Cap. XV: FLASHBACKS DE UM RETORNO TRIUNFAL

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Na manhã seguinte; naquela casa que sempre fora meu lugar de refúgio e alegria, porém agora me parecia uma caverna sombria e enorme...

Sob as águas quentes do meu chuveiro, eu ainda tentava assimilar tudo que vi e ouvi naquele fim de tarde.

Afinal; descobrira através de um vampiro; e de indígenas que se transformavam em lobos gigantes, que muito do que eu sempre tive como lendas ou contos de fadas, na verdade fazia totalmente parte da minha realidade.

Enquanto a água caía sobre mim, as lembranças sobre os comentários, alguns até maldosos, sobre os olhos do meu amigo Robert, a muitos dos quais fiz questão de responder à altura por ele ter ouvido meu conselho de parar de esconder as verdadeiras cores de seus olhos.
Robert chegou a mencionar que sua família não aprovou a princípio, mas ele os convenceu vom o tempo.

No entanto, não demorou muito para que imagens das lendas sobre os "lobos e os frios" contadas por Robert e continuadas pelo tal Calientob, e daquelas cartas todas no apartamento do professor Newton, voltassem à minha mente, com ainda mais realismo.
As gotas de água que enturvavam minha visão, de repente desapareceram, e o ambiente ao meu redor subitamente transformou-se na sala de estar da minha casa, onde mexendo em vários daqueles papéis velhos e cartas antigas encontrados no laboratório e na casa do professor Newton, Calientob me disse:
- É tudo real, Rosanne! - Ele falou folheando as cartas endereçadas à estranha escola Blogwarts.
- Alguns; provavelmente estão mortos... - Ele dizia enquanto eu tentava não olhar para os lobos enormes que caminhavam ao redor da minha casa.
- Ou fugiram depois escrever! - O estranho visitante continuava o raciocínio, enquanto me entregava uma das cartas que li no apartamento do professor Newton.
- Mas; afinal, o que... - Murmurei ao reler aquele texto escrito por alguém, que enviava um pequeno coelho chamado Lebrir, para que ele estivesse a salvo dum "apocaplise no País das Maravilhas."
- Ou quem está provocando... - Eu questionava ao folhear uma carta manchada e escrita por alguém que há muito tempo, já não acreditava que existisse. Um pedido de socorro que narrava a destruição total duma fábrica mágica de brinquedos, no Pólo Norte.
- Toda essa... Guerra? - Eu perguntei enquanto relia várias das cartas escritas por ogros; fadas, bruxos, duendes, centauros e outras criaturas míticas, que ainda me assustavam pelo fato de se tornarem cada vez mais reais, bem ali nas minhas mãos, e diante dos meus olhos.

- Ninguém sabe ao certo! - Calientob respondeu confuso, e continuou:
- Mas segundo o que nos explicaram, as cartas comuns dos familiares dos estudantes, de repente pararam de chegar.
- No lugar delas; pedidos de socorro e solicitações para que a escola mantivesse os alunos em segurança, começaram a abarrotar os setores de correspondência.
- Espera um pouco aí! - Robert esbravejou.
- Você nunca me disse que sabia de tudo isso, Calientob.
- Na verdade eu não sabia! - o lobisomem que também já havia explicado mais sobre as origens e "habilidades mágicas" do seu povo respondeu olhando para a porta.
- No entanto, um de nós obteve algumas informações valiosas, sobre o que está acontecendo nesses últimos anos, bem debaixo dos nossos narizes.
- Acontecendo? - Robert e eu questionamos, quando Calientob fechou os olhos e disse:
- Pode vir!

- O que foi que ele disse, Robert? - Questionei atônita, mas ele também não sabia.
- Ele disse para alguém vir, mas não me olhe assim, eu...

- YAMASHIRO? - Robert e eu quase gritamos perante o retorno de Tomiko; nossa amiga desaparecida, que agora adentrava minha casa vestindo um belíssimo vestido preto. Cobrindo parte do rosto dela pendia um pequeno chapéu alvinegro, cujo desenho do acabamento floral era de dar inveja.
Os lábios; com um batom vermelho agora chamavam a atenção, assim como os cabelos outrora platinados, rosados e repicados que agora estavam pretos, e longos.

- Olá, meus lindos! - Ela disse já nos abraçando (algo um tanto incomum para alguém tão analista quanto ela), - mas retribuímos, felizes por revê-la.
- Vocês não sabem o prazer que é estar de volta.

Algum tempo depois de termos questionado todos os porquês de seu sumiço por todo aquele tempo; e também seu paradeiro, finalmente descobrimos que ela, de alguma forma também estava ligada à toda aquela história dos lobos, eticetera e tal!
- Então, você é uma deles? - Robert perguntou intrigado, quando Calientob respondeu no lugar dela:
- Na verdade; sua amiga é algo muito mais antigo!
- Antigo? - Agora Robert e eu replicávamos atônitos, quando Tomiko mudou o rumo que a conversa possivelmente estava tomando:
- Teremos tempo para falar sobre isso. - Ela disse, como sempre séria, e continuou:
- Meu retorno é estratégico, e não vou me demorar muito... - Ela disse caminhando até uma das paredes de vidro da sala.
- Por aqui! - Terminou aquele raciocínio no mínimo estranho ainda de costas para nós; e ao lado de Calientob perguntou levantando a voz:
- Você está pronta, Rosanne?
- Pronta?
- A verdade pode ser assustadora, mas é o melhor remédio para quem não quer mais andar perdido. - Tomiko disse ainda olhando para os lobos enormes lá fora.
- Filosofia oriental, amiga? - Retruquei e ela respondeu na hora:
- Cabe a você; - Tomiko disse se voltando para nós. - Acreditar, ou não.

Por um breve instante voltei ao presente; onde a água quente ainda me banhava, naquela manhã fria.
Minha mente divagava velozmente pelas revelações que Tomiko fez a partir do instante em que escolhi saber a verdade.

Outro flashback surgiu entre as gotas que caíam sobre meus olhos, e eu voltava à sala da minha casa, onde Tomiko explicava que as cartas, e papéis que eu tocara, me mostravam as circunstâncias narradas nelas, por serem escritos e elaborados em material mágico...
- Ou enfeitiçado por seres místicos, como bruxos, fadas e elfos. - Tomiko voltava à cena, enquanto Robert e eu analisávamos todo aquele material.
Calientob, também observava os papéis e cartas, porém apesar de confuso, não parecia nada surpreso com aquilo.
- O que me intriga na verdade... - O lobisomem perguntou pegando algumas das cartas para a tal Blogwarts.
- É como essas cartas vieram parar... Aqui!
- Ora! - Robert interrompeu, intrigado.
- Trouxemos para cá!
- Não é sobre vocês terem encontrado e trazido, Bullen! - Calientob respondeu, olhado bem para aquelas cartas.
- É sobre como tudo isso veio parar logo nesta cidade, quando Blogwarts; sequer fica nessa dimensão!
- Hm? - Eu começei a me assustar com aquela conversa, quando Tomiko tomou a palavra:
- Realmente! como? Eles jamais deixariam... Um material como este ser exposto, ou...
- Está claro que alguém... Roubou tudo isso! - Calientob interrompeu, quando Tomiko disse:
- Óbvio que sim! - Ela disse folheando a agenda do professor Newton. - Mas com que propósito?
- E o que esse humano, teria a ver com isso?
- O professor... - Eu tomei coragem para falar, apesar do modo estranho como minha amiga se referia ao nosso professor desaparecido.

[ UDG ] A GAROTA DA CAPA. O CONTO REPAGINADOWhere stories live. Discover now