Cap. XX: NEM TODOS FORAM FELIZES PARA SEMPRE

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Uma imensa lua cheia e vermelha então se ergue acima das copas das árvores que começam a pegar fogo, quando a mulher que ainda contempla a silhueta do assassino de Leza desaparecer nas chamas, se vê obrigada a fugir do incêndio que se espalha cada vez mais.

Atordoada ela não consegue parar de chorar e gritar, mas logo percebe que precisa ser forte, pois a criança seu colo também chora audivelmente, o que acaba chamando a atenção de alguns lobisomens remanescentes do ataque à BlogWarts, que agora despertam no coração da floresta.

As chamas do incêndio ainda se espalham por toda a parte, enquanto cervos gigantes, ninfas, hipogrifos, pássaros e pequenos mamíferos fogem assustados.

A fugitiva agora corre por sua vida e a da criança, enquanto também se esquiva da fauna desesperada.

- Haja o que houver! Não olhem para trás! - A voz de Lebrir, ainda ecoa na mente da guerreira, que ainda corre saltando pedras, troncos e raízes, quando se depara com um grande rio de águas tranquilas ao fim de um declive pelo qual os animais já fogem desesperados para chegar logo até a água.

- Calma! - Ela diz escorregando até a margem do rio.

- Calma meu amor! - Ela murmura apertando a bebê contra seu peito, quando contempla do outro lado do rio, os fundos de um pequeno chalé à beira duma estrada de terra. - Nós vamos sobreviver.

A terra ainda treme, enquanto a mulher salta sobre o rio caindo de cócoras na outra margem, porém enquanto ela ainda cai, seu corpo atravessa algum tipo de domo invisível que envolve toda a área ao redor daquela estranha propriedade.

Segurando firme a bebê que leva em seus braços, ela ainda corre quando a escuridão do céu acima dela, é tomada por uma estranha luz, com o formato de um imenso losango que se abre sobre o rio.

Lembrando-se das palavras de Lebrir, ao contrário de todos os animais que correm olhando para cima, ela dá as costas para a estranha luz, da qual caem quatro correntes enormes, pela qual escorregam quatro silhuetas de gigantes de metal que mergulham com tudo no rio.

Sem olhar para trás, ela agora corre na direção da casa enquanto a capa que veste a deixa invisível, apenas os respingos da lama que seus pés levantam são vistos à luz dos relâmpagos, e das chamas do outro lado da margem.

Vários animais que ainda atravessam o rio também correm para o outro lado da margem, quando são surpreendidos pelos estranhos mergulhadores que vem do céu e atingem o leito como se fossem rochas.

De repente do meio da parede de fogo, saltam cinco lobisomens imensos que saltando sobre o rio chegam do outro lado da margem, e farejando o ar, disparam na direção do velho chalé, às portas do qual, surge um embrulho vermelho.

Enrolada numa grande capa vermelha; uma criança é cuidadosamente colocada no capacho da casa, mas de repente começa a ficar invisível, quando surge uma mulher que a envolve com um estranho tecido que imita o ambiente fazendo com que o bebê desapareça.

É a mulher, outrora com a capa, que ainda chorando enrola sua filha com todo carinho quando escuta os uivos dos lobisomens que se aproximam.

- Me perdoe, meu anjinho! - A mulher diz acariciando o rostinho da criança.

- Me perdoe! - ela grita se afastando da bebê, e pegando um pequeno bastão metálico de sua cintura, começa a correr na direção da floresta, enquanto este se transforma num machado enorme.

Assim que ela adentra a floresta sombria e ouve os rosnados e latidos dos lobisomens que saltando por cima dos muros e do telhado chegam à frente do chalé.

Os monstros ainda farejam o ar, mas por alguma razão, não conseguem ouvir o choro do bebê.

Um deles já se aproxima de onde a capa invisível cobre a criança, quando vendo a tudo de longe, a mãe guerreira toma coragem para voltar com seu machado em punho.

[ UDG ] A GAROTA DA CAPA. O CONTO REPAGINADOOnde histórias criam vida. Descubra agora