You without me

I am still here

À noite, depois de conversar com Deidara, Naruto pegou a camiseta de Sasuke e se deitou na cama.

— Eu sinto tanta saudade...

Puxou o pano até tê-lo contra o nariz. O cheiro de Sasuke já sumira há muito tempo, mas isso não importava.

— Eu conversei com a Deidara, ela veio aqui hoje. Ela disse que eu tenho que seguir em frente e eu juro que tô tentando, Sasuke, mas...

Um soluço. Fechou os olhos com força.

— Por que você fez isso? Eu tava aqui ainda, por quê...? Eu te amo tanto! E eu te procuro na escola e te procuro no whats e fico vendo nossas fotos e você não tá mais aqui. Isso é tão fodidamente injusto, seu filho da puta. Sabia que cê é egoísta pra caralho, Sasuke? Você é o puto mais egoísta que existe nesse mundo de merda, seu bosta. Escroto! Não é justo você ir embora e me deixar aqui, não é nada justo!

Ficou quieto por um tempo, sentindo dor demais, os soluços impedindo as palavras de virem.

— E já se passaram cinco meses e todo mundo fala que com o tempo fica mais fácil, mas não tá mais fácil caralho nenhum! Eu te quero aqui comigo, sabia? Eu te quero tanto que fica até difícil de respirar! Eu te quero quando acordo e te quero quando saio de casa e te quero o tempo todo e eu quero parar de te querer, porque assim não dá!

Abraçava a camiseta com tanta força que era como se o próprio Sasuke estivesse ali. Tentava se lembrar do toque dele e do som da sua voz, mas esses detalhes começavam a se perder e Naruto ficou ainda mais em pânico.

— Todo mundo fica repetindo que eu preciso sair e preciso fazer as coisas e preciso viver, mas não dá! Não dá! Parece que tá tudo cinza e a comida não tem mais gosto e as séries não têm mais graça e nada mais faz sentido.

Sua respiração acalmou um pouco.

— Como você pôde se matar sem saber o fim de GOT? É nosso seriado, a gente assiste junto, como que eu vou ver os próximos? E você nem viu a nova expansão do WOW, nem tá aqui pra zerar Resident Evil comigo e tinha tanta coisa pra gente fazer! Você nem se formou no Ensino Médio, Sasuke, seu merda! Todo mundo manda que eu pense nas coisas que ainda vão vir e a Deidara ficou falando que eu tenho que focar nos estudos e na universidade pra distrair minha cabeça, mas eu só penso que eu ia fazer isso contigo! A gente ia escolher um apê no centro, perto da facul, e ia escolher as coisas da nossa casa e ia ser tão bom! E agora eu tô sozinho e tudo o que eu ia fazer contigo eu preciso fazer sozinho e a verdade é que eu não quero mais fazer nada.

Gostava de pensar que Sasuke estava ouvindo suas palavras e que estava sofrendo também. Era bom que ele sofresse e se arrependesse com todas as forças do que tinha feito, porque imaginar que ele havia parado de existir doía mais do que Naruto conseguia suportar. Kushina ficava repetindo que Sasuke estava sempre com eles, que os observava e protegia lá do céu.

— Eu não te quero no céu, babaca, eu te quero aqui comigo. Eu te quero tanto, Sasuke... Já tem cinco meses e era pra ter passado, mas eu acho que nunca vai passar.

Sentia a cabeça e a garganta doerem por causa das lágrimas.

— Eu vou tentar, sabe? Pela mãe, que chora todo dia por ti no banheiro, pensando que eu não escuto. Pelo pai que precisa ser forte por mim e por ela, porque a gente tá quebrado. Mas foi injusto, Sasuke. Cê não tinha o direito de se matar, cara, não tinha. E é por isso que eu não vou te visitar no cemitério que nem eles vão.

O choro voltou com força.

— Porque eu não consigo ver uma lápide com teu nome. Porque eu ainda tenho a impressão de que tu vai me ligar avisando que tá quase chegando e que é pra eu ir arrumando o videogame. Ainda não parece real, Sasuke. Eu ainda te amo e eu ainda te quero como se fosse ontem. Não é justo que você tenha morrido... A gente era pra morrer junto, bem velhinhos, com quase duzentos anos, lembra? Foi o combinado, seu puto. Foi o que a gente combinou!