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Senti o balançar enjoativo antes mesmo de recobrar total consciência. Com um pouquinho mais de lucidez, ouvi o barulho dos cascos contra o cascalho.

Então senti um corpo forte contra meu rosto e mãos me segurando firmemente.

Minha cabeça doía onde eu havia recebido a pancada.

Abri os olhos e vi que o sol estava se pondo. Eu estava sendo carregada por um homem de armadura, em cima de um cavalo preto.

Me afastei ligeiramente dele, para conseguir olhar ao redor.

O homem que me segurava usava o brasão do leopardo. Ele era careca e tinha uma barba longa e áspera meio grisalha. Parecia ser sério e estar perto dos quarenta e cinco anos.

Na nossa frente havia um castelo. Um castelo enorme de tijolos alaranjados e telhados de torre escuros. Percorriamos a ponte elevada, o único caminho até lá.

Ao meu redor, mais homens montavam seus cavalos. Vi Heyden desmaiado em um, Collen em outro e Thierry montava sozinho um deles.

Ao me ver acordada, ele se aproximou.

"Finalmente acordou, Nay. "A voz dele era puro alívio.

"Onde estamos? Quem são essas pessoas?" Eu perguntei, olhando torto para o homem que me segurava.

"Estes homens são guerreiros de Sazar. A rainha deles exigiu que eles nos levassem até ela. "

Um arrepio percorreu minha espinha. "Eles querem o dinheiro! Vão nos entregar para Vanalius."

Eu comecei a me debater mas o homem me segurou com firmeza.

"Minha rainha não se interessa por coroas de ouro, garota. Eu sou seu comandante, Taurus Xandri, e busquei vocês porque ela quer ser diplomata. "

Incomodada com a proximidade dele, olhei acusatoriamente para Thierry.

"E porque você não está preso a um homem também?"

Ele corou e ajeitou os óculos. "Quando eles derrubaram você, eu notei que lutar seria estupidez. Então fui de bom grado e ganhei direito a um cavalo. "

Eu dei risada. "Collen está certo. Você é o cérebro e nós somos a força bruta. "

Me virei para o comandante Taurus. "Eu sou uma boa menina também. Posso ter um cavalo próprio?"

Ele deu um risinho." Estamos chegando, garota. Se não se importar de me adorar com sua agradável companhia por mais uns minutos, poderia ficar com a sua bunda quieta e não me encher o saco. "Ele disse com um risinho cínico.

Embora jamais fosse admitir, eu gostava daquele cara. Mas ainda queria cortar seus dedos por seu tom de voz.

Permanecemos em silêncio até adentrarmos nos muros do castelo. Então Taurus conduziu-nos até os estábulos, onde criados estavam prontos para cuidar dos cavalos.

Thierry desceu de seu cavalo e me ajudou com o meu. Minha pernas fraquejaram por causa das horas passadas sem me mexer, mas Thierry me sustentou.

Notei que estava totalmente desarmada e procurei por minha espada.

Vi que meu escudo estava preso na lateral do cavalo de Taurus e minha espada em suas costas.

Me aproximei dele quando ele desceu do cavalo. "Pode me devolver minhas coisas?" Eu perguntei com uma sobrancelha erguida.

Taurus deu um bufo de deboche. "Claro que sim. Também te darei explosivos para enfeitar a coroa de minha rainha. "

Antes que eu pudesse gritar com ele, um dos soldados se aproximou de mim.

Ele era jovem, talvez pouco mais velho que eu, e tinha sardas por todo o seu rosto.

"Você é Anaya, certo?" Ele perguntou. Eu assenti, achando estranho. "Eu ouvi dizer que você era a escolha mais óbvia para rainha. Sinto muito. "

Fiquei surpresa com suas palavras mas lhe dei um pequeno sorriso malicioso.

"Cá entre nós, prefiro derrotar um exército com um girar de pulsos. "Dramática, eu girei meu pulso com um floreio e fiz uma linha de fogo acompanhar o movimento.

Ele arregalou os olhos e sorriu. "Isso é incrível. Sou Keith, a propósito. "

"É um prazer, Keith. "

Um Heyden grogue pelo torpor veio para o meu lado e eu o sustentei pela cintura. Collen, já alerta, ficou ao lado de Thierry.

Eu me aproximei dele e perguntei, baixinho. "Tiraram suas armas também?"

Ele assentiu, sem olhar para mim, para disfarçar.

Ótimo. Teria que sujar minhas mãos para sair dali se algo desse errado.

Taurus nos guiou para dentro da fortaleza.

Ao contrário do castelo de Vanalius, a riqueza não era ostentada. Embora não tivesse dúvida de que Sazar fosse rica, a riqueza estava presente porém era sutil.

O prata e o preto eram as cores dominantes na decoração. O carpete escuro contrastava com as paredes de brilho sutil.

Ele nos guiou até a sala do trono. No meio do caminho, Heyden já tinha força suficiente para se suportar sozinho, mas permaneceu ao meu lado.

"O que sabe sobre a sua rainha?" Perguntei, porque ele era o único de nós que era de Sazar.

"Não muito. Nunca me interessei pela vida real. "

Revirei os olhos. Grande ajuda.

Eu imaginava uma velha ranzinza cheia de verrugas mas quando as portas se abriram, eu perdi o fôlego.

Sentada num trono de conchas prateadas, estava a jovem mais bonita que eu já vira.

E deitado aos seus pés estava um gigantesco leopardo das neves.

A Ruína da RainhaWhere stories live. Discover now