Quatro - Camila

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Camila Velay

Após o colégio e uma longa e tediosa tarde servindo mesas e encarando várias pessoas diferentes, chego em casa. Minhas pernas doem por ter ficado um bom tempo em pé, meus olhos pesam e eu não vejo a hora de deitar em algum lugar confortável, me jogo no sofá e fico olhando para o teto. Minha tia não está em casa graças a Deus. Odiaria retomar o assunto sobre relacionamento amoroso e aparência.

Será que eu deveria ir a festa?

Mesmo meu coração palpitando toda vez que eu penso na proposta, um lado meu, na verdade uma grande parte minha quer ir e eu sinto que vou me arrepender se não for. Que raiva, porque Valentina tinha que ter me convidado? Agora estou completamente perdida.

Aquilo pareceu tão estranho, ela me encarou de uma forma bizarra. E se ela esta preparando algo para mim passar vergonha? Estou acostumada com suas brincadeiras, no entanto nada chegou tão longe. Ela nunca me convidaria para uma de suas festas.

Minha mente revira em busca da verdade no meio de tantas perguntas sem respostas e eu só consigo pensar na possibilidade dela ter finalmente me aceitado ou pior querer que eu entre para seu grupo. Uma coisa me diz pra ir, que eu posso me divertir com eles e descobrir novas sensações. Outra me diz para não ir, porque não acabaria bem e eu sairia machucada.

Ainda bem que havia conseguido convencer o professor James a me dar a nota parcial do trabalho, mesmo que eu tenha entregado atrasado. Do contrário estaria no meio do caos.

Levanto e subo para meu quarto rápido. Faço as lições que o professor de literatura deixou de dever, quando termino olho no relógio do meu celular e já esta quase na hora da festa. Talvez Ally estivesse certa, deveria ir e deixar o medo de lado. Mas o que fazer quando ele quase te derruba?

Quando volto a realidade percebo que estou tendo meu típico tíquete nervoso com a caneta: tirar a tampa e por de volta a cada segundo. Jogo ela de volta dentro no estojo e me levanto.

Mando mensagem de texto pra Ally avisando o que decidi. Abro meu armário e procuro por uma roupa boa. Pego uma calça jeans larguinha que comprei a pouco tempo e uma regata branca. Por ainda estar ventando lá fora, visto um moletom cinza-escuro e coloco um rogo de malha verde na cabeça. Por fim calço meu tênis.

Escovo meus dentes enquanto olho para as maquiagens da minha tia na pia do banheiro. Quem sabe se eu passasse as coisas seriam diferentes? Chacoalho a cabeça negativamente, não tenho motivos para me arrumar, as coisas não vão mudar só porque joguei algo no rosto.

Escuto uma buzina me fazendo sair do transe.

— Sabia que você não ia perder — Ally murmura com um sorriso, quando eu entro no carro.

Meus olhos vão na roupa incrível que ela esta usando, um vestido tomara que caia azul-marinho com pedrarias e um corte v. Apesar da falta de iluminação no carro da para notar que a valoriza muito.

— Uau. Você tá incrível! — elogio maravilhada.

— Você tá sem maquiagem — reclama fechando a cara.

Do risada.

Escuto o som da festa de longe. Não sei como os vizinhos não denunciaram para polícia ainda. Sinto um arrepio passar meu pelo meu corpo, não estou acreditando que tomei coragem de vir. Tem adolescentes em todos os lugares, a maioria é da minha escola, ando pela multidão ao lado de Ally sem rumo. Paramos de andar quando entramos na cozinha e ela enche um copo vermelho com uma bebida transparente.

— Toma — Ally me entrega e pega outro copo para encher.

Odeio bebida alcoólica e ela sabe disso, mas hoje eu estou até cogitando a ideia de tomar um pouco.

Meu Destino #1Where stories live. Discover now