capítulo vinte.

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brooke wynter.

— Abre mais as pernas, Brooke!

Justin grita de longe enquanto tento enganá-lo na aula de jiu-jitsu. Nós já estávamos alongando por quinze minutos - ou melhor, apenas eu - e eu já não aguentava mais.

— Eu não consigo mais que isso, Justin! - choramingo gritando de volta.

Ele vem como um flash para o tatame novamente e cruza os braços me olhando de olhos semicerrados.

— É óbvio que você consegue. Deita aí.

Obedeço e fico de barriga para cima. Justin prontamente dobra minha perna direita, ao passo que ela fica quase em meu peito, e ele logo em seguida usa o peso do seu próprio corpo em cima dela.

— Tá doendo...

— Você é muito manhosa. - ele nega rindo. - Me dá a outra perna agora.

— Eu sou sedentária. - bufo obedecendo.

— Vamos ver se depois dessa ajudinha você consegue ajustar a posição anterior. - ele diz saindo de cima de mim.

A posição a qual ele se referia era uma extremamente esquisita e desconfortável.

— Tá vendo? Não consigo! - bufo insatisfeita. - Vou apelidá-la de "pose-perereca-impossível".

Justin gargalha alto e cai de costas no tatame. Nessa posição as solas dos pés devem tocar uma na outra e a medida que inclino o tronco para frente as pernas esticam mais tocando no chão, tal qual uma perereca.

— Você só precisa alongar mais o interior das coxas, baby. - o loiro diz levantando enquanto me encara sacana. - Eu posso te ajudar lá na minha cama se quiser.

— Então esses são os benefícios de um professor particular? - retribuo no mesmo tom e ele concorda.

— Mas não se engrace muito não. Daqui a algumas semanas August assumirá o cargo de professor particular por um tempo. - setencia.

— Por qual motivo?

— Só ele conseguirá te ensinar alguns movimentos. Ei, ei, porque você está levantando? Nós não acabamos.

— Mas...

— Mas nada, Brooke. Cala a boca e faz a próxima posição.

Reviro os olhos e ele revira também me imitando. Ficamos por mais alguns bons minutos em poses e mais poses de alongamento enquanto lembrava do que Bieber havia me dito há alguns dias sobre seu pai.

Quando mais nova a única coisa que sabíamos sobre ele e sobre sua família era de que eram do Canadá, mas vieram para cá após a morte de Jeremy enquanto soldado do exército. De fato Justin mal comentava sobre o pai, o que sempre me foi estranho, mas não cabia a mim ficar perguntando de algo que ele nunca tomou iniciativa para falar embora sempre fôssemos muito amigos.

O que sabíamos sobre Jeremy era o que Justin e a mãe queriam que soubéssemos, ou seja, pouquíssima coisas.

— Pensando em que? - Justin questiona enquanto levantamos do tatame.

— Na sua relação com seu pai. - solto e ele junta as sobrancelhas confuso. - Fiquei curiosa. Você quase nunca me falou sobre ele e essa relação conturbada.

Ele bufa e me guia até o vestiário.

— Não gosto de falar sobre ele. - diz em um tom amargo. - Eu não tenho uma única lembrança boa nossa.

Permaneço em silêncio vendo-o pegar a mochila no armário. Ele entrelaça nossos dedos e caminhamos lentamente até o carro no estacionamento.

— Brooke, ele me obrigava a fazer coisas insanas em prol do "amor" pelo exército e pela porra do país. - o loiro solta entredentes. - Você não tem noção do quão doentes eles eram por esse legado de merda.

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