capítulo quatro.

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brooke wynter.

Sábado. É sábado e eu fui burra o suficiente para acordar às sete da manhã. Na verdade, eu mal tinha conseguido dormir na noite passada. Justin e seu comportamento estranho rondavam minha mente ansiosa até agora, e eu não fazia a mínima ideia do porquê dele ter agido tão frio. Pra mim, nada entre nós tinha mudado.

O sol já estava bem acordado e forte, então eu logo decidi me organizar para passar o dia na casa dos meus pais. Normalmente é assim, quando eu não tenho muitas coisas da faculdade pra fazer, passo o final de semana com eles e Zac, meu irmão de seis anos de idade. Ele é um baixinho inquieto de cabelos negros e pele bronzeada. Faz cinco dias que ele quebrou o braço esquerdo porque pulou do sofá.

Faço um café regular forte, coloco dentro de uma caneca térmica e dou uma checada nos meus e-mails. Nada da faculdade.

Eu não fiz questão de me produzir, apenas coloquei uma roupa comum, um par de chinelos pretos e amarrei o cabelo em um rabo de cavalo. Depois disso, peguei meu notebook e as chaves de casa e me mandei.

Ok. Quais motivos o Justin teria para me tratar daquele jeito?

Ele tinha arranjado uma nova melhor amiga militar, então? Dois anos é bastante tempo para que ele se esquecesse da nossa amizade e arranjasse outra.

Ouço uma buzina do meu lado enquanto caminho na calçada, e quando vejo quem é faço questão de segurar com mais força a alça da mochila e apressar meus passos.

Cameron d’Andeli. Meu ex namorado obsessivo, louco e abusivo. Nós namoramos alguns meses antes do Justin finalmente se tornar um fuzileiro, e bom, como bom amigo que era, ele pediu que eu permanecesse longe desse canalha. Cameron foi, até hoje, o pior cara que apareceu na minha vida.

— Ei, baby! Quer uma carona? Aonde está indo? - ouço-o gritar lá de dentro.

Ah, esqueci de mencionar que agora ele é um maldito policial. Vez ou outra o encontro fazendo a patrulha do bairro dentro do carro do departamento. Ridículo de merda.

Apesar de termos terminado há bastante tempo, ele insiste em me tratar como se tivéssemos algo ou como se fôssemos voltar. O que nem de longe é verdade. Na época, eu pensei em recorrer a policia para me livrar dele, mas aquele bando de cachorros policiais não me levariam a sério, já que se tratava do magnífico Cameron d’Andeli.

Ou melhor dizendo, o maior pau no cu de New Orleans.

Ele sempre foi um filhinho de papai com bastante influência na cidade.

Eu não sei bem o que ele disse, mas Justin simplesmente sentou com ele em uma mesa de bar, numa sexta à noite, e livrou minha pele. Mais uma vez.

Na real, eu soube que mais tarde eles trocaram uns socos no beco ao lado, mas é óbvio que Justin saiu ganhando.

— Brooke, quer uma carona?!

— Não.

— Pra onde você está indo, ein?

Paro. O carro para também. Volto a andar e ele pisa levemente no acelerador. Vejo um pequeno aglomerado de garotos mais na frente e respiro fundo.

— Não é da sua conta, Cameron. - respondo e saio correndo em direção aos garotos. Eu sequer os conhecia, mas eles eram minha companhia mais segura no momento.

Eles estranham, mas assim que nos reconhecemos da faculdade entramos em alguns assuntos aleatórios confortáveis.

Depois de dois quarteirões eu percebi que o louco havia parado de me seguir, e depois de mais três eu tinha chegado na casa dos meus pais. A casa ao lado - da Pattie - continuava do mesmo modo dos outros dias, calma, sem nenhum sinal de movimentação ou de possível visitas. Vez ou outra eu a via saindo de casa para alguma feira ou pra alguma caminhada no final da tarde. Mamãe disse que depois da partida do Justin ela ficou bastante sozinha, então tinha dias que ela ia fazer uma visita para animá-la. Pattie teve uma recaída durante esses últimos dois anos, desde então vem tomando todos os seus antidepressivos novamente. Eu ainda não sei se Justin tem conhecimento disso.

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