Seis - Camila

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Camila Velay

Só tive um namorado em toda minha vida e ele também foi o meu primeiro amor. Victor e eu se conhecemos logo no início do último ano, as vezes ainda me pego perdida nos pensamentos ao se lembrar dele, quando escuto música com uma letra que nos descreve por exemplo, é como se eu atravessasse um portal toda vez e entrasse na sua dimensão. Claro que minha tia não faz ideia disso. Entretanto minha relação com Valentina piorou desde da chegada dele na escola, e eu devia saber que ela não esqueceria isso tão cedo e me convidaria pra sua festa.

Fui inocente.

Uma semana havia se passado desde então, Valentina não hesitou em trocar olhares furiosos comigo a todo instante. Chegou até me confrontar me acusando de estar olhando diversas vezes para o aluno novo. Contudo não poderia culpá-la, pois em algumas horas eu realmente não consegui tirar meus olhos dele.

Aquele olhar frio e enigmático, não saí da minha cabeça.

Ally não parou um segundo de falar dos acontecimentos da festa. Quando contei sobre o que aconteceu comigo e Mason Cooger, ela ficou completamente sem respostas para tal ato. Para piorar eu e ela pegamos ele me olhando descaradamente no corredor no outro dia. Seu olhar continuava o mesmo intrigante e frio não passava nenhuma emoção. Mas algo havia mudado, eu tinha certeza que ele estava me avaliando naquele corredor e eu me sentia como se estivesse nua com uma plateia assistindo.

— Bom dia, alunos — o Sr. Bown professor de química cumprimenta a todos presente entrando na sala.

Me ajeito na banqueta.

— Hoje passarei um trabalho gigantesco para vocês fazerem — ele explica irônico, trazendo suspiros dos alunos.

Sou a única que suspiro aliviada, amo trabalho, ainda mais grande, porque assim ia à casa de Ally. E seus pais sempre me tratam como se fosse a pessoa mais próxima do mundo.

Ally olha no automático para mim e pisca animada.

Sorrio de volta.

— Sei que todos vocês já estão acostumado com a sua dupla desde o início do ano letivo, mas quero fazer algo diferente... Eu vou sortear novas duplas — alerta e todos fazem um murmuro triste, inclusive eu.

Meu único pedido para divindade é não cair com Valentina, Mason ou Jack se isso acontecer vou estar perdida. Como eu e Ally nos sentamos na bancada da frente somos a primeira a pegar o papel de dentro de um pote transparente que contém os nomes de cada aluno da turma.

— Ah, é... Jack Jones  — Ally murmura nervosa.

Eu e ela trocamos breves olhares antes dela se levantar. Já não basta eles terem namorado o ano passado, quando ela fazia parte do grupo da Valentina. E nem da festa da semana passada, que ele deu em cima dela descaradamente e disse ainda que sentia saudades. Agora isso, não tem como piorar.

O professor para do meu lado com o pote. Enfio minha mão morrendo de ansiedade, tento pegar um dos últimos para que dê sorte.

— Err... — abro o papel e leio no imediato o nome em voz alta — Mason Cooger.

Para a minha infelicidade é com o garoto que eu menos esperava cair.

Eu estava errada, realmente tem como piorar.

Evito olhar para o aluno novo quando ele se senta na banqueta ao meu lado, não quero ser pega no flagra e muito menos saber a expressão da sua face. Da pra sentir a irá da Valentina de longe. Provavelmente ela me rebaixaria depois na frente de todo mundo, como de costume. Jogo meu cabelo para frente deixando uma cortina entre nós.

— Quero que me entreguem segunda-feira — o professor retoma o assunto depois de revelar todas as duplas, escrevendo algo no quadro que eu nem tenho vontade de prestar atenção.

Mason tem a letra muito bonita, por isso deixo que ele fique com a parte da escrita. O trabalho de química com seus elementos e suas substâncias não é muito extenso e nem complicado, achei fácil demais as atividades, mas Mason olhou como se fosse um bicho de sete cabeças. Enquanto ele mistura os ácidos, observo-o com os olhos vidrados.

O ar esta pesado, não sei como me comportar ao seu lado, por um momento esqueço até como se respira e a única coisa que preenche o ambiente é a conversa da classe ao nosso redor. Somos os únicos da sala que faz o trabalho em silêncio e isso me incômoda. A jeito meu óculos de proteção pela terceira vez e meus olhos vão novamente para o garoto ao meu lado como imã.

— Agradeceria se você parasse de me encarar — ele reclama, sem me olhar concentrado no trabalho.

Sinto minhas bochechas queimar, abaixo minha cabeça constrangida.

— Você era de onde? — tento puxar assunto depois de um tempo, não aguentando o silêncio horrível entre nós.

— Serafins City — ele responde enquanto escreve, sem me encarar. Sua voz sai metálica e rápida.

— E por que mudou? — sem querer deixo transparecer a minha curiosidade.

— Minha mãe quis — ele larga a caneta e me encara — Você é sempre curiosa assim?

Ele esta debochando de mim, e seus olhos dourados ainda não passa nenhuma emoção. Nenhum sentimento.

Nada.

Quando ia abrir minha boca para responder, seu celular em cima da mesa começa a vibrar atrapalhando nosso diálogo. Claro que eu não perderia de ouvir a conversa, tento o máximo possível inclinar minha cabeça ao seu lado, enquanto ele atende a ligação.

— Sim... calma... ok, agora fique calma.... já entendi, não se preocupa... tô fazendo um trabalho com uma colega, mãe... ok...

Ele desliga o celular de forma rude, jogando o aparelho contra a mesa e volta a fazer o trabalho como se nada tivesse acontecido segundos atrás.

— Era sua mãe? — pergunto já sabendo a resposta.

— Hmm — ele murmura, confirmando o nível que imaginei do seu interesse em conversar comigo.

Embora sua resposta tenha feito me calar por alguns minutos. Volto a encará-lo novamente minutos mais tarda e dessa vez Mason está parado segurando a caneta na mão e encara um ponto fixo na bancada, ele parece longe da realidade.

— Mason? — estalo meus dedos na frente do seu rosto.

Ele pisca e me encara.

— O que foi? — pergunto curiosa.

— Nada — ele volta a olhar para a folha me ignorado — só encontrei a minha salvação — ele sussurra como se fosse para si mesmo, mas eu consigo escutar cada palavra.

— Nada — ele volta a olhar para a folha me ignorado — só encontrei a minha salvação — ele sussurra como se fosse para si mesmo, mas eu consigo escutar cada palavra

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Meu Destino #1Where stories live. Discover now