O Destino do Amor - LIVRO 3 (Romance Gay)- CONCLUÍDO

Capítulo 29 - Judy

Encostado na parede e tonto, eu não tenho palavras. Minha boca está seca. O Lucas estava apoiado na mesa. Seu olhar vidrado no prato quebrado. Olhei ao redor, silêncio total. Todos olhavam ora para mim, ora para o Lucas.

Um misto de sentimentos me atingiu. Alegria, tristeza, angústia, ódio. Tanto tempo, tanto tempo eu procurei ele, e ele sempre foi o amigo de Lee. Quase 3 anos, 3 anos em que não O vejo. Está mudado. Mais magro, com o cabelo maior. Virou um homem bonito.

- O que tá acontecendo aqui? - pergunta Cameron - Judy...eu peço que não fale para ninguém que eu...

- Não precisa se preocupar - falo seco - não vou falar nada...

- Então...vocês já se conheciam? - pergunta ele.

Eu e o Lucas nos olhamos. Lee se aproxima mais.

- O que foi? - pergunta ele - o que aconteceu?

Fecho os olhos, uma lágrima escorre.

- Ah não. É ele - a voz de Lee sai pesada - ele foi o garoto...

- Eu e Judy somos irmãos...é só isso - fala o Lucas irritado.

Olho para ele me perguntando se é só isso mesmo. A garota que trabalha no restaurante tosse.

- Gente...acho que já tô indo - ela fala.

- Não precisa Miche...somos adultos não é? Vamos jantar como adultos - fala o Lucas.

- Não precisa disso - eu falo - eu tô indo, Lee...depois a gente conversa.

- Não Judy - fala o Lucas - fique...realmente precisamos conversar depois.

Me aproximo do Lee. Limpo os olhos. O jantar corre silencioso. A garota, Michelle se não me engano, olha de mim para o Lucas. Com o fim do jantar não sabemos o que fazer.

- Lucas - eu falo - tenho algo para te contar...é um assunto sério.

- Vamos para o terraço - ele fala friamente.

- Lucas? - Cameron se aproxima e quero furar seus olhos - tudo bem mesmo?

- Claro...depois te conto e explico tudo.

Saímos da casa e subimos uma escada de metal estreita. Lá em cima tem um pequeno terraço com duas cadeiras. Ele se senta e aponta para a outra cadeira.

- Porquê você veio para cá?

- Porquê você veio para cá? - eu retruco.

- Você sabe o motivo...para esquecer e me afastar de você e dele...daquele...

- Faz tanto tempo - falo lembrando - a última vez foi na festa de formatura...eu ainda corri para o aeroporto para te falar a verdade.

- Verdade? Que verdade? A única verdade que eu conheço e que não podíamos ficar juntos. Somos irmãos.

- Não somos irmãos, nem meio-irmãos, nem temos o mesmo sangue - minha voz sai afetada pelo choro.

- Como assim? Que história é essa? Você...

- Deixa eu falar - peço - por favor.

Ele se cala.

- Victor Lessons não é seu pai. Nunca foi. Não de sangue. Quando ele casou com a Elenor, sua mãe, ela já tava grávida. Não somos irmãos Lucas.

Ele olha para frente. Seus olhos brilham.

- Ele me contou, pouco depois de você ir embora. Eu queria ter te avisado...tudo poderia ser tão diferente...

- Porque você veio para cá? - ele pergunta de novo.

- Passei na NYU...e também vi uma oportunidade de te encontrar.

- E achou que depois desses anos ficaríamos juntos e felizes para sempre?

Sim, foi isso que pensei lá no fundo.

- Não - minto - por que você tá sendo um babaca? Respondendo com grosseria?

- Judy que fique claro - lágrimas escorrem de seus olhos - faz muito tempo que não nos vemos e fico feliz de te ver bem - ele olha para mim - mas tenho uma nova vida...com um outro alguém, e vejo que você fez o mesmo. Nosso destino não é estar juntos...olha o tanto de coisa que nos atrapalhou, mas agora, agora estamos bem.

Aquelas palavras doem, como uma facada, mas me seguro para não chorar.

- Claro - falo com voz embargada - seguimos nossos rumos...eu só vim...precisava te encontrar para que você não acreditasse em uma mentira.

Ele segura minha mão e a aperta.

- É a vida.

Nos levantamos e eu peço um abraço. Quando toco o corpo dele me lembro da boate. Ele era quem tava com o Cameron, ele foi o garoto que beijei. Eu beijei o Lucas.

- Sentiu ou lembrou de algo - eu sussurro.

- O garoto da boate era você...- ele me afasta.

- Eu não sabia - falo.

- Temos que entrar - ele murmura - e você...

- Tenho que ir...

Ele assente.

Desço a escada lentamente, ele me segue. Entro na casa me despeço de todo mundo. Lee me segue quando saio.

- Quer conversar?

- Não...

- Fica...ou melhor, deixa eu ir com você.

- Não Lee, eu já disse não! Só quero paz, quero ficar só. Volta pra lá, para seus amigos.

- Mas você...

Saio antes que ele termine de falar, entro no carro e sigo em direção ao hotel. As lágrimas rolam soltas e soluço. Olho para a frente e acelero o máximo que posso. É o certo a fazer, penso.