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Eu não conhecia as profundezas​ do castelo, então segui meu instinto enquanto corríamos.

A porta que levava para o lado de fora estava selada e não podíamos sair por onde entramos.

Corremos como loucos naquele labirinto reluzente, com os guardas de mente escravizada atrás de nós, apenas alguns metros nos separando.

Entramos numa parte que devia pertencer aos criados mas eu não via ninguém. Passamos por uma cozinha vazia, uma ala inteira de passadeiras completamente vazia e um corredor de quartos, também vazios.

Então Thierry gritou alguma coisa sobre escadas.

Então eu vi uma escada de ferro, provavelmente de criados, que descia. Ela estava meio escondida atrás de um pilar de ouro maciço mas nós demos a volta e começamos a descer.

Havia uma porta lá embaixo, mas eu derreti a tranca e forcei nossa entrada.

O porão do castelo consistia em diversas passagens, formando um labirinto de pedra.

O chão estava sujo e sem pegadas, o que me dizia que estava abandonado e esquecido.

Thierry parou e olhou ao redor. "Essa parte do castelo é antiga. Embora os níveis superiores tenham sido reformados, aqui não. "

Brea se aproximou dele. "O que isso quer dizer?"

Ele ajeitou os óculos e nos olhou com determinação. "Quer dizer que na época em que essa parte foi construída, passagens secretas que levavam para o lado de fora eram muito construídas para emergências. Acho que podemos sair se encontrarmos uma."

Collen olhou para mim e eu assenti. "Vamos nos separar. Eu vou com Thierry e Brea com Collen. Um guerreiro para cada lado. Assobiem se acharem algo ou mandem um sinal. "

Trocamos olhares e palavras de boa sorte e nos separamos.

O tempo passou como se já estivéssemos ali por horas, mas não encontramos nada.

Thierry estacou e arregalou os olhos. "Sente isso? Uma leve brisa. "

Eu tentei mas não consegui sentir nada, então neguei com a cabeça.

"Eu sinto. Talvez seja algo da minha magia mas eu sinto."

Eu o segui por mais alguns metros e finalmente achamos uma grade. Era um portão de ferro enferrujado construído no meio da floresta que cercava o castelo e a arena, o que me dizia a distância que havíamos percorrido e a extensão daquele labirinto.

"Consegue achar esse portão de novo?" Eu perguntei e ele assentiu.

"Então vamos, vamos achar os outros e sair daqui antes que nos achem. "

Assobiei diversas vezes mas não houve resposta.

Voltei para o lugar em que nos separamos e tentei sentir eles através de nossa conexão. Nada.

Comecei a entrar em pânico e corri pelas passagens. Até ouvir vozes.

Passei por um portão e entrei mais em uma das passagens.

Ouvi a voz de Archer e meu sangue gelou.

A passagem acabava numa espécie de câmara oval. Encostei minhas costas na parede e olhei pela beira do corredor.

Archer e seus zumbis estavam ali mas também Collen. Não havia sinal de Brea.

Collen estava amarrado mas, graças aos deuses, seus olhos não estavam negros como os dos zumbis.

Thierry segurou minha mão e bolamos um plano rapidamente.

Focalizando a mão de Collen, eu esquentei sua palma. Ele se virou, percebendo o calor, e eu encontrei seu olhar.

Archer estava concentrado demais em estudar um fio solto de sua túnica e não viu nossa troca de olhares.

Eu derreti uma parte da corda, no nó, dando a ele liberdade em um puxão.

Thierry entrou em ação e adentrou a câmara.

"Ei, não acha que precisa de mais do que um para o seu plano diabólico?" Ele riu com escárnio.

Archer se virou para ele. "Tenho certeza. Você se voluntaria?"

Com a atenção de Archer em Thierry, Collen correu.

Mas na hora em que ele estava quase me alcançando, Archer captou um vislumbre dele.

"Não!" Ele gritou.

Archer jogou Thierry para o lado, como uma boneca de pano, e os guardas começaram a se mexer.

Eu estava paralisada, assim como Collen ao meu lado. Era fugir e deixar Thierry ou arriscar tudo para salvar um de nós.

Mas não precisamos decidir.

Thierry nos empurrou com seu vento. Era como se uma barra de ferro estivesse presa ao redor do meu abdômen, que me arrastava até o portão. Eu gritei e me debati, tentando me soltar, mas ele não cedeu.

Assim que estávamos fora, o portão se fechou.

Eu e Collen tentamos abrir o portão, mas a pressão ali não deixava.

Thierry estava nos prendendo fora. Ele estava se sacrificando.

Eu gritei o nome dele e vi que Archer o arrastava pelo colarinho. A expressão dele era de puro ódio.

Mas não Thierry. Ele sorriu minimamente, uma lágrima escorrendo por sua bochecha.

Archer lançou Thierry contra as barras, que gemeu com o choque.

Eu chorei enquanto me lançava novamente para o portão e segurava seu rosto.

Seu lindo rosto estava cortado e sangrando mas ele continuava sorrindo.

"Por que? Por que fez isso?" Eu chorei nas barras.

"Porque uma vida vale a de muitos, Nay. "

Com o que parecia ser suas últimas forças, ele me mandou sentada para longe.

Foi quando Archer surgiu da sombra, com uma lâmina torcida de aparência mortal na mão.

"Abra. "Ele grunhiu para Thierry.

Quando Thierry não respondeu, ele o chutou. "Abra!"

Thierry sorriu para mim. "Obrigado por me darem as melhores semanas da minha vida. "

Então a lâmina desceu de encontro ao seu coração. O sangue escorreu pela sua boca enquanto ele se debatia.

Meu horror era tamanho que eu achei que iria desmaiar enquanto eu o vi lutar por sua vida.

Archer torceu a lâmina mais uma vez e seu olhar virou pedra.

Meu coração caiu e um pedaço dele se partiu enquanto a poça de sangue aumentava.

A Ruína da RainhaWhere stories live. Discover now