9 - Disparo

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Aquele parecia ser um dia de sol como já não se via há algum tempo. Algo estranho para o mês de dezembro. Ainda assim bem comum em terras lusas nas alturas mais inesperadas.

Quando o inspetor Henrique se levantou da cama teve o seu primeiro pensamento para a sua irmã Clara. Logo a seguir lembrou-se dos agressores de Violeta, para depois pensar em seus pais e depois em Diana que apreciara como a uma irmã mais nova. Talvez Núria tivesse razão quando lhe disse no dia anterior "Tu estás a ficar obcecado com este caso". Depois teve que ouvir a inspectora Chefe lhe oferecer a opção de sair do caso, mas Henrique estava determinado a achar este assassino em série que tanta vez o fez chorar pela morte de sua irmã e ele via em Violeta a sua irmã.

O que vinte anos não apagaram, mais vinte não apagarão. Não antes que se faça justiça.

Ao chegar ao DIC, viu a sua estagiária preferida entrar com o seu carocha vermelho pelo parking privado. Estacionou ao lado dela e cumprimentou-a com um sorriso.

- Bom dia, Catarina.

- Bom dia, senhor inspetor. Já soube do caso que têm em mãos.

- Já sei que sabes de tudo, querida sobrinha.

Catarina Saldenha era filha da irmã mais velha de Henrique, a antesessora de Clara, Maria do Carmo, que era casada com um GNR (Guarda Nacional Républicana) que entrara na reforma à um ano graças aos dois anos e meio de missão militar que tinha cumprido em Macau e outros três em Timor. Catarina sempre fôra atraída pelo o mundo policial, ainda assim as armas não eram o que a mais atraía e sim os detalhes deixados para trás, aquilo que as outras pessoas teimavam em não dar importância por não estarem atentos aos detalhes. Estudara ciências Forenses na universidade em Lisboa e conseguira um estágio profissional no DIC da Guarda por mériro próprio e não por cunha ao contrário do que certas pessoas pensavam. Mais uma vez os olhos azuis não destoavam da família, nem o cabelo escuro. Catarina era bonita, a maneira como maquialhava os olhos fazia-os parecerem maiores, a pele clara e os seus traços que herdara da mãe faziam dela uma moça de vinte e três anos muito bonita. O seu estilo era discreto, talvez um pouco gótico, mas ainda assim seria difícil passar despercebida.

Ao passar para o lado do batimento do DIC, Henrique sentiu-se vigiado. Foi uma sensação que se intensificou até um disparo de uma pistola particularmente barulhenta estourar. A bala penetrou a parede do Dic e Catarina sobressaltou-se. Estava apenas a alguns centimetros de distância do sítio em que a bala fôra disparada.

Olharam ambos para o sítio de onde o disparo havia surgido e puderam avistar alguém fugindo. Catarina ficou petrificada no lugar onde estava, mas Henrique iniciou uma corrida frenética atrás da pessoa que disparara. Ao passar no local onde a pessoa se posicionara avistou um bilhete e desistiu de alcançar a pessoa, pois não conseguia perceber em que direção tinha fugido.

Pegou no bilhete colado ao chão com pastilha elástica. «Esperto» pensou. Abriu o bilhete e leu «Não tive a intenção de acertar na sua sobrinha, querido inspector Henrique. Mas tome atenção. Ela tem O perfil preferido de quem nós sabemos».

Henrique ergueu as sobrancelhas e olhou em frente. Não estava ninguém. Nem conseguira distinguir se era homem ou mulher. Pensou nas palavras do bilhete, a pessoa tinha razão, a sua sobrinha tinha as características que atraíam esse assassino em série: olhos azuis, pele de tez clara e cabelo escuro. Ainda não tinha pensado nisso, mas agora sabia, a sua sobrinha corria perigo de vida e sentia-se culpado por só ter percebido isso quando fôra alertado por E. L.. Começava a sentir raiva dessa pessoa. Uma raiva que fez suas narinas dilatarem e arfar. Olhou Catarina que o olhava assustada, ainda parada no mesmo lugar.

Caso Violeta (Andamento)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora