Confronto final

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— Maldita! — bradou Saci avançando contra Núbia.

A garota tentou acerta-lo novamente com o facão, mas antes que a lâmina o tocasse, se desintegrou como uma ilusão, e Núbia não teve como se defender quando Saci a pegou pelo pescoço e a colocou contra o chão com violência.

Núbia visualizou sua mão vazia com espanto e Saci se ergueu gargalhando, depois voltou a mudar de expressão, e fitou Núbia, ainda estirada no chão, com ódio.

— VOCÊ É FRACA GAROTA! EU TENHO O PODER! — urrou ele, fazendo o vento se agitar.

— Você mesmo disse que eu era uma ameaça para seu controle, eu deixo o Cissa mais forte! — berrou Núbia tentando sobrepor a voz ao vento.

— Lindas palavras, minha menina, mas não são... — Saci parou de falar repentinamente, sua expressão ficou sombria, e em seguida colocou as mãos na cabeça.

Saci olhou em volta de si mesmo, gesticulou com as mãos, mas nada aconteceu, enquanto seu rosto prosseguia com ar sombrio, porém confuso. Ele então tirou o capuz de si mesmo e fitou o objeto com desdém.

— Não consegue usar o poder? —supôs Núbia pasma. Depois sorriu com sadismo — Fraco...

— Cale-se! — bradou Saci vestindo o gorro novamente.

"O gorro é controlado pela mente" disse uma voz no consciente de Saci: "E quanto mais sua mente estiver ocupada e alvoroçada pior vai ser seu controle, e pro seu azar, sou conhecido por não ficar quieto".

— Cale a boca, Cícero! — bradou Saci furioso, sentindo uma enorme dor de cabeça. Ele fechou os olhos tentando ao máximo se concentrar no capuz e para isso ficou alheio a tudo, principalmente a Núbia, que via a cena com um amplo sorriso e aproveitou-se do momento para fugir.

Em seu subconsciente, Saci se via em uma infinita escuridão onde somente um círculo de luz existia, ele se mantinha dentro desse círculo enquanto Cissa, do lado de fora, o cercava. Saci podia ver o vulto do rapaz diante a escuridão e podia ouvir sua voz, mas somente quem estivesse no círculo tinha o controle.

Em todas as vezes que Cícero tentou se aproximar, Saci o expulsou com seus poderes ou as próprias mãos. Ele era o mais forte e aquilo era um fato, porém não parecia ser o suficiente para fazer Cícero desistir, o que já estava deixando Saci furioso.

— Eu sinto toda vez que se aproxima da menina — disse Cissa dentre a escuridão —. Ela me puxa para o outro lado, como o gorro puxava você.

— Não se preocupe, meu amigo, eu irei matá-la e vocês dois vão poder ficar juntinhos no mundo dos mortos — debochou Saci.

— Não toque nela! — disse Cissa se aproximando com o punho fechado, e foi tudo tão repentino que quando Saci se deu conta, o braço de Cícero já estava iluminado por aquela luz e seu punho encaixado na cara dele. Saci rosnou e assim Cissa foi jogado para longe, de volta a escuridão.

Voltando a realidade, Saci concluiu que faltava pouco para perder o controle e que definitivamente os sentimentos de Cissa em relação à Cabrall era uma grande ameaça. Ele tinha que ser rápido e cortar esse elo de Cícero com aquele mundo. Inicialmente Saci tinha outros planos para Núbia, quem sabe a semelhança dele com Cícero conquistasse a garota, e não seria nada mal ganhar uma Cabrall como aliada, mas definitivamente, Núbia não parecia disposta a trocar de namorado, então não lhe restava opção a não ser matá-la.

"Você não vai conseguir mata-la" disse Cícero em tom de fúria "Eu não vou deixar isso acontecer, e a própria menina é mais astuta do que você imagina".

Saci riu com o comentário, mas sequer respondeu a voz em sua mente.

Núbia havia sido esperta em não perder tempo, porém mesmo que Saci não tivesse a visualizado fugindo, ele podia sentir seus passos e foi atrás de tal rastro.

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