Volta de Apresentação

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Ajeitei a minha jaqueta e pus uma mecha do cabelo atrás da orelha enquanto estava dançando ao som de uma música eletrônica que me era muito familiar. Jason Derulo? Provável que sim. Forcei um pouco mais a vista sob as luzes coloridas e pulsantes e levei ambas as mãos para o alto, balançando-as ao ritmo das batidas que guiavam o resto do meu corpo. 

Eu estava concentrada em me divertir, mas não o suficiente para me distrair. Virei-me para trás ao sentir um único toque, leve, em meu ombro, e dei de cara com um rapaz alto e forte. Ele era branco, de cabelo castanho, olhos grandes e claros, barba por fazer e um sorriso lindíssimo. Não pude deixar de soltar um "uau" dentro da minha cabeça, mas por fora, minha expressão estava tranquila.

— Oi, e aí?

Eu não esperava nada de diferente ou super especial, dado o ambiente no qual estava, mas precisei admitir que a chegada havia sido um pouco... decepcionante. Esperava mais criatividade ou coisa assim. Ou talvez minhas expectativas estivessem altas demais para uma boate.

— Oi. — Eu respondi de volta e sorri.

— Você é mesmo linda. Eu nunca te vi por aqui antes.

Se ele fosse um piloto em dia de corrida, eu diria que ele havia feito uma volta de apresentação fraca.

— Eu realmente não ando muito por aqui. Costumo ir em mais East London.

— Entendo. Gostando de Mayfair?

— Estou positivamente surpresa — Eu ri.

— Na verdade, quem está positivamente surpreso sou eu por ter te encontrado.

— Obrigada...

— James.

— Jessica.

Eu gostava daquele nome, e não era só porque era o mesmo nome do meu irmão mais velho. O James – que não era o meu irmão – me deu um sorriso cheio de segundas intenções, e me olhou de cima a baixo, porém, ele parou o olhar em meu rosto e fixou-se nele. Por um segundo, pensei que ele estivesses prestes a soltar uma daquelas cantadas toscas que alguns homens adoram usar, mas ele parecia me olhar como se estivesse observando alguém que pensava já conhecer e não se lembrar de onde.

— Seu rosto é mesmo fantástico, mas ele me é bem familiar.

— Vou deixar que adivinhe.

— Eu imagino que você acabe falando mais rápido do que eu tente adivinhar. Ser rápida é sua especialidade, né?

Eu não pude deixar de rir.

— Então você gosta de automobilismo? — Perguntei, surpresa.

— Sou fascinado.

— Legal... — Eu acabei deixando transparecer um pouco de desinteresse. Esse seria aquele momento em que o interesse dele estivesse resumido ao fato de eu ter uma profissão legal? Tedioso, caso se confirmasse. Mas eu sabia que estava sendo um pouco precipitada. Como ele havia dito, ser rápida era minha especialidade... e nem sempre isso era positivo. 

— Você está sozinha?

— Hmmm, na verdade, não.

Lamentei pela expressão de decepção do bonitão que estava diante de mim, mas não quis mais ficar ali por muito tempo para observar.

— Se me der licença, James... foi um prazer conhecê-lo. 

Eu sorri e me retirei de onde estava, indo até o bar e sentando-me ao lado de um rapaz moreno que estava com o celular na mão e uma lata de refrigerante à sua frente, sobre o balcão. Ele se virou para mim e abriu um belo sorriso receptivo. Eu havia achado o sorriso de James lindo, mas era daquele sorriso que eu gostava de verdade; de dentinhos pequenos, milimetricamente alinhados – e sem uso de aparelho ortodôntico; eu sabia disso –, que fazia com que os olhos dele ganhassem bolsas e as maçãs de seu rosto se curvassem. Mesmo com a iluminação fraca, eu conseguia ver bem seus olhos grandes e castanhos, me olhando com atenção, e também com muita ternura.

Brava AlmaWhere stories live. Discover now