22 💚 Também posso sentir

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Adrian estava angustiado, já faziam dois dias que Alana evitava falar com ele

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Adrian estava angustiado, já faziam dois dias que Alana evitava falar com ele. Quando foi até sua casa, a mãe da garota não permitiu que entrasse, mesmo que insistisse. Além disso, já era o segundo dia de aula que ela faltava. Tinha um pressentimento ruim, algo de muito grave devia estar acontecendo para ela não o procurar, ligar e evitá-lo daquela maneira e ele iria descobrir.

Quando a aula acabou, não pensou duas vezes e foi até a casa da namorada, mas dessa vez não iria sozinho. Mandou uma mensagem para Júlia e pediu para que a garota o esperasse na esquina da rua onde Alana morava. Para sua surpresa, a garota tinha sido pontual, pois chegou no mesmo instante em que os dois marcaram.

— Onde aprendeu a ser tão pontual?
— Não sei. — Riu. — Com minha mãe que não foi. Vamos?

Os dois caminharam até a casa de Alana e tocaram a campainha, mas só foram atendidos no terceiro toque.

— Oi, boa tarde. Alana está? — disse Adrian, com uma expressão aflita.
— Sinto muito, mas ela não se sente bem.
— Senhora, precisamos falar algo urgente com ela — disse Júlia, aproximando-se.

A mulher analisou os dois de cima a baixo.
— Não posso deixar que entrem.
— Como ela tá? — perguntou Adrian. A mãe da garota não respondeu sua pergunta, e isso só o deixou mais nervoso.
— Olha lá o que aquele cachorro está fazendo no seu jardim! — falou a garota, tentando destraí-la.
— Isso não vai funcionar, mocinha. Por favor, deixem minha filha em paz, ela não está bem e precisa descansar.
— Ah, não precisa não! — disse Júlia, praticamente empurrando a mulher à sua frente porta adentro. — Com licença, senhora — completou, puxando Adrian junto.

— Ei, garota, saia da minha casa agora, sua maluca! — gritava, enquanto seguia os dois escada acima.

Com os saltos altos de pirua que usava, não podia correr muito rápido. Quando Júlia e Adrian entraram no corredor do quarto da garota, pararam. O garoto deu duas batidas na porta, que não foram atendidas. Adrian insistiu e continuou batendo, sem resposta.

— Alana? Por favor, eu só quero te ajudar — dizia ele.

Júlia olhou e encorajou o amigo.

— Não adianta, ela não vai abrir! — dizia a mãe da garota.
— Não deixe de bater, Adrian — encorajou Júlia, recebendo um olhar negativo da mulher ao seu lado.

Depois de muito insistir, a garota abriu.

A imagem que Adrian viu, partiu seu coração. Sentiu que não aguentaria, já bastava ver sua mãe em um estado tão caótico como aquele. A garota tinha os cabelos que estavam sempre bem arrumados desgrenhados e irreconhecíveis. Os olhos inchados pelo choro, com orelhas profundas. A aparência magra da garota estava ainda mais visível pelas roupas que usava, revelando os ossos visíveis demais em seus ombros. Aqueles olhos pediam por ajuda, mas não sabiam como pedir. Adrian apenas desabou a chorar e a abraçou. Júlia deu um passo a frente e colocou a mão sobre o ombro do amigo, tentando apoiá-lo.

— Eu não passei, Adrian! Eu não passei! — dizia Alana, aos prantos.
— Tá tudo bem, Alana, você continua sendo maravilhosa para mim. Vai ficar tudo bem!
— Não, não vai! — gritou a garota, hesterica. — Era minha única oportunidade, agora acabou!
— Alana, não diz isso, pelo amor de Deus, você é linda…
— De que ainda ser linda? — gritava, a voz chegava a falhar e seus olhos ainda se debulhavam em lágrimas. — Me diz? Do que ainda ser bonita se não consigo ser a melhor?
— Filha, calma, por favor! — Se pronunciou pela primeira vez a sua mãe, que também chorava naquele momento.
— É culpa sua mãe! Culpa sua que sempre quis ter a filha perfeita, que sempre cobrou isso de mim! Mas vejam só, eu não sou! — dizia, com ódio estampado em seu rosto. — Eu nunca vou ser perfeita!

— Tem razão Alana, você nunca será! — concordou Júlia, encarando a garota e fazendo todos os olhares  se virarem para ela. — Ninguém é perfeito, nem nunca vai ser. É idiotice pensar que possa existir alguém que possa ser. E olha, isso não vai mudar porque está chorando e se acabando trancada nesse quarto.
— Não é tão fácil assim — falou Alana, encarando a garota fora dos padrões que parecia ser tão segura de  si. — Acha fácil perceber que você não é tudo o que pensava?

Júlia parou para refletir e olhou para Adrian, que estava boquiaberto com o que ela tinha acabado de falar.
— Não, com certeza, não. Eu sou prova viva disso. — Suspirou. — Sempre pensei ser uma bailarina com potencial, cheguei até a pensar que era ótima no que fazia. Eu achava que era boa mesmo vendo outras garotas subirem tão alto a perna ou dando giros incríveis enquanto eu sempre tive dificuldade. Continuei acreditando mesmo que a cada ano que tenha uma apresentação de balé, as pessoas só me esolham para papéis onde preciso estar lá atrás para não me verem. Eu ainda acredito que sou boa mesmo depois de dar o meu melhor e perceber que é totalmente insuficiente, que talvez o meu melhor nunca me leve a realizar os meus sonhos. — As lágrimas já caiam de seus olhos e ela se permitiu chorar. Sim, ela precisava daquilo. Precisava descarregar tudo o que sentia. E faria isso de uma boa forma. Para alguém aprender alguma coisa útil.

Alana olhava para ela e chorava, emocionada. Não sabia exatamente o que sentir, mas seu coração se encheu a cada palavra que ela falava. A cada resquício de força presentes naquela garota a sua frente.
— Você dá o seu melhor e descobre que nunca será o melhor para os outros. — Continuou. — Do que adianta? Bom, você precisa entender que se você deu o seu melhor fez a coisa certa. O que podia fazer pelo que você mais ama, mesmo que não obtenha sucesso. — Concluiu, limpando as lágrimas dos olhos.

Adrian sorria. O sorriso que preenchia seus rosto era tão espontâneo, que ele chorava e ria ao mesmo tempo. Até mesmo a mãe da garota estava emocionada. Júlia se aproximou de Alana e a abraçou.

— Mas quero que saiba que não importa, Alana. Não importa o quanto sejamos diferentes, nem que seus sonhos sejam diferentes, eu sei como se sente. Você pode até chorar, mas se maltratar e desistir não vão mudar sua realidade. Eu sei porque também nunca funcionou comigo.

A garota apertou Júlia com força e chorou em seu ombro, como nunca fez com alguém antes. Naquele momento, palavras não poderiam descrever a empatia que ambas sentiam.

— Obrigada — disse Alana, por fim.

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Esperavam por esse tiro?
Até eu tô no chão! Demorei, mas o capítulo chegou! Espero que tenha gostado ❤️

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Até o próximo, galera!❤️

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