Quero você! Me ame

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Camille

Beijos, beijos e mais beijos.
Encostados na mesa, começamos um beijo calmo, lento, delicado.
O nosso tempo estava ficando cada vez mais curto. Em poucas horas estaríamos distantes, em poucas horas deixaríamos de ser nós, cada um seguiria sua vida, sozinhos, solitários, provavelmente sofrendo pelo fim de uma história que nunca deveria ter começado.

Eu estava mais derretida que manteiga, e sem querer deixei mais uma lágrima escapar.

— Ei, o que foi? — Johnnie me olhou preocupado e passou a mão no canto do meu olho, secando a lágrima.

— Não é nada, não. Devo apenas estar sofrendo por antecipação. — ri. Ri para não chorar.

Sempre que eu mencionava algo sobre o resultado desse nosso último dia, sobre ser a despedida, seu corpo tensionava, e seus olhos pareciam perdidos. Acho que a ficha estava caindo. Mas ele sempre tentava dar a volta, e dispersar o assunto. Mal sabia ele que não iria servir. Eu já tinha feito a escolha por nós dois, já que ele não queria fazer.

— Onde foi que paramos mesmo, hein? — tocou no meu nariz com a ponta do dedo. — Acho que foi na parte que eu te roubava beijos.

Pôs a mão na minha nuca e aproximou nossas bocas.

— Exatamente. — respondi — e eu te entrego todos que você venha a pedir, sem nenhuma resistência.

E aquela nuvem de tristeza se dissipou novamente. Sempre era assim quando estava ao seu lado, ele era meu escudo contra todos os males. Os segundos vivenciados ao lado dele era insubstituíveis, inigualáveis, e com certeza inesquecíveis.

O dia que eu queria que fosse especial, estava sendo perfeito. Passar a tarde nesse lugar maravilhoso, com uma companhia maravilhosa, curtindo um dia não tão maravilhoso assim, pois todas essas maravilhas seriam guardadas em uma caixinha na memória com uma plaquinha escrito "despedida".

Talvez a gente decida guardar em um lugarzinho no coração também, lá é bem mais seguro. As lembranças da memória, as vezes são esquecidas, ou se perdem dentro do turbilhão de acontecimentos decorrentes do pequeno ato que é viver.

Pus as mãos no seu rosto, adorando a barba feita e o puxei para um beijo.
Em instantes, o clima foi se intensificando. Era o mesmo beijo que eu já estava acostumada, e ele tinha gosto de saudades.

Aos poucos, nossas mãos começaram a fazer parte daquele momento.
Em um súbito, Johnnie se virou e me pôs sentada na borda da mesa,
Em instantes, sua boca foi até o meu pescoço. Ele sabia que estava jogando sujo, mesmo inconscientemente. Qualquer toque na região do pescoço me causava arrepios, me deixava louca. Era minha área mais sensível.
O desejo interno, da carne, começou a fluir. Eu queria ele de corpo e alma. Mas eu não queria ceder à tentação. Não deveria ter algum contato mais íntimo justamente no dia em que iria pôr um ponto final na nossa história.

— Não me deixa! Te quero! — ouvia ele sussurrar entre um beijo e outro. Preferi fazer de conta que nem tinha percebido.

Ah, te deixar, era o que eu menos queria. Por mim, seríamos só nós.

Ainda sentada na mesa, cruzei minhas pernas em torno da sua cintura. Deixando assim nossos corpos mais próximos.
Em resposta, sua mão desceu até minha coxa, e apertou levemente.

— Abre o vinho, aí bebemos só um gole, para experimentar, e depois a gente volta para comer o resto. — sugeri. E também era uma tentativa de escapar daquela tentação que eu tinha ajudado a provocar.

— Você é quem manda, meu anjo. —  me desceu, e me dando um beijo rápido, foi até a geladeira.

Quem dera eu pudesse mandar em seu coração.
Fiquei observando calada ele procurar um saca rolhas e me peguei pensando se um dia nós poderíamos viver um momento parecido. Aproveitar cada segundo, preparar um lanche usando sua camisa, esquecer que existia um mundo lá fora.

EscolhasWhere stories live. Discover now