A casa

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  Meu corpo é a minha casa e o quarto está com goteiras, o chuveiro está queimado, a parede com buracos, a porta de entrada sem fechadura, as janelas sem travas, a cozinha sem geladeira ou fogão, e o chão em chamas. Entendo porque ele partiu e porque as pessoas não aceitam entrar; de tanto que eu grito agora entendo porque ninguém pode me escutar.
  Diga a minha família que a culpa não é deles, diga a quem eu confiei que eu não estava blefando, diga a pessoa que encontrar meu corpo que eu sinto muito, diga a pessoa que eu amei que ainda a amo, e diga a vida que eu disse adeus. Por favor não me faça lutar, não me faça ver o que estou deixando para trás e, por favor, não faça eu querer viver de novo. Estou cansada.
  Bebidas e drogas são os leites maternos das decisões ruins, do qual nos alimentamos desde o primeiro dia de vida e choramos ao largar. Eu costumava achar que a morte viria sem aviso prévio, assim, de repente. Eu tive medo por muito tempo até ver que eu estava assombrando minha própria vida. Meu suicídio é a casa que eu planejava construir um dia.

A minha ilustre moradia,
Julia Antenucci.

Minhas lágrimas em letrasWo Geschichten leben. Entdecke jetzt