Uma mão lava a outra, e as duas se entrelaçam

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Camille


O único barulho que se ouvia era dos meus passos quebrando alguns galhos secos no meio do caminho. Mesmo só tendo vindo aqui uma vez, e sendo há uns cinco meses atrás, lembrei direitinho do percurso.

O avistei sentado, com as pernas estiradas, uma por cima da outra, e os braços esticados para trás, apoiando o corpo.

- Incomodo? - perguntei baixinho, quebrando o encanto, e ele virou o rosto, cruzando nossos olhares.

Primeiro ele ficou surpreso ao me ver, e depois com um sorriso enorme, levantou e veio me ajudar.

- Nunca é incômodo ter você por perto. Nunca!

Johnnie segurou na minha mão, para que eu pudesse subir na pedra.

- Veio relaxar também? - murmurou.

- Não exatamente. - respondi pondo minha bolsa no chão - Vim te fazer companhia, se você quiser, é claro.

- O que eu mais quero, é você. E como quero! - me abraçou - Mas como sabia que eu estava aqui?

Retirei meu celular do bolso e mostrei uma mensagem.

- "É isso que vou tentar fazer: relaxar." - li em voz alta - No mesmo instante, me toquei que você viria para cá. - ele deu um meio sorriso - Então quando saí do trabalho, falei com Fábio para me trazer aqui perto. Só queria ver e saber como você estava e acho que está bem!
Mas e a Raquel, como ela está?

- Está bem, sim, ela teve só um início de febre novamente. Mas quando saí de casa, estava ótima. Só por isso vim para cá, senão estaria lá, com ela.
Parecia que eu estava adivinhando, sabe, quando eu saí para fazer a entrega, eu comentei com Fábio que iria dar uma passadinha em casa, e assim que cheguei vi que ela estava um pouco febril.

Nos sentamos e ficamos de pernas cruzadas.

- Mas e a Marta, ela não tinha percebido que a Raquel estava assim? - perguntei. Achava até que já tinha perguntado até de mais.

- Mais ou menos, ela disse que tinha ido verificar como ela estava, minutos antes, e que a temperatura estava normal, não sei, talvez tenha sido coincidência, ser no momento que eu estava chegando, mas graças a Deus ela está melhor agora e ela vai ficar bem, porque eu só fico bem quando os meus anjos também estão: ela - fez uma pequena pausa e olhou para mim - e você.

- Sou teu anjo? - perguntei toda tímida, enrolando uma mecha de cabelo no dedo.

- Sim. Anjo, é aquele que te protege, faz e quer teu bem, te acalma. Então, anjo é a melhor definição para você.

- E para Raquel! - concluí.

- Sim! Para vocês.

- Mas agora é minha vez de saber sobre você, como está? - continuou - Quando eu te vi agora no começo da tarde você estava com a carinha tristonha, um pouco decepcionada, talvez, mas não quis me intrometer e perguntar o que era. Se bem que agora eu estou sendo intrometido, não estou?

- Dava para perceber que eu não estava tão bem? - perguntei acompanhando sua risada, e ele confirmou com a cabeça. - Eu estou bem, sim, e se não estiver, eu fico, nada que um bom chocolate não resolva.

- Ou... - ele se virou para mim - conversar com amigos também resolva!

- Bem lembrado, talvez conversar com algum bom e velho amigo seja proveitoso, também. Do Chocolate e Cia, não tenho nenhum retorno, a não ser colaborar para uma pequena diabetes. - pisquei um olho - Mas o que aconteceu é que...

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