Capítulo 29

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— Não é verdade... — Luke iniciou e sua voz falhou. Ele clareou a garganta e tentou outra vez:

— Eu nunca fingi que procurava algo mais e nunca disse isso. Eu fui sincero. Você é quem está tentando me jogar uma culpa por algo que não fiz.

— Tem razão — Louisa concordou com um tom de voz resignado. — Você nunca me disse que esperava algo mais.

— Pior é que cometi o erro estúpido de me apaixonar por você. E sabe o que é mais irônico? — ela murmurou, forçando sorriso. — Você prosseguiu no jogo sem saber que já havia vencido.

O consentimento fácil e tão contrário à personalidade forte de Louisa surpreendeu Luke. Eleja ouvira confissões de amor, mas nunca acreditara em nenhuma delas. E nem mesmo desejava acreditar. Porém, vindo de uma mulher como ela, Devereaux tinha que considerar a possibilidade de ser verdadeiro.

— Não se preocupe em me levar. Eu chamarei um táxi — ela concluiu e prosseguiu na direção do banheiro. E sem nem mesmo girar a cabeça, acrescentou em voz alta:

— Será melhor não nos vermos novamente.

Luke foi assaltado pelo pânico quando ouviu o clique da fechadura da porta do banheiro sendo trancada.

O som ecoou na sua mente e ele sentiu um nó de angús­tia formar-se na garganta. Não podia permitir que ela o abandonasse. O desespero o fez recordar-se de um dos pio­res momentos de sua infância. E foi quando estava sentado em uma das poltronas do estúdio de Berwick e em silêncio rezava para que o homem o aceitasse como filho e de algu­ma maneira o amasse. Porém o que viu nos olhos acinzentados do pai foi apenas frieza incalculável.

Luke afastou a lembrança dolorosa, determinado a não deixar que a tristeza o invadisse mais uma vez. A ira tomou o lugar da dor e Demereaux enfureceu-se. Como Louisa ousava fazer isso com ele? Por que o forçava a sentir coisas que não queria sentir?

— Você não vai a lugar algum! — ele gritou junto à porta do banheiro. — Vou lhe dar um tempo para se vestir e então quero que vá ao meu estúdio para que possamos re­solver isso da maneira apropriada.

Louisa recostou-se contra a porta do banheiro e sentia as pancadas fortes do punho de Luke do outro lado da madei­ra, enquanto gritava ordens. Deixou o corpo deslizar até o chão e abraçou as pernas. Foi quando percebeu que estava na mesma condição de três meses antes, quando percebeu pela primeira vez que se apaixonara por ele. Mas desta vez ela se recusou a chorar enquanto ouvia o som dos passos dele se afastando.

Cobriu o ventre com as mãos trêmulas e sussurrou:

— Não se preocupe, bebê. Seu pai pode não amá-lo, mas eu prometo que o amarei o suficiente por nós dois.

CAPÍTULO DEZOITO

Luke colocou a raquete dentro do armário e trancou a porta com força.

— Hei, calma! Não bata a porta com tanta força! — aconselhou Jack, no momento em que entrou no vestiá­rio do Mayfair Sports Club. — Você não pode ganhar todas!

— Eu sei. Mas já faz duas semanas que não acerto uma partida! — Luke exclamou.

— Talvez seja porque você anda muito distraído — sa­lientou Jack, enquanto sentava no banco para tirar os tênis.

Luke suspirou fundo e massageou a base da nuca por alguns segundos. Precisava relaxar. Estava se comportando como uma criança que detesta perder um jogo. Jack deveria, pensar que ele estava ficando maluco. Sentiu-se corar só de lembrar de como se conduzira na quadra.

— Eu me comportei como um idiota no jogo de hoje. Espero que me perdoe, Jack — pediu ele, enquanto retirava a camiseta suada e a socava na mochila. Uma tremenda dor de cabeça lhe martelava as têmporas.

Sempre AmorOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz