Renovação

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Acordei em uma manhã quente de Dezembro.
Deitado na minha cama, senti dores no meu corpo.
Noite passada, eu havia tido pesadelos horríveis.
Suspirei; faltava-me ar.
Minha garganta estava seca; eu precisava de um copo com água e urgente!
No caminho para a cozinha, deparei com aquela rua vazia.
Ainda era cedo: todos dormiam, mas eu precisei acordar. Tinha algo em mim estranho, diferente. Eu tinha vontade de viver, algo que eu não sentia há anos.
Bebi aquele copo com água como se eu nunca tivesse sede ou como se eu estivesse com sede há tempos ou como se eu nunca tivesse bebido uma água tão saborosa como aquela.
Minha boca estava meio salgada, barrenta. Eu não conseguia entender aquele pós-caos que eu vivi. Eu estava suado, sentindo-me sujo. Estaria eu lutando pela vida em uma morte súbita? Estaria eu lutando claustrofobicamente por algo que eu não sei dizer?

Sentia que eu precisava mesmo era tomar um banho, um banho quente.
Percorro até o banheiro.
Adentro.
Tiro a roupa, ligo o chuveiro.
Sem pressa, sinto a água percorrer todo o meu corpo.
Era como se eu nunca mais tivesse banhado. Aquela água quente adentrava em minha alma e me libertava.
Sentia-me despido, renovado.
Lavado.
De alma limpa.
Como nunca me senti.

*

Terminado o banho, olho-me no espelho.
Vejo-me diferente.
Quem sou eu?

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