Capítulo 24

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FUJA!

When danger appears... Runaway!

 Alex ia de mal a pior e não aguentava mais isso acontecendo com ela. Aquele mês havia sido o pior de toda a sua vida, e olha que sua vida não havia sido nada boa, mas ela se encontrava no fundo do poço e por isso, naquela tarde, ela resolveu ir andar um pouco pela cidade. Andou, andou, andou até que por fim se viu em frente a um barzinho e resolveu entrar.

Não era um bar tão ruim quanto daqueles que vemos em filmes, que são totalmente escuros e só há bêbados bebendo um drink após outro sem saber quando parar, e paquerando as garçonetes que estão sempre com um sorriso no rosto pronta para oferecer um programa. Não, aquele bar não era assim. Ele tinha pouca iluminação, isso era verdade, mas havia casais conversando e comemorando uma promoção que ganhara no emprego, um emprego novo ou até mesmo ter saído de um emprego abusivo. Havia também algumas garçonetes, mas podia se ver na expressão delas que era melhor não tentar nenhuma gracinha ou iriam se dar mal, e claro que teria alguns bêbados como em todos os bares, mas nada muito radical.

Alex sentou-se em um banco no balcão e pediu um gim com tônica, já pegando sua carteira de identidade falsa que sempre levava consigo para ocasiões como essas. Alex não era de beber, mas de uns tempos para cá ela resolveu que uma bebidinha não era assim tão ruim quanto lhe parecia.

Ela bebeu duas ou três tônicas com gim e decidiu que já estava bom o suficiente para ficar entorpecida, não queria ficar bêbada apenas sentir um torpor agradável, o que no momento era bem melhor do que sentir-se um lixo que havia sido trocada por Lindsay Cold, a vaca indesejável. Então ela pagou e saiu do bar.

Já estava escuro quando ela saiu e o seu celular tocou, era Megan.

— Alô? — disse sem ânimo algum na voz.

— Alex, onde você está? — perguntou com tom de preocupação — Fui à sua casa e não estava lá.

— Estou andando por ai. — respondeu simplesmente.

— Por onde? — quis saber.

— Pelo inferno. — respondeu e desligou.

Já estava ruim o bastante para ter que ficar dando explicações a ela. Não era nenhuma criança e já não havia pais para ter que ficar dando satisfações toda vez que ia a algum lugar.

Estava frio e ela decidiu sentar em um banco qualquer, porque não queria voltar para a casa agora, e andar com o vento na face não estava ajudando. Sentada ali pelo menos não teria o vento direto em sua face.

Ela ficou ali, sentada pensando em tudo o que já havia acontecido, desde quando ainda era criança e tinha uma família. Na sua verdadeira história e não aquela que todos resolveram que era a verdadeira.

Alex tinha dez anos quando foi arrancada dos braços de seus pais. Ela não conseguia lembrar muito bem, mas do pouco que lembrava sabia que a sua família não era uma família para se criar uma criança. Lembrava de todo dia seu pai chegar bêbado em casa, tão bêbado que mal conseguia parar em pé, e se lembrava de que sua mãe tremia de medo toda vez que ouvia o barulho da chave destrancar a porta, ela sussurrava para que Alex ficasse quietinha e lhe dava um ursinho qualquer para que não chorasse. Lembrava-se também de que seu pai batia em sua mãe pelo simples fato dela não o olhar nos olhos quando ele falava com ela, e que algumas vezes sua mãe chegou a desmaiar de tanto apanhar, e seu pai olhava para ela que se agarrava ao ursinho assustada e chorando e dizia que caso ela abrisse a boca ela também iria apanhar.

Depois, quando ele ia dormir, sua mãe ia até ela e dizia que tudo ficaria bem. Que o papai estava apenas chateado com o trabalho, mas que tudo ficaria bem. A verdade é que nunca ficava, apenas piorava. Até que chegou um ponto em que sua mãe teve que ser internada com hemorragia interna tamanha foi a surra que havia levado, e Alex foi levada pela assistente social para um orfanato.

Lá ela ficou até ser adotada pela primeira vez, mas logo foi tirada novamente pela assistente social, porque o homem que a adotara era usuário de droga. Ela então foi adotada pela segunda vez, mas não durou mais de dois meses, e teve que voltar, o casal que a adotara fora preso por homicídio... Na terceira vez, ela já tinha quase catorze anos, e não foi preciso nenhuma assistente social trazê-la de volta, pois na mesma noite em que o homem tentou abusar dela ela o atingiu com um vaso na cabeça e voltou para o orfanato. Assim que completou dezesseis anos ela entrou na justiça para conseguir sua emancipação, já estava cansada dessas idas e vindas para o orfanato e sabia que ninguém queria adotar uma garota tão velha. E com tudo o que já havia passado ela sabia que só poderia contar consigo mesma e aprendeu a se virar.

E foi por tudo o que passou que ela deixou de acreditar nos homens, ela sabia que nenhum deles era confiável e não prestavam, e com esse pensamento ela ergueu o seu muro de vidro, sólido e forte. Ou pelo menos ele era até Jordan aparecer.

Alex balançou a cabeça para afastar tal pensamento, tudo o que ela precisava era de Jordan atazanando seus pensamentos naquele momento, então ela levantou do banco e resolveu que era hora de voltar para sua casa. E começou a caminhar de volta.

Assim que entrou em uma rua um pouco mais deserta ela sentiu que havia alguém seguindo-a, então ela olhou para trás e viu um cara de uns vinte e poucos anos andando atrás dela. Voltou seus olhos para frente e decidiu entrar em um beco onde sabia que ninguém nunca passava, e olhou para trás novamente onde ele também entrou. Apertou os passos e ouviu ele a chamar:

— Ei, não foge de mim não, gracinha. — disse com uma voz risonha.

Ela não respondeu nada, apenas apertou ainda mais o passo.

— Ah, qual é? Não precisa ter medo de mim não. — riu apertando o passo também, encurtando a distancia um do outro. — Peguei você! — disse agarrando o seu braço.

— Me solta! — disse firme, sem demonstrar medo algum.

— Mas por quê? Vamos nos divertir um pouco. — sugeriu rindo malicioso para ela.

— Eu acho melhor você me soltar. — avisou ameaçadora.

— Não, eu acho que não. — respondeu.

Ela deu um soco em seu olho fazendo-o soltar seu braço por reflexo, mas ela não correu, apenas esperou ele se recuperar para dar outro soco nele. Mas o que ela não esperava era que ele a segurasse mais forte do que antes e prensou-a contra a parede realmente nervoso.

— Você não devia ter feito isso. — disse com tom ameaçador, que fez Alex se arrepiar de medo, fazendo voltar ao passado quando o seu terceiro "pai adotivo" tentou abusar dela, mas não havia nenhum vaso por perto, nem nada que pudesse ajuda-la a fugir.

Ela estava realmente correndo perigo. E não havia nada que pudesse ajuda-la.

Quando o perigo aparecer... Fuja!

Muro de VidroTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon