Quarta-feira:
Depois daquele estranho passeio de manhã ao parque, o dia decorrera normalmente e não passara mais do mesmo.
Mas conversar com o Jay foi bom, pois assim definimos limites ou espero eu que sim...
Num momento existia uma barreira entre nós, no momento seguinte tudo parecia normal e isso deixa-me insegura, eu não quero de maneira nenhuma uma reaproximação! Argh...
Durante a viagem de carro até Corgouncity, cogito numa forma de evitar Jay, mas vendo bem, eu acho que não posso evitá-lo. Não quando tenho a persistência do lado das nossas mães para uma possível reaproximação!
A trepidação do carro pára e dou por conta de que estamos à frente da casa dos Bartner.
Muito me questiono até quando estas visitas vão acabar, e para minha alegria, hoje combinaram um lanche no centro da cidade, poupando-me assim outro almoço e o convívio no território de Jay.
Ao entrar na casa dos Bartner ouço um piano a tocar e giro a cabeça à procura do instrumento de teclas. A Sra. Bartner aparece nesse momento e recebe-me com um grande sorriso, cumprimentando-me com um kiss na cara e um abraço enquanto me diz:
- Sobe as escadas e entra no último quarto do lado esquerdo! Vais adorar!
Eu fico surpreendida e sem palavras pelo seu orgulho, e a Sra. Bartner insiste:
- Vai! Vai!
Eu encolho os ombros e subo as escadas cobertas pela alcatifa turca, caminhando vagarosamente até ao último quarto do lado esquerdo enquanto aprecio a música e questiono-me de quem saberia tocar assim tão bem.
Se o Calum cá estivesse, eu não teria dúvidas de que seria ele. Mas partindo do princípio que o Calum está na faculdade, resta-me o Sr. Bartner.
A cada passo que eu dou o piano soa mais alto e mais alto, e a melodia começava a fixar-se na minha cabeça, transformando assim os meus passos em passos sincronizados da música que ouço.
O caminho até ao misterioso músico acaba e o som do piano enaltecera-se até ao seu clímax.
Abro a porta devagar para não interromper o estudo que se estava a tornar agradável aos meus ouvidos e reparo logo num quarto retocado com a cor branca, diferindo muito da decoração do resto da casa, como o seu revestimento que contém um toque clássico.
O compartimento é grande e o piano de cauda torna-o culto. Virado para uma grande janela com vista para o outro lado da urbanização de Corgouncity e mostrando o músico de costas para quem entra.
O músico mexia os dedos rapidamente envolvendo todo o corpo com a melodia enquanto o seu pé bate no Pedal de Sostenuto para guiar o ritmo.
Na verdade, o músico era um jovem que nem mais nem menos o Jay, o que me deixou deveras impressionadíssima.
Desde quando é que o Jay toca assim tão bem? Não espera! Desde quando é que ele sabe tocar piano!? Ele nunca me contou isso!
Jay pára de tocar e comenta:
- Não está a tempo...
- Eu estava a ouvir e não detetei erro nenhum... - comento por entre o silêncio que se instalara.
Jay vira-se para trás espantado com os papéis na mão, mas o que mais me atraiu em si para além do seu estilo clássico-casual foi o seu relógio da marca Orlando que brilhava à luz - provavelmente deve ser novo.
- Há quanto tempo estás aí? - Pergunta Jay virando-se de novo para o seu piano enquanto arranjava as partituras na estante.
- Há uns instantes - declaro de braços cruzados à porta do seu quarto.
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Um Caso de Corgouncity
Teen Fiction"Um amor falso vivido com grande intensidade, e duas pessoas que nunca pensaram em se juntar após esse amor perdido à quase um ano..." → Depois de três meses de férias com os amigos, a última semana destas está há porta e Miriam quer aproveitá-la a...