CAPÍTULO 7 - AMIGA, SERÁ QUE ELE É GAY?

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Quando acordo, há duas coisas acontecendo: o despertador gritar impiedosamente na minha cabeça me fazendo ter uma vontade insana de jogar o celular na parede. Mas lembro de mais duas coisas: sou pobre e ainda não aprendi a me comunicar por sinal de fumaça.

Por isso pego o aparelho e calmamente desligo o alarme barulhento.

Na tela, vejo um alerta de mensagem do Kakao.

"Unnie, tem bilhete para você.", diz a mensagem da Yang Mi, a moça do caixa.

Como eu aprendi seu nome? Ela bancou a bonitona aqui e me entregou um papelzinho na última vez que passei no café - sem ter tido êxito na missão de ver o gatinho.

"Ele poderia pelo menos me entregar pessoalmente", respondo contrariando o sorriso que teima em brincar nos meus lábios.

"Tenho um palpite de que ele estava de férias ou algo parecido e acho que voltou a trabalhar, por isso não tá vindo aqui naquele horário. Falando nisso, vou trabalhar. Tchau."

Ela é uma pessoa bem peculiar que, segundo suas próprias palavras, tem uma queda por histórias de amor, além de ser um pouco bisbilhoteira e meio mal humorada, mas isso não influencia em nada então vamos deixar pra lá.

Fato é que foi por isso que viu tudo desde o começo e resolveu dar uma de cupido. Agora, ela me manda mensagens avisando sempre que ele está lá, e suspeito que para ele também.

É estranho que até ela mencionar, eu não tinha pensado nele como alguém que trabalha, só como o moço lindo com um lindo eyesmile. Até quando eu precisaria chamá-lo assim? Talvez esteja na hora de perguntar seu nome. Ou será que banco a difícil e deixo ele me perguntar primeiro, o que pelas minhas contas, dada a velocidade com que a coisa flui, vai acontecer na altura dos meus oitenta anos.

Na idade que eu imagino que esteja, ele bem provavelmente tem um emprego e mais, sendo coreano, com certeza cumpre uma jornada super extensa de trabalho, algo que é assustadoramente comum aqui.

Exceto quando natural do emprego exercido, poucas vezes encontrei pessoas no Brasil que, em sua jornada normal, gente com empregos comuns, trabalhassem até meia-noite, algo relativamente corriqueiro por aqui.

Tomando isso por base, e pensando na minha própria agenda de estudos e aulas, concluo que talvez seja pouco provável que eu o veja de novo e bufo frustrada olhando o nada lindo teto branco do meu quarto.

Reviro na cama e acabo dando de cara com meu armário semi vazio, ele me lembra de que preciso levantar da cama e ir na rua comprar roupas, ou daqui a pouco vão me perguntar se meu só tenho jeans e camisetas, o que é bem verdade, foi basicamente o que trouxe do Brasil. Mas não tem coisa pior do que fazer compras sozinhas.

Tomo meu banho e estou o vasculhando em busca de qualquer coisa para vestir quando o telefone começa a gritar. Sorrio ao olhar a tela.

— Porquinha. — Falo primeiro.

— Não, não, não, não. Já me basta Arthur, não me venha você também com esse apelido horroroso. — Nana tenta soar brava, só tenta mesmo.

— Aaaah, o Arthur. — Eu a provoco suspirando apaixonadamente.

— Você vai me fazer desligar sem ter conversado com você, né? É isso mesmo, brasil? — Agora ela começa a parecer real. Ciúme de irmã, e disso eu entendo bem.

— Para, Nana. Você sabe que seu irmão é um sem vergonha, e no mais, eu nunca tive nada com ele. — Sorrio olhando minha nada diversidade de roupas.

— Não foi por falta de tentativa. Dele. — Ela ri e eu também... De nervoso. — De qualquer forma, ele não te daria muita bola.

— Nossa, essa doeu.

Só Queria Que Você Soubesse (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now