7 - O bom e o mau

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A escola mais conceituada do distrito de Viseu durante anos a fio, era a escola que Violeta frequentava.

Com a PJ andando pelos corredores da escola e a ausência de
Diana Ribeiro do 11ºA, a notícia da morte de Violeta Sousa espalhara-se demasiado rápido. Típico de uma instituição de ensino.

Depois de passarem pela secretaria com os nomes dos alunos que Diana dissera em mãos, Lourenço e Jaime acharam mais sensato escolher a hora de aulas para os interrogar. Pois achá-los nos intervalos seria como procurar uma agulha no meio do palheiro. Não poupariam os rapazes à humilhação de entrarem pela sala de aulas empunhando o crachá da PJ e chamando pelo nome deles.

Lourenço ainda não sabia porque estava à procura daqueles rapazes em especial, mas tinha a certeza que havia razões para tal.

Algumas garotas, sobretudo as que pareciam mais velhas, olhavam para Jaime, como tigres antes de atacar suas presas. E enfim a campainha tocou. Os alunos entraram na respectiva sala e os dois inspectores dirigiram-se à sala mais próxima que a secretária facultara, onde estava nesse momento o 11ºC a ter uma aula de inglês.

Lourenço bateu à porta e abriu logo de seguida, sem esperar que alguém lhe desse permissão para entrar. Tirou o crachá do bolso, o empunhou, apresentou-se assim como Jaime fez com menos autoridade e chamou:

- É solicitada a presença de um tal de Bernardo, agora mesmo no corredor - achara interessante dizer aquela frase.

A turma inteira despregara os olhos do inspector, para olhar para trás. Na última fila da sala, o tal Bernardo, um garoto que ficara com as feições tão vermelhas que nem uma lagosta, ergueu-se da cadeira demasiado devagar e olhou para os policiais como se tivesse vontade de fugir.

Saiu da sala com Jaime à sua frente e Lourenço atrás de si e sem que os dois estivessem à espera, mal a porta da sala se fechou, quase gritou:

- Não a matei. Eu nunca faria isso.

- A gente ainda não perguntou nada - esclareceu Jaime, como se quisesse ter a certeza da sua afirmação.

- Eu sei o que vocês pensam. Mas já se passaram muitos anos, eu era uma criança, e nem foi nada de especial. Nunca fizemos nada para a matar.

De repente ouviu uma voz que não pertencia a nenhum dos dois policiais à sua frente.

- Não me parece que lhe puxar o cabelo, enquanto lhe tapavam a boca o máximo de tempo possível não fosse "nada para a matar" - fez as parênteses no ar como vira Diana fazer mais cedo.

Quando Bernardo viu Henrique ficou em choque. Como é que aquele homem sabia daquilo?

- Também não acho que lhe bater por todo o corpo, atirá-la ao chão, atirá-la do escorrega ou do baloiço e atirar-lhe com a bola de futebol à cara de propósito não fosse "nada de especial" - outra vez fizera as aspas com as mãos.

Bernardo estava horrorizado com o que aquele homem acabava de dizer. Como era possível... Aquilo fôra há tanto tempo.

- Você tem noção que eu posso abrir um arquivo e mandá-lo para detrás das grades por bullying?

- Eu não fazia bullying - defendeu-se o rapaz estupidamente.

- Não, que ideia! - declarou Henrique sarcasticamente. Lourenço e Jaime o olhavam com a cara fechada e dura. Só agora estavam a perceber porque era importante interrogar aquele e os outros rapazes - E eu sou o Elvis Presley, não se vê pela juba no meu cabelo - apontou para a cabeça onde se via o cabelo raspado.

Caso Violeta (Andamento)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora