Rollin In The Deep

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There's a fire starting in my heart
Reaching a fever pitch
And it's bringing me out the dark

Rolling In The Deep - Adele

Rozanna

Precisei de uma semana pra deixar tudo em ordem, na segunda pela manhã eu já estava acordada às 6 horas e desci pra preparar o café, como tinha se tornado hábito. Minha amiga desceu um pouco depois.

- O que você pretende vestir no seu primeiro dia? - ela perguntou com aparente displicência entre um gole e outro de café.

- Ainda não sei, acho que um tailer. É praticamente a única coisa que tenho. - já me preparo pro semi sermão que vem a seguir.

- Eu não entendo como você consegue isso! Como conseguia vestir só tailer e terninhos? Eu iria surtar em um mês.

- Não era escolha minha qual seria minha vestimenta de trabalho. Fui me acostumando. Não só com isso, aliás.

- Bom, agora será nova vida!! Os terninhos você guarda pra reuniões formais, de resto pode ser vestir como bem entender, só nada decotado, eu sei que vai ser meio difícil, mas a gente se acerta, e nem muito curto. Vamos lá no seu quarto ver o que conseguimos fazer pra hoje.

Eu sei bem do que ela falava. Não sou nenhuma modelo esquelética, tenho curvas e, além disso, seios fartos, então às vezes é meio problemático encontrar uma blusa que não fique decotada em mim. Mas revirando minhas roupas conseguimos chegar a um figurino adequado: uma calça social preta, baby look verde com decote canoa e uma sapatilha. Simples e eficiente. Era hora de ir para o escritório, que ficava num prédio no centro de Tulsa, para conhecer a equipe.

A produtora era especializada em vídeo clipes e eu seria a assistente de criação. Apesar de ter ficado afastada das artes profissionalmente, fazia vários cursos e vez ou outra ajudava na criação de alguns roteiros à distância.

- Então é isso, equipe - Scarlet concluía minha apresentação - agora a Rozanna está entrando oficialmente para nosso time. Até ela se ambientar aqui, o que não deve demorar, nós vamos mostrando tudo pra ela e qualquer dúvida, podem me procurar.

- Obrigada, Scarlet. - eu disse - Como já conheço alguns, será um processo bem rápido, espero que logo estejamos todos integrados.

As duas semanas seguintes foram passando rapidamente, eu entrava e saía de reuniões com os nossos futuros clientes, alguns conhecidos, outros nem tanto, sempre acompanhando o Francis, que era o diretor de criação, a Priscila, a produtora e, às vezes, a própria Scarlet. Levava meu inseparável caderno, onde anotava as ideias e escrevia os roteiros. Logo eu fiquei com a tarefa de escrever todos os roteiros para o Francis, ele viu que a criatividade era meu forte e também a rapidez.

Passado meu tempo de adaptação a Priscila veio me dar uma notícia q fez minha cabeça rodar.

- Ross daqui a pouco tem uma reunião com uma banda e o Francis pediu que você fosse sem ele, já que ele está terminando os preparativos do roteiro do Nickelback.

- Claro, Priscila. Que horas e quem é a banda? - já estava pegando meu caderno pra anotar as informações.

- Daqui 30 minutos, a banda é Hanson, conhece?

Nesse momento eu quase caí da cadeira.

- É sério? - ela balançou a cabeça de forma afirmativa - Claro que conheço! Sou fã faz muito tempo!!

- Que bom, então você conhece as músicas. Tá melhor que eu, que não conheço quase nada!

Caímos na risada. Era bem fácil trabalhar com ela, apesar de termos gostos bem diferentes. Na hora marcada e com o coração a mil fui para a sala de reuniões com a Priscila. Era uma sala pequena, com uma mesa para oito pessoas e enormes janelas que iam do chão ao teto. Tinha uma vista privilegiada da cidade e do céu, que estava completamente azul. Chegando lá nos apresentamos e eles também.

- Eu sei bem quem são vocês, sou fã desde 97. - eu disse, mas logo acrescentei – Não se preocupe, não sou uma dessas fãs loucas que têm por aí. Me chamo Rozanna, mas podem me chamar de Ross, todos por aqui me chamam assim.

- Que bom! É sempre mais fácil trabalhar com quem já conhece nosso trabalho. - Zac disse apertando minha mão.

- Que nome diferente, de onde é? - Taylor perguntou apertando minha mão. Senti um leve choque segurando a mão dele e olhando naqueles olhos azuis – Uau, que lindos olhos!

- Obrigada – falei ligeiramente sem graça – Eu sou brasileira, então a maioria dos americanos têm dificuldade de pronunciar meu nome, por isso do apelido.

Fiquei mais sem graça ainda pois ele ainda estava segurando minha mão. Disfarcei e pedi que eles se sentassem, começamos a reunião como normalmente faço, perguntando sobre o que eles gostariam de fazer no vídeo, se tinham alguma ideia.

- Na verdade nós viemos aqui pois queremos um vídeo no formato que vocês têm feito aqui, contando uma história. - Issac disse.

- Entendi, vocês têm alguma coisa em mente? - eu perguntei já abrindo meu caderno.

Um segundo depois eu olhei para os três e vi o Zac e Isaac com um sorriso de canto de boca, olhando para o irmão e o Taylor ligeiramente sem graça, parecendo procurar as palavras.

- É... Então... É... Nós queremos algo... Hum... Não temos uma ideia definida. Nossa ideia de procurar por vocês foi exatamente pelos trabalhos que foram realizados aqui.

Ele fica lindo sem graça, mas eu precisava me concentrar no trabalho, já que era pra isso que estava ali e não queria encrenca com homem por um bom tempo.

- Ok, entendi. A ideia de vocês é trabalhar dentro do que a música fala ou será algo mais livre?

- Hum, não pensamos sobre isso... Algo livre acho que fica mais interessante... - Taylor disse e vi novamente aquele sorrisinho dos irmãos.

- Claro. Então podemos fazer assim: vocês deixam a música que querem transformar em vídeo, eu crio o roteiro e conversamos amanhã, no fim do dia, pode ser?

- Claro! - eles responderam juntos.

- Ótimo! Esse é meu cartão, se tiverem alguma ideia ou dúvida, podem me mandar mensagem, eu respondo assim que puder. Obrigada por terem vindo, até amanhã.

Eles me passaram a música, eu e a Priscila nos despedimos e saímos. Sem antes ouvir alguns cochichos e risadas abafadas do Zac e do Isaac.

Mais tarde, quase na hora que estava saindo, recebo uma mensagem no celular de um número desconhecido.

DESCONHECIDO:

OI, SÓ PRA DIZER QUE VAI SER UM PRAZER TRABALHAR COM VOCÊ E SE PRECISAR DE QUALQUER COISA, PODE ME LIGAR – TAYLOR.

Eu acho que passei uns cinco minutos olhando pra tela do meu celular. O QUE FOI ISSO? Voltei pra realidade quando o Francis chegou pra verificar como estava meu trabalho.

- Ah, oi, Francis, desculpa, estava distraída. Por enquanto tô ouvindo a música pra escrever o roteiro, você quer dar uma olhada? - eu tentei disfarçar.

- Não precisa, Ross. Acho que você dá conta de fazer esse vídeo sozinha, se você não se importar. Vai ser bom ter com quem dividir o trabalho. Mas se precisar de ajuda, pode me chamar, tá?

- Claro! Eu vou adorar! Mas acho que vamos ter que encontrar outro produtor, a Priscila não vai dar conta de fazer os dois trabalhos ao mesmo tempo.

- Não se preocupe, eu tenho alguns contatos e vou chamar um que me indicaram pra ver se ele é bom, e ele faz a produção pra você, tudo bem?

- Claro! Acho que amanhã já vamos começar a pré-produção.

- Ótimo! Então eu já vou, até amanhã.

Ele saiu e eu me lembrei do celular na minha mão e da mensagem que deveria ser respondida, só não sabia como.

EU:

OBRIGADA, TAYLOR, VOU ADORAR TRABALHAR COM VOCÊS.

Fiz questão de colocar no plural, pra me desvincilhar de quaisquer interpretações erradas. Arrumei minhas coisas e fui pra casa. Já tinha anotado algumas ideias, então seria mais fácil escrever alguma coisa com uma taça de vinho e o estômago forrado.

Choices - ConcluídaWhere stories live. Discover now