For you

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~Camila~

Correndo pela praia, brincando e sorrindo. Era isso que eu via todo o tempo. Lá não tinha um pai me cobrando, segredos entre mim e Lauren, eu não tinha uma vida pra decidir. Era só Eu, Lauren, a areia e o mar.

Estava tudo perfeito quando escutei vozes, eram as vozes da minha mãe, de Sofi e de Lauren. Elas choravam e eu não entendia o porquê. Pediam para eu voltar mas eu estava feliz onde eu tava, tinha tudo que eu queria.

Um dia, quando eu corria pela praia, não achei Lauren. Corri, gritei mas ela não parecia. Me sentei na areia e tentei lembrar onde eu tinha a deixado. Eu senti o toque da minha mãe, ouvi o seu choro mais uma vez pedindo para que eu voltasse. Eu queria voltar, queria achar Lauren, não queria mais ficar sozinha. Mas eu não conseguia encontrar o caminho. Foi aí que fechei os olhos e imaginei os olhos de Lauren, o sorriso dela e vi ela me estendendo a mão. Eu agarrei na sua mão e abri os olhos.

Vi um teto branco, ouvi um barulho irritante de um bip que ficava cada vez mais rápido. Olhei para o lado e vi vários aparelhos e fios ligados mim. Não entendi o que era aquilo é porque eu estava ali.
Comecei a me mexer, vi meu braço enfaixado, tentei mexer mais senti um encomodo horrível. Comecei atentar me levantar até que vi uma mulher me olhar e correr na minha direção.

Enf.: Fique calma, sua mãe está aqui, espere um pouco.

Minha mãe. Ela sabia que eu tinha tentado me matar. Isso me deixou triste por imaginar ela chorando por mim.

Alguns médicos chegaram e começaram a mexer em mim. Me analizar. Ouvi os gritos da minha mãe tentando entrar mas não deixaram. Saíram todos e ficou apenas um médico. Ele me olhou e sentou do meu lado.

Med.: Senti alguma dor?

- Não. Cadê minha mãe?

Med.: Está lá fora. Tente se acalmar. Você lembra oq aconteceu?

- Eu... Eu...- eu não tinha forças pra admitir o que eu fiz.

Med.: Tudo bem se não lembrar. Não obrigue sua mente a lembrar.

- Eu lembro. Eu... Tentei...- alguma coisa me impedia de falar.

Med.: Tudo bem. Você sabe que dia é hoje?

- Terça?

Med.: Não Camila, hoje é Quinta. Você passou 3 dias em coma.

Aquela informação derrubou Camila. A ficha caiu que ela poderia ter realmente morrido.

Med.: Não se assuste. Você perdeu muito sangue, precisou de doações. Uma amiga sua arranjou muitos doadores. Depois de sua situação ficar estável seu subconsciente não queria acordar. Como se tivesse ficado num modo de segurança. Mas você conseguiu quebra-lo.
Você lembrar de alguma coisa?

Minha cabeça doía. Eu só conseguia lembrar de algumas coisas.

- Lembro da praia. De escutar vozes.

Med.: Você estava na praia?

- Sim, só consigo lembrar de cenas, via a areia e o mar.

- Estava sozinha?

Eu sabia que não, mas não queria dizer.

- Não lembro.

Med.: Tudo bem. Descanse, daqui a pouco volto para mais uma análise e libero a visita da sua mãe.

O médico saiu e depois de um tempo voltou com vários papéis. Fez algumas análises e saiu novamente. Uma enfermeira apareceu com comida e avisou que minha mãe estaria vindo.