You without me

I wanna feel you

Depois de convencer sua mãe a deixá-lo morar em outra cidade, Naruto se dedicou a estudar. Vergonhosamente, sempre fora muito preguiçoso nesse quesito. Para uma pessoa agitada como ele, ficar sentado decorando fórmulas que nunca usaria na vida era um pesadelo. Costumava brigar por isso com Sasuke, que sempre reclamava, quando se preparavam para alguma prova, de que ele não conseguia parar quieto um minuto sequer (precisa se concentrar, usuratonkashi, ou vai levar bomba nessa matéria). Era engraçado como sempre acabava colando para não ficar de recuperação.

Mesmo não indo tão bem na escola (Sasuke sempre fora o mais inteligente dos dois), Naruto sabia que era capaz de entrar na universidade de Kyoto; costumava tirar notas altas quando realmente estudava.

Daquela vez não foi diferente: ficou sabendo que conseguira uma semana antes do fim do ano letivo. Não ficou feliz, por mais que Direito fosse um curso muito concorrido. Ver o resultado fez com que sentisse um misto de orgulho e profunda tristeza. Ainda não conseguia acreditar que estava mesmo indo para a faculdade sem Sasuke ao seu lado. Ainda era difícil engolir que deveria viver quando tudo perdera o sentido depois que ele se fora.

Seus dois futuros colidiam enquanto encarava sua nota. Aquele que planejara com Sasuke, que envolvia alugar um apartamento no centro só para os dois e ver seus pais o tempo inteiro, e o futuro em Kyoto, morando com Sakura, longe de Kushina e Minato. Se pudesse escolher...

Escreveu cinco cartas só sobre isso.

Sua mãe ficou muito orgulhosa. O sorriso não abandonava seus lábios, o rosto estava radiante. Kushina contava para todos o quanto seu menino era inteligente, até mesmo para desconhecidos que passavam pela rua. Seu pai estufava o peito, sorrindo (você será um excelente advogado, filho).

E mesmo com toda aquela felicidade e todos aqueles sorrisos, Naruto percebia o ar melancólico dos dois. Não conversavam sobre isso, porém; Sasuke passou a ser um assunto delicado. Não tocavam em seu nome desde que Naruto explodira falando o quanto o amava e ainda sofria.

Assim que as provas finais acabaram, a sala de aula inteira só falava sobre o dia da formatura. As meninas escolhiam o vestido para o baile e pensavam na melhor forma de levar cerveja pelos fundos; os meninos se encarregaram de levar os destilados e só falavam sobre beber muito e transar mais ainda. Naruto se limitava a ficar em silêncio, sorrindo ocasionalmente com uma piadinha ou outra. Temia abrir a boca e estragar a animação dos outros com seus soluços.

As folhas do calendário foram arrancadas mais depressa do que ele esperava. Estava sufocando com a proximidade da formatura. Era um absurdo se formar sozinho. Não seria uma experiência nada agradável; mal conseguia digerir a ideia de estar no meio daquela gente toda sem ter quem realmente queria ao seu lado. Chegou a cogitar fugir da solenidade, que aconteceria no ginásio da sua escola. Em contrapartida havia Kushina, que sempre sonhara em ver o filho de beca e capelo, pegando seu diploma. Aceitou comparecer apenas por ela.

Numa tarde, depois do almoço, Kiba o buscou com a promessa de que daria um descanso a Kushina ao mantê-lo longe de casa o dia inteiro. Naruto fez piada e saiu rindo alto, mesmo que só quisesse dormir. Mas sua risada não enganou nem mesmo Kiba; vinha sendo difícil manter a máscara de felicidade nos últimos tempos.

Foram à mesma loja do centro onde metade dos meninos da turma também compraram seus paletós e começaram a procurar algo que lhes servisse. Kiba o viu meio cabisbaixo, encarando algumas calças escuras, e pegou um conjunto verde-limão.

— Hey, Naruto!

Ele deu um pulo assustado e se virou rápido.

— Achei o meu.