Doente

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  avisos: violência, morte de personagem secundário 



Hyemi abre seus olhos para a escuridão.

Não a natural, quase azulada escuridão da noite, mas sim a escuridão profunda da absoluta ausência de luz. Ela engole, ou pelo menos tenta, esperando aliviar a queimação em sua garganta seca. Faz mais de um mês desde que a jogarem nessa prisão. Um mês em que a torturaram, a forçando a revelar algo que ela não consegue. Hyemi não sabe onde Jimin está, nenhuma quantidade de golpes pode mudar esse fato. Há momentos em que ela considera mentir, criar alguma meia verdade apenas para eles a deixarem ir.

Soltando um grunhido, Hyemi se arrasta pelo chão, ignorando a dor irradiando de suas costelas quebradas. Ela come sua comida lentamente, mastigando mais do que o necessário, tentando enganar seu estômago em acreditar que aquilo é o necessário para acabar com sua fome. Ela salva o copo de água para depois, se encolhendo do lado da bandeja para salvar calor corporal. A beta sabe que ela deve salvar sua energia, se ela quer sair disso viva.

Ela fecha seus olhos.

A próxima vez que ela abre seus olhos, é porque as luzes estão ligadas.

Hyemi pisca repetidamente, olhos ardendo com a bruta luminosidade do quarto. Os soldados não gastam tempo em erguer ela pelas axilas e Hyemi choraminga de dor automaticamente, arrastando seus calcanhares pelo chão, tentando ganhar algum tempo. Ela treme nos braços dos soldados, respiração se transformando em ofegadas assim que seu cérebro finalmente percebe o que está por vir.

"Não. Não, não, não. Por favor, não!"

Não importa o quanto ela implora, os soldados ainda a levam para aquela sala, onde eles não demoram para amarra-la na mesa. O que acontece ali é uma história já familiar para Hyemi; começa com a mesmo golpe em suas costelas, as que já estão quebradas. Continua com o pedaço de pano sendo enfiado em sua boca para prevenir que seus gritos não sejam ouvidos por todo o lugar. No meio da agonia da familiar tortura, Hyemi encontra os olhos do Capitão, que está se inclinando contra a parede. O homem corresponde o olhar, insensível, quase entediado. O mesmo homem que a recebera com um forte aperto de mão anos atrás, quando ela havia entrado para o CPO.

A pancada de um martelo em cima do mindinho de Hyemi faz com que todo seu corpo arda em dor, garganta se forçando para soltar um grito poderoso o suficiente que a deixa inconsciente. Os soldados, familiares com torturas, jogam água gelada no topo de sua cabeça, quase a afogando, mas efetivamente deixando-a acordada. O Capitão escolhe esse exato momento para sair da parede. Ele caminha em torno da mesa, admirando o jeito que o peito de Hyemi arfa, em busca de ar.

"Enfermeira Hyemi," ele diz, suas írises brilhando azul assim que ele tira o pedaço de pano. "Que prazer de vê-la novamente. Lindo dia, não é mesmo?"

Uma lágrima escapa do canto do olho de Hyemi, escorrendo por sua bochecha machucada. Ela tem gosto de sal e sangue. Perfeito.

"Hyemi," o Capitão a encara nos olhos. "Onde está o Ômega oitenta e quatro?"

"Eu não sei."

O Capitão suspira, olhar rapidamente encontrando o dedo quebrado de Hyemi. Ele estende sua mão, sorrindo de lado quando Hyemi tenta, inutilmente, escapar. A pressão sobre o dedo machucado é cruel, assim como o sorriso que aparece no rosto do Capitão.

"Onde está o Ômega oitenta e quatro?" ele pergunta de novo, curtindo o jeito que Hyemi balança sua cabeça, soluços escapando de seus lábios.

"Eu n-não sei," ela chora. "Eu não sei. Eu juro, por favor não me machuque. Por favor..."

The Omega RevolutionOnde as histórias ganham vida. Descobre agora