— E eu sei? O Thomas tem algum tipo de problema naquela cabecinha dele. – respondi, engolindo em seco.

— Tá tudo bem?

Dei de ombros.

— Vai ficar. Isso só me trouxe... Lembranças, sei lá. Culpa minha por começar a acreditar que ele realmente havia deixado esse lado para trás. – disse e ela assentiu, concordando, apesar de eu ter certeza que lá no fundo ela queria defender o amigo.

— Você quer ir trabalhar em outra coisa? Posso te colocar na lanchonete.

Ri, negando prontamente.

— Eu quero manter a maior distância possível da Mina e seus brownies especiais. Já tenho confusão demais para o meu lado! Além do mais, eu prometi que ficaria pelo menos algumas horas aqui, certo? Então vou ficar.

E lá fui eu tentar, pela terceira vez, fazer a simples a ação que era encher um balde de água. Julie não teimou comigo. Ela estava sendo consideravelmente mais fácil de lidar ultimamente. Comigo, pelo menos. Culpa por causa do que me escondeu? Talvez. Eu que não iria reclamar.

— Tudo bem, qualquer coisa me chama.

Eu odiava estar ali na lavagem de carros. Não importava o quanto me dissessem que não era algo sexy nem nada do tipo, eu ainda tinha plena consciência de que esse não era o pensamento de todas aquelas pessoas, especialmente caras, que passavam na esperança de ver alguma camiseta branca molhada. Mas Nikki havia me colocado ali, então eu lavaria o meu máximo de carros e conseguiria muito dinheiro pelo bem da minha irmandade. E pela queda da Lambda.

Falando nela, os rapazes decidiram nos copiar e fazer uma também. Não que aquilo fosse uma exclusividade da Kappa Kappa Gamma, só que eles não faziam algo assim há anos. Talvez nunca. Provavelmente na correria da preparação às pressas, eles ficaram sem opções e optaram por roubar o nosso ato clássico. Foi injusto, mas esperto, mesmo que todo o dinheiro viesse em uma quantidade absurda de moedas. Aquela era uma rua movimentada, não só por causa das pessoas que passavam ali diariamente, mas também pelas que decidiam cortar caminho por dentro do campus. Isso sem falar nos espertinhos que já sabiam as datas de tudo que acontecia naquela universidade. No final, era um dos dias mais lucrativos da semana, perdendo apenas para o último.

Os três últimos dias da semana da inclusão eram abertos para todo e qualquer público. E quando eu digo todos, eu digo todos: muitos pais apareciam por aqui nesses dias. Eu mesma estava esperando os meus a qualquer momento. O público principal ainda eram os universitários porque, sejamos sinceros, não tem nada melhor que um cardápio inteiro de coisas divertidas, gostosas e interessantes para fazer depois de um dia de aula. Contudo, toda a divulgação feita semanas antes nas redes sociais traziam também pessoas de fora, ex-estudantes, membros daquelas instituições gregas que já haviam se formado, próprios funcionários dali etc. Esse era um dos motivos pelo qual devíamos ter deixado de vender certas coisas a partir dali, mas o número final dos nossos ganhos no dia anterior fora tão grande que Nikki deu a permissão que a Mina precisava para continuar os seus negócios, desde que triplicasse o cuidado. Nós já sabíamos que os rapazes venderiam drinks que realmente vinham com álcool e aquilo era bem mais arriscado. Tínhamos uma receita para o desastre, ao ponto de não desejarmos que eles fossem pegos pois isso poderia significar algum tipo de inspeção no nosso lado também e aí, sim, a coisa ficaria feia.

Depois de quase uma tarde inteira lavando o carro dos outros, ouvindo cantadas que ficaram cada vez mais vergonhosas, mostrando o dedo do meio para algumas pessoas, xingando alguns clientes, Nikki fez um convite para que eu me retirasse daquele lugar. A lanchonete era o único lugar precisando de gente, então fui obrigada a ir para lá. Cheguei a tempo da visita da coordenadora, que não perdeu a oportunidade de experimentar praticamente tudo do que tínhamos disponível. Mina, como a perfeita mentirosa que era, passou pelo teste sem maiores problemas.

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