Sweet Creature - Matthew Daddario

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-Matthew!

-Para mim, chega, Ivy! Nós nunca concordamos em nada! Vivemos brigando! -  gritou o rapaz, bagunçando os cabelos escuros com uma das mãos. A jovem de cabelos cor de mel deu mais um passo à frente, erguendo o queixo para falar com o namorado, que era bons 15 cm mais alto.

-É só dizer as palavras, mas, lembre-se de que não haverá volta - aquele era seu desafio final, os braços cruzados em frente ao corpo tentavam demonstrar alguma força, enquanto Ivy desmoronava por dentro.

-É o fim, Baxter. Eu não quero mais - a ira tomava conta do corpo da menor, enquanto Matthew sentia o arrependimento tomar o seu lentamente.

-Ótimo. Seja feliz, Daddario - foi tudo o que ela disse, antes de correr para o quarto e agarrar a primeira mochila de viagem que encontrou. Não aguentaria ficar naquele apartamento por muito mais tempo sem desmoronar.

O mais velho, no entanto, sentou-se no sofá de textura aveludada e apoiou o rosto nas mãos, sentindo as lágrimas despontarem lentamente de seus olhos. Ele ouvia as portas e gavetas do guarda-roupas do casal abrirem e fecharem de forma constante. As paredes finas facilitavam isso. Cada batida da madeira eram como uma faca fincada em seu coração. Ivy nunca voltava atrás em suas decisões, ele sabia.

-Eu peço para o Simon vir buscar o resto depois - a garota dos olhos verdes disse, parando em frente ao seu amor de infância. A vida era dura demais com os dois, ou talvez fosse apenas a teimosia e o orgulho de ambos falando mais alto. Faltavam três dias para completarem um ano morando juntos. Um ano conturbado, para os dois lado. No fim, eram apenas dois amantes em um apartamento pequenos demais.

Ivy esperou que o garoto de íris cor de mel levantasse o olhar, mas não esperava ver os olhos que tanto admirava cheios d'água. Aquilo fora como um soco no estômago, mas não havia volta. Com o máximo de confiança que conseguiu reunir, levantou sua cópia da chave e colocou nas mãos do rapaz, o chaveiro com uma foto dos dois ainda pendurado. Apenas uma vaga lembrança dos tempos em que foram felizes sem brigas ou gritos por coisas inúteis.

Com um último suspiro, ela deu meia volta e se encaminhou para a porta, saindo e se dirigindo para o elevador. As forças se esvaindo conforme as portas de metal de fechavam. Quando se viu isolada no cubículo de metal, deixou as lágrimas correrem livremente, manchando suas bochechas de rímel e, seu rosto, de tristeza.

Quando as portas se abriram novamente, Baxter apenas segurou sua mochila com força e disparou prédio afora, parando apenas para que o porteiro liberasse sua saída. Não uma das muitas rotineiras, mas a definitiva. Caminhou até um ponto de ônibus próximo e se sentou debaixo da proteção de plástico. Uma garoa leve caía, esfriando o ar e sua alma, agora, solitária.

Dentro do apartamento, um choro baixo ecoava. Soluços doloridos se dispersavam no ar, demonstrando que, aquele que os emitira, estava de coração partido. Sentado no sofá, Daddario se perguntava onde haviam errado. Talvez devessem culpar o relacionamento prematuro, ou a divergência de opiniões e o excesso de trabalho, mas ele sabia que não era aquilo. Era o ego.

Nenhum dos dois cedia. Nunca. Ambos precisavam estar certos, em todos os momentos. A personalidade forte e a teimosia da qual compartilhavam tornava impossível a convivência entre eles.

Entre brigas, orgulhos feridos e rotinas desajustadas, o relacionamento ia se desgastando e, apesar de se amarem, o sentimento não era suficiente. Nunca seria.

Enquanto Matthew transbordava a tristeza em seu apartamento, Ivy firmava um olhar confiante no rosto, apesar de desmoronar por dentro. Enquanto um sentia demais, o outro apenas fingia não sentir, os tornando duas peças que se encaixavam, mas se negavam a ficar juntas, por alguma força do destino.

ImaginesWhere stories live. Discover now