Labirinto

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Estou procurando uma saída. Estou procurando um caminho. Estou procurando um jeito de voltar para a vida, de voltar para a alegria. Um jeito de me trazer de volta, quem eu costumava ser. Não consigo.
Não consigo estar de volta. Parece que todo o caminho que percorri foi apagado, esquecido, perdido. Agora só vejo caminhos desconhecidos...
Tantos caminhos... Não sei qual seguirei.
Fui deixado aqui, sozinho, aos prantos, no meio de um caminho... Um caminho que não reconheço, um caminho que era nosso, mas só eu construí. Mas não o construí para mim, nem para nós: foi para você.
Adiei-me todas as vezes.
Adiei-me até você ir embora e eu quebrar.
E, sem perceber, quebrei-me por inteiro. Fui quebrando aos poucos, demorei para perceber o quanto quebrado eu estava. Mas foi tudo por amor.
Tudo foi por amor. Eu sei.
Mas nada foi recíproco. Eu sei.
A culpa foi minha. Eu sei.
Eu que escolhi. Eu sei.
Eu acreditei em algo que nunca foi, que nunca quis ser.
Porque eu escolhi.
Porque eu quis.
Culpado foi eu.
Eu devia ter acordado antes... Hoje é tarde demais. Tão tarde... Muitos caminhos...
Não sei qual seguirei.
O da direita, o da esquerda? Não vejo o buraco do seu peito esquerdo. Um coração que nunca foi meu, e sim de um alguém que nunca vi e nem quero ver.
Eu te amei tanto e no fim fui obrigado a te odiar, mas não te odiei, nem te odiarei.
Por quê?
O porquê?
Por que tenho que odiar a mim.
Tive caminhos tão claros, tão felizes e fáceis, e não escolhi.
Não escolhi.
Por quê? Porque escolhi você.
Eu escolhi você, mas nunca que você me escolheria.
Aliás, quem me escolheria?
Quem?
Talvez eu. Sim, eu me escolheria.
Eu me escolheria. Antes. Hoje estou com ódio de mim mesmo, mas ainda me amo, pois se eu não me amasse, quem me amaria? Nem eu sei responder.
Acho que, mesmo por todas as minhas incorretas escolhas, eu ainda me amo. Porque se eu não me amasse, eu não estaria disposto a lutar pela minha vida.
E se eu não me amasse, eu não estaria ainda à procura de alguém em mim que eu nunca conheci.
Procuro-me no vazio do meu ser, insistentemente.
Sim, ainda tenho esperanças, mesmo eu sendo um idiota.
Mas continuo preso aqui. Isso não me faz livre desse imenso labirinto de possibilidades que nunca vi.
Por enquanto, permaneço preso aqui, neste lugar que nunca escolhi.
Porque eu havia escolhido você.
Mas você não me escolheu.
E eu?
Eu tive que aceitar essa imposição.
E, por ser imposto a isso, vivo isso.
Vivo o que tem que ser vivido, até encontrar a famosa luz.

MetamorphoseWhere stories live. Discover now