Prólogo

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Quando se sofre muito na mão de pessoas ruins, não apenas por violências físicas, mas emocionais, algo muda em seu interior. É comum saber de casos que pessoas violentas ou introvertidas tenham históricos de agressões e abandonos na infância, e mesmo que isso não aconteça com cem por cento das pessoas que sofrem com isso, a maioria cria um mecanismo de proteção, mesmo que inconscientemente.

Pessoas agressivas, em noventa por cento dos casos, sofrem ou já sofreram agressões na infância e serem assim é o único modo que encontram de se protegerem. Elas afastam as pessoas para que não tenham que passar por isso novamente, e a menos que façam terapia, reverter esse comportamento é praticamente impossível, porque na maioria das vezes a pessoa não aceita o real motivo de ter se tornado agressiva.

Criar esse mecanismo faz parte do extinto de sobrevivência, e a não ser que alguém tenha uma forte determinação em fazer a pessoa enxergar que afastar as pessoas de si não é a solução, de que nem todas as pessoas querem o seu mal, ou apenas que nem todas as pessoas do mundo são ruins, tal artifício pode perdurar para sempre.

Era exatamente isso que acontecera com Alex, ela havia criado esse mecanismo tão sólido que fazia qualquer bloco de concreto parecer de vidro, porém ela achava que ele era exatamente assim. Feito de vidro. Ela o tratava com tanto cuidado, com tanto medo de ser derrubado que afastava qualquer pessoa que pudesse lhe parecer uma ameaça a ele, qualquer pessoa que lhe parecesse uma marreta feita sob medida para colocar aquele seu muro abaixo.

E assim que eu percebi que ela fazia isso consigo mesma, me senti na obrigação de ser a tal marreta que colocaria aquele muro nocivo abaixo, o problema é que eu não sabia como.

Muro de VidroWhere stories live. Discover now