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Margot's POV

Os ares californianos nunca me fizeram tão bem como estão me fazendo agora. Afinal, com as fortes emoções lá de casa, qualquer ar é bom, até os ares frios da Alemanha me fariam bem nesse momento. Sinto falta da minha terra e faz apenas uma semana que me mudei. Minha mãe vai se casar novamente. Não com qualquer um, mas com um ator de Hollywood. Não é nenhum Brad Pitt da vida, mas meu futuro padrasto é bem gato para alguém de 48 anos. Isso soa estranho, mas tudo bem. Ele se chama Gerard Butler, e faz questão que 'herdemos' seu sobrenome, então meu nome daqui 2 dias vai ser Margot Marin Lorgë Butler.
Esqueci de mencionar que Gerard possui um filho, Dave. Ele é bem bonito e bem legal, pra falar a verdade. To ansiosa pra ser irmã dele, acho que não consigo vê-lo de outra forma.
O vento começou a bagunçar muito meus cabelos então resolvi para de andar com a bicicleta e prendi-os em um rabo de cavalo. Na praia estava um grupo de garotos jogando bola e por um momento me perdi olhando a partida de futebol. Quando dei por mim já eram 19 horas. Estamos no horário de verão e está o maior sol, não teria problema eu ficar mais um pouco, mas minha mãe já está preocupada com os preparativos do casamento, não quero piorar ainda mais sua situação emocional com um sumiço.
Peguei a bicicleta e comecei a voltar para a minha nova casa, no percurso quase tive um ataque quando vários skatistas passaram por mim desviando enquanto ainda tentavam ficar na pista de veículos não motorizados. Eles conversavam animadamente e pareciam não estar nem aí para nada. Após me ultrapassarem eles olharam pra mim e sorriram genuinamente, o que foi no mínimo bizarro. As vezes me esqueço de como nossas culturas são diferentes. Nós, alemães, somos mais fechados e contidos, já os norte americanos são mais abertos e simpáticos, não tanto quanto dizem que os brasileiros são, mas as culturas ainda são praticamente opostas.
Cheguei no condomínio, que fica em Bel Air, e os portões se abriram para que eu entrasse. Mais a frente notei os mesmos garotos que andavam de skate em uma garagem, alguns jogavam basquete enquanto outros simplesmente jogavam conversa fora e trocavam xingamentos inofensivos. Passei por eles já resmungando mentalmente por lembrar que tenho que subir uma ladeira enorme para chegar em casa.
-/-
Acho que nunca suei tanto. Quer dizer, eu estou em forma, mas aquela ladeira mata qualquer um.
Margareth, ou apenas Margie, já fazia o jantar. Minha mãe havia pedido que ela fizesse spaghetti ao alho e óleo com limão siciliano e ervas finas. Com certeza o casamento estava afetando seu estado mental gravemente porque esse prato só é feito em datas especiais quando a família toda se reúne e é necessário uma comida mais requintada.
Dave gritou algo na sala então resolvi ir ver o que estava acontecendo e me deparei com um cara de 20 anos, vulgo meu meio-irmão, em pé de frente pra TV abanando as mãos igual um louco enquanto assistia a um jogo de hockey. Não aguentei não rir da cena, estava hilário.

- Você está desesperado mesmo com seu time na liderança, estou curiosa pra saber como você estaria caso estivessem perdendo. - zombei de sua postura diante do esporte.

- Eu estaria 10 vezes pior, pode acreditar. - respondeu-me sem desviar os olhos do aparelho televisor nem um segundo sequer continuando com seus movimentos bruscos de incentivo ao time.

Subi até meu quarto já desanimada pensando na quantidade de caixas que ainda teria que desempacotar. As prateleiras estariam vazias se não fosse por um porta-retratos pequeno que eu carreguei na mão quando vim pra cá. Minhas roupas estavam espalhadas pela cama e ainda estou pensando se as separo por cor ou estação no guarda-roupa, pra falar a real, estou apenas com preguiça de colocar tudo nos cabides.
Resolvo arrumar as prateleiras antes de tudo. Pego uma das várias caixas que estão no chão e abro-a a fim de ver o que há dentro desta. Ótimo, livros diversos. Começo juntando coleções e colocando-as numa das prateleiras do meio, apoiando-as em um suporte próprio para livros em forma de unicórnios. Assim que termino com os livros, pego os 2 porta-retratos restantes, um carregava uma foto minha com meu pai pescando há alguns anos e o outro era uma foto minha com minha mãe e meu padrasto, Dave havia tirado a foto, por isso sua ausência na mesma.
Acabo me lembrando de pegar os vasinhos com suculentas e outros cactos na área de serviço e coloco-os no canto da bancada do quarto sob um suporte em forma de pirâmide de cor preta feito em casa mesmo.
Retiro a bandeira do meu país de uma das caixas e penduro-a na parede ao lado de uma grande malha de aparência envelhecida onde havia pintado a cara da Lana Del Rey com uma daquelas "coroas" de penas (do tipo que um pajé usa) que ela usa no clipe de "Ride". Embaixo da pintura estava escrito "Born to be Free" em letras grosseiras. Eu sempre procuro me lembrar do quão importante a liberdade é para mim, o que ela significa. Liberdade em todos os sentidos, liberdade de escolha, liberdade de expressão, liberdade no sentido de independência. Com certeza é o que eu mais almejo. Independência. Liberdade de ir e vir para onde eu quiser. Liberdade para ser eu mesma sem que me julguem.
Continuei a arrumação fazendo um varal de fotos, colocando meu skate em um suporte na parede, espalhando luzinhas LED no varal e em volta dos quadrinhos que havia pendurado numa das paredes com ajuda de Dave e de um bom martelo. Deixei na bancada apenas os cactos, uma luminária vermelha, um enfeite ou outro e um porta-lápis. Por fim, arrumei minhas roupas no guarda-roupa e forrei a cama com um edredom bonito.
Tomei um banho rápido e desci para o jantar.
No andar de baixo encontrei a planejadora do casamento de minha mãe e minha própria mãe, elas estavam decidindo sobre a cor do tapete da Igreja, algo assim, e parecia ser a última coisa a ser decidida. Cumprimentei Lydia, a planejadora, e me dirigi para a sala de jantar, onde Gerard e Dave falavam sobre times de futebol americano, assunto do qual eu até tenho interesse mas não sei nada sobre.
Marggie começou a servir a comida assim que minha progenitora sentou-se à mesa. Conversamos sobre assuntos aleatórios enquanto comíamos, o ar estava leve, o que era algo raro quando eu ainda morava na Alemanha e meus pais estavam juntos. Eu amo muito meu pai, muito mesmo, mas aqui eu me sinto em casa, sinto que pertenço a uma família de verdade, que se dá bem e não briga sempre que alguém discorda de um mísero detalhe.
Por mais ridículo que seja, eu tenho 1 mês de aulas aqui. Vou me formar esse ano e só falta um mês para o fim das aulas. Ou seja, vou para uma escola que nunca vi na vida, para ter um mês de aula com professores que nunca vi, pessoas que nunca vi e sem amigos aparentemente. Isso vai ser um desafio.
Hoje é quinta-feira, mas é feriado então emendou com a sexta-feira. Minhas aulas começam a partir de terça-feira porque segunda-feira também é feriado. O casamento é no sábado.
-/-
Pelo resto da noite fiquei com Dave assistindo esportes na tv, ele me explicou mais ou menos como funcionava o Hockey e eu ainda me confundo, mas gostei muito de aprender um pouco.
Era quase meia-noite quando fui dormir. Acordo no meio da noite com malditos garotos gritando na rua. Olho no relógio e solto um grunhido ao ver que eram 3 horas da madrugada. Resolvo sair na sacada para ver se estavam perto de casa para eu reclamar. Para minha surpresa eles estavam na calçada da casa da frente e pareciam não se ligar quanto ao horário e ao barulho que estão fazendo.

- Com licença, podem falar mais baixo, por favor ?! Eu não estou conseguindo dormir ! - pedi-lhes com o sotaque alemão carregado devido ao sono.

- Ah, desculpa, não percebemos que estávamos falando muito alto, princesa. - o de bandana falou ironicamente e eu acabei por me irritar ainda mais porque eu fui gentil e ele foi um idiota.

- Desculpa pelo Tay, ele está num dia ruim, nós vamos falar mais baixo. Desculpa, boa noite. - um de estatura mediana, cabelos claros e olhos, acho que azuis, está difícil de ver com essa luminosidade, falou-me gentilmente.

Apenas acenei com a cabeça e murmurei um 'obrigada' que tenho certeza que eles escutaram e fui deitar.
-/-
No dia seguinte, logo que levantei já tomei uma chuveirada e vesti uma roupa fresca porque estava um dia bastante quente. Por volta das 9 horas da manhã eu desci para tomar café, mas Marggie havia faltado porque seu filho estava doente e acabei mudando os planos. Resolvi tomar café da manhã em alguma cafeteria na cidade.
Peguei o Porsche de minha mãe emprestado e perguntei a "Siri" sobre cafés na cidade. Ela me levou até um lugar bastante famoso localizado na Hollywood Boulevard chamado "Tiago Coffee Bar & Kitchen". Estacionei o carro e logo entrei no estabelecimento cheia de fome. Fiz meu pedido: panquecas tradicionais americanas, salada de frutas e um suco de laranja e escolhi uma mesa na calçada, estava um dia muito bonito e ensolarado para ser gasto dentro de um restaurante cheio de pessoas.
Não demorou muito para a comida chegar, no máximo uns 10 minutos. Comecei pela salada de frutas e quando fui pegar a última colherada desta fui surpreendida por Dave.

- Nossa, aposto que na Alemanha você não era tão saudável assim, Gogo. - Dave tirou uma com a minha cara enquanto se sentava na cadeira à minha frente.

- Claro que era, quer dizer, não tanto quanto sou aqui porque lá é frio e era bem raro irmos à praia, o que ajudava no fato de eu não me preocupar em acumular gordura. - ri da minha própria explicação assim como Dave.

Ele chamou o garçom e pediu um moccha.

- Como me achou aqui ?! - perguntei.

- Não que eu estivesse te procurando, mas eu estava no centro procurando um presente de casamento pra mãe e pro pai e por acaso te vi sozinha comendo essa coisa enquanto clamava mentalmente por companhia. - Ele inventou toda uma história de drama e me fez rir.

- Fala sério, Dave, o casamento é amanhã e você foi hoje procurar um presente ?! - gargalhei do seu jeito despreocupado.

- Ah, cada um faz o que pode.. aliás, você poderia me ajudar a achar alguma coisa pra eles. - sorriu-me amarelo.

- Tudo bem, mas você tem algo planejado ?! - perguntei.

- Ainda não, por isso preciso da sua aj... - foi interrompido por dois garotos.

- E aí, Butler ?! - o mesmo cara que havia sido grosso comigo ontem o cumprimentou.

- E aí, Caniff, Dallas ?! - cumprimentou os dois com um daqueles toques estranhos que garotos são ótimos em fazer.

- Ei, você não é a menina de ontem ?! - 'Caniff' dirigiu-se a mim e apenas acenei com a cabeça - Olha, foi mal, eu não queria ter sido grosso contigo, só estava estressado. - desculpou-se e eu sorri.

- Tudo bem.. não sou de guardar ressentimentos. - talvez eu fosse um pouco.

- Essa é a Margot, minha nova irmã . - Dave me apresentou ignorando as desculpas do amigo.

- Oi, sou Cameron, pode me chamar de Cam. - o mais alto falou.

- Taylor, pode me chamar de Taylor mesmo. - o de bandana brincou.

- Certo.. - sorri pra eles.

Eles continuaram a falar de algum assunto qualquer enquanto eu comia e logo se despediram de mim com um aceno de mão deixando a mim e ao meu irmão sozinhos.
Acabei por explicar a história de ontem para Dave e ele disse que Taylor era mesmo meio explosivo de vez em quando. Rodamos o Boulevard e no fim compramos um jogo de taças de cristal para nossos pais.

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Espero que gostem ;)
xx
Gabriela - Little_Sad_Girl

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⏰ Last updated: Dec 08, 2017 ⏰

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Margot || Ethan Dolan Fanfic || PT-BRWhere stories live. Discover now