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Eu gritei e corri em sua direção. Segurei seu corpo antes que tombasse e senti as lágrimas pelo meu rosto.

Heyden ainda respirava mas com dificuldade. O cabelo cobria seus olhos e eu podia ouvir o gorgolejar que era sua respiração.

Ele estava se afogando em seu próprio sangue.

Parte da minha mente percebeu quando Brea esmagou as cabeças dos caçadores umas nas outras, ou fez com que eles pulassem da ponte e caíssem no penhasco.

Mas tudo o que eu era naquele momento, tudo o que eu sentia ou pensava era em relação a Heyden.

Thierry estava ao meu lado em um segundo. Ele rapidamente examinou as flechas.

"Por favor, se ele não for conseguir, não me diga. "Eu pedi, com a voz embargada.

Thierry balançou a cabeça. "Eu me recuso a pensar assim. Há uma chance, talvez extremamente pequena, mas ela existe. "

Ele tirou uma faca com ponta serrilhada da bainha de Heyden e começou a trabalhar nas costas dele.

Eu perdi qualquer conhecimento que eu tinha sobre medicina naquele momento, cada aula ou intensivo de primeiros socorros.

Eu só conseguia apoiar o peso dele em mim e rezar para deuses esquecidos enquanto cada segundo me matava tanto quanto a ele.

Eu passei a mão em seu rosto e chorei baixinho. "Por favor, não me deixe. Não morra. Eu preciso de você, Heyden. Mais do que eu jamais admitiria. "

Não houve resposta e meu coração apertou. Segurei sua mão e senti o mínimo esforço dele para apertá-la de volta. Era tudo o que eu poderia pedir no momento.

"Não desista de nós. Eu sinto muito se demorei muito tempo. Talvez eu tenha me apaixonado por você no dia da cabana ou talvez na sala de estar. Talvez tenha sido bem antes e eu não sabia. Mas eu sei que estou apaixonada por você. Então não morra. "

Collen se juntou a nós e se abaixou ao meu lado. Ele parecia tanto em agonia quanto eu.

Brea veio logo em seguida, parecendo deslocada. Talvez ela não sentisse o que nós sentiamos.

Thierry jogou a primeira fecha no chão, mantendo a menor parte para ser puxada depois.

Eu queria ajudar mas só com uma faca serrilhada, eu atrapalharia se tentasse.

Então eu continuei ao seu lado, murmurando incentivos e até ameaças para ele continuar vivo.

Mas em algum ponto, Heyden desmaiou.

Meu coração parou quando sua mão ficou flácida na minha e sua cabeça pesou mais do que deveria no meu ombro.

Então Collen mediu sua pulsação e respirou aliviado.

Por um momento que me pareceu eterno, eu sofri com ele a cada segundo.

E quando a terceira e última flecha caiu no chão, eu sabia que as coisas iriam piorar.

Thierry respirou fundo e se posicionou. Então, com gentileza, começou a puxar a primeira ponta.

Eu podia sentir o metal rasgar seu interior e não consegui parar um soluço que me escapou.

Quando a última ponta caiu,manchando a água ao nosso redor de vermelho,eu percebi que minha calça estava encharcada e eu tremia.

Thierry balançou a mão e o sangramento parou.

"Eu coloquei alguns tampões que devem segurar a hemorragia até conseguirmos ajuda. " Ele disse.

"Vamos voltar pro castelo. Aerith pode nos arrumar um curandeiro." Brea disse.

Mas eu balancei a cabeça. "Eu tenho uma ideia melhor. "

Collen e eu carregamos Heyden de volta para os cavalos. Eu o ajudei a ajeitar o corpo inconsciente de Heyden na sua frente, com as costas para cima, e me ajeitei em meu cavalo.

Embora eu não quisesse me separar dele, tive que admitir que Collen era o melhor para manter ele preso e seguro durante a viagem.

Amarrei-o pela cintura apenas para uma emergência mas sabia que Collen estava em tanta agonia quanto eu.

Partimos, cavalgando como uma folha no vento, comigo na dianteira liderando o caminho.

Embora eu soubesse que Heyden estava o mais seguro e bem possível no momento, eu não conseguia deixar de olhar para trás para ver se seu corpo não havia sido derrubado do cavalo.

Mas Collen fazia um bom trabalho em manter ele quase imóvel sobre suas pernas.

Brea cavalgava bem. Surpreendentemente bem. Mas eu perguntaria mais tarde.

Eu sabia que tinha que fazer o impossível. Tinha de fazer o que demoramos uma semana a pé em algumas horas no cavalo.

Ou isso ou Heyden seria o primeiro de nós a morrer.

A Ruína da RainhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora