— Desculpe, não costumo socializar com estranhos. — digo já me afastando dele.

— Não seja por isso, — estende sua mão para mim — Victor. Victor Carrilho Fuentes ao seu dispor hermosa.

Correspondo seu aperto de mão. Me apresento e o deixo me acompanhar até o caixa. O desconhecido, quer dizer, Victor tenta pagar minhas compras, porém não permito e depois de muita insistência o deixo me levar até a porta do meu prédio.

— Se quiser posso subir e te ajudar moça.

— Obrigada Victor, mas não é necessário.

Tento demonstrar sutileza até então, contudo, desde meu primo Miguel eu sempre mantive uma certa distância dos homens bonitões.

— Que tal um sorvete qualquer hora dessas então? — ele insiste descaradamente.

Minha baixa estima luta bravamente com minha vontade de sair um pouco dessa zona de conforto onde estou sempre afundada. Sei que mereço pouco, que devo me colocar no meu lugar, que caras bonitos foram feitos para as tantas mulheres bonitas que existem por aí, e sei também que vai ser uma grande decepção quando ele realmente perceber o quanto sou gorda e feia de corpo, mas uma pontadinha nervosa me impulsiona a saborear nem que seja gotas dessa novidade. Sou tola demais para ser corajosa.

— Quem sabe, mas agora não é o momento.

Me afasto antes que ele puxe mais algum assunto, realmente não mereço tanto e o melhor sempre é me afastar.

Entro na minha pequena kitnete e me jogo no sofá de qualquer jeito depois de jogar minhas sacolas no balcão da cozinha. Olho para todos os cantos e parece que cada pedacinho do que deveria ser o meu lar me sufoca, gritando solidão.

Será que sair um pouco de tudo isso é sonhar alto para uma mulher tão ínfima e azarada como eu? Será?

XXXXX

Cinco meses depois...

"Ele não me bate...

mas regula minhas roupas e amizades.

Ele não me bate...

mas sou obrigada a pedir desculpas sem motivos.

Ele não me bate...

Destinos CruzadosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora