Capítulo 14

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Louisa pensou em exigir que ele a deixasse em paz e que a decisão de ter ou não o bebê era problema dela. Mas esta­va tão apavorada com a intensidade da raiva que ele de­monstrava que apenas murmurou:

— Eu jamais faria um aborto.

Luke estreitou os olhos. Ainda borbulhava de ira.

— Está mentindo! Eu a ouvi marcando uma consulta com um médico.

— Não é o que está pensando — ela argumentou e ten­tou inutilmente livrar o pulso que ele segurava. — Estava marcando uma consulta com o meu clínico para acompa­nhar o pré-natal.

— Por quê? — Luke indagou e finalmente liberou o pul­so feminino. — Já não está tudo arranjado?

— Não por mim — Louisa friccionou o pulso que exibia a marca dos dedos dele na pele delicada. A ira subiu-lhe à cabeça. O que ele pensava para tratá-la daquela maneira?

— Eu quero ser acompanhada pelo médico da minha con­fiança. E isso não é da sua conta.

— Não seja ridícula! A dra. Lester é considerada uma das melhores obstetras do país.

Naquela altura, a fúria havia desaparecido para dar lugar a um tom de comando que ela tanto detestava. O espírito de luta e rebeldia apoderou-se de Louisa:

— Eu não me importo nem um pouco se a dra. Lester está no topo da lista dos obstetra mais famosos. A deci­são sobre quem deve cuidar do pré-natal é minha. Como também sou eu quem decide se devo ou não ter essa criança — ela gritou o mais alto que podia. Como ele se atrevia a ditar-lhe o que podia ou não fazer com o próprio corpo? — E, caso não tenha notado, sou eu quem vai ter o filho e não você!

Ele franziu o cenho. Contudo não parecia aborrecido.

— Considerando o excelente trabalho que vem fazendo até agora, deveria estar agradecida pelo meu envolvimento

— Luke ponderou. — Afinal de contas, se não fosse por mim, você nem mesmo estaria sabendo que esperava um bebê.

— Mas agora eu sei. Portanto, pode deixar comigo a par­tir de agora — ela se inclinou e apanhou o celular do chão.

— Quero que me deixe na próxima estação de trem. Decidi voltar para Londres — revelou com o queixo erguido e co­locou o celular novamente dentro da bolsa. — E, de agora em diante, pode manter seu nariz grande e intrometido fora dos meus assuntos.

Louisa estava se sentindo vitoriosa — até tentar passar por ele. Luke postou-se na frente dela e, segurando-a pelos quadris, pressionou o corpo dela contra o dele.

— Não vai escapar tão fácil — murmurou ele, em tom ameaçador.

Ela lutou para tentar libertar-se e ele simplesmente segu­rou as mãos dela pelos pulsos e aprisionou-as contra as cos­tas femininas.

— O que está fazendo?

— Não irá a lugar algum até que cheguemos a um acordo.

— Não há nenhum acordo para chegarmos.

Luke estava tão próximo que Louisa até podia notar al­guns traços de azul nas íris dos olhos acinzentados, enquan­to sentia o próprio ventre pressionado contra o volume rígi­do que ficava cada vez mais invasivo.

Ela sentiu o corpo estremecer numa traiçoeira resposta pelo contato com aquela masculinidade pujante. Odiou a si mesma por isso.

— Sou o pai deste bebê — ele afirmou com suavidade, mas havia um tom de ameaça na voz. — O que significa que tenho o direito de dar minha opinião sobre cada deta­lhe que diga respeito à vida desta criança. Por isso, acho melhor se acostumar com esta idéia. Nunca me esquivei de minhas responsabilidades e não será agora que farei isso.

O fato de Louisa ter negligenciado a hipótese de estar grávida durante tanto tempo era uma arma que ele usava nas entrelinhas, para derrubar as defesas dela. E nisso ela tinha que admitir que ele havia ganho alguns pontos. E sa­bia que Luke se orgulhava disso, quando viu seus lábios esboçarem um sorriso confiante:

— Por isso é muito bom que não esteja pensando em um aborto. Caso contrário, iria enfrentar a maior luta de sua vida. Ninguém pode ferir o que me pertence.

De certa maneira, Louisa deveria estar agradecida por Luke estar tão determinado a defender o filho, entretanto, não conseguia suportar a sua atitude machista. Fazia com que ela se lembrasse da adolescência e de como o pai insis­tia em que ela deveria fazer o que ele achava certo, não se importando se ela gostasse ou não. E, se Luke Deveraux achava que poderia decidir sozinho o que achava ser me­lhor para ela e o bebê, apenas por ser o pai da criança, esta­va muito enganado.

— Não sou obrigada a aceitar suas ordens, Devereaux. Nem agora e nem nunca. E acontece que estamos falando sobre uma criança e não sobre alguma de suas propriedades.

Ela apoiou as palmas das mãos sobre o peito dele e tentou afastá-lo. Não conseguiu movê-lo nem um milímetro. Tentou outra vez. Nada. Desistiu, sabendo que esse esforço era inútil. O difícil era encarar o sorriso de satisfação que ele exibia.

Luke a mantinha tão colada ao seu corpo que Louisa sentia um volume cada vez maior roçar-lhe o ventre. Deve­ria ficar indignada, porém os hormônios não concordavam com a razão e o seu corpo vibrava de emoção.

Ela o olhou com censura:

— Pare de agir como um tirano. Sei que é mais forte que eu, mas nos dias de hoje isso não lhe dá o direito de querer me dominar. Portanto, acho melhor me soltar — ela afirmou tentando parecer aborrecida, apesar do tremor na voz.

— Eu a libertarei quando prometer ouvir o que tenho a dizer.

— Tudo bem, sr. Troglodita. Pode falar — Louisa res­pondeu furiosa com o fato de ele estar usando os dotes físi­cos para provocá-la, sabendo como ela reagiria.

 — Mas isso não significa que irei fazer o que me disser. — Ele aliviou a pressão nos dedos que lhe seguravam o pulso, mas não o suficiente para permitir que ela escapasse. Ela sentia o aroma masculino e a provocante excitação que prosseguia atormentando-a. 

— Você prometeu que me libertaria se eu o ouvisse — ela tentou um apelo desesperado para que pudesse se distanciar dele antes que fosse tarde. Não pretendia permitir que Luke a seduzisse num posto de gaso­lina, ainda que os hormônios gritassem o contrário.

— Fique quieta e pare de bancar a inocente.

Louisa percebeu a tensão na voz dele e espantou-se com as gotas de suor que se formavam na testa masculina. Foi então que ouviu um burburinho de vozes do seu lado direi­to. Girou a cabeça na direção do barulho e entendeu a razão de Luke estar tão ansioso em mantê-la tão junto dele.

Ela tornou a encará-lo e dessa vez com um sorriso perverso nos lábios.

***

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Bjs *-*

Sempre AmorWhere stories live. Discover now