Luto - Parte 4 (FINAL)

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27 de Julho de 2013
Sábado
10:58 AM

QUANDO A PORTA ABRIU, Noah viu uma Cléo diferente da de um mês atrás. Talvez foi o susto que ela tomou ao vê-lo ali, na sua porta, no outro lado da cidade.

– Noah? O que... – Cléo se interrompeu, tirou uma pequena folha que pertencia a algum arbusto da praça Angel Midleton do ombro de Noah. – O que você está fazendo aqui? Veio com o Jonas?

– Não – disse ele entrando na casa.

Casa não seria um bom nome para chamar aquele lar. Noah pensou em algo organizado demais, sem nenhum brinquedo no chão ou algo fora do lugar. Não conseguiu. A casa de Cléo era exclusiva.

Noah sentou no sofá e pousou a mochila ao lado. Cléo encarava o menino da porta, então a fechou, limpou a maçaneta com um lenço que tinha na mão e foi até ele.

– O que tem aí? – Cléo apontou para a mochila.

– Meu cofre, eu não queria andar com ele na mão – disse ele. Noah abriu e pegou o porco de plástico rígido e mostrou a ela.

Cléo subiu uma sobrancelha.

– Por que você está com esse cofre? – Ela perguntou.

– Pra pagar a passagem do ônibus.

– Ah, certo – Cléo sentou no sofá, depois, subitamente, olhou assustada para Noah. – Prapagaroquê? – Sua voz falhou na última palavra.

– A passagem do ônibus – repetiu ele. – Não se preocupe, tia Cléo, um homem me ajudou.

– Quem era esse homem?

– O nome dele é Disney.

Hmm realmente, é um nome muito comum – falou Cléo, ficando de pé. – Vou ligar para o seu pai, você é novo demais pra se locomover sozinho na cidade.

– O papai tá chorando, você não vai conseguir falar com ele.

– Então eu ligo para o Jonas, seu irmão...

– Ele não tá em casa, ele saiu... Ele tinha açúcar num pacotinho transparente.

– Açúcar? – Perguntou Cléo.

Uh-hum.

Cléo levou a mão a cabeça. Noah a viu resmungar alguma coisa, ele só conseguiu entender Cléo resmungar algo como aquilo não era açúcar.

– Certo, então. Eu mesmo te levo, Noah.

Ela pegou uma chave do chaveiro na parede, havia outras chaves ali, divididas por cor. As douradas no primeiro gancho, as prateadas no segundo. Cléo pegou a que estava no terceiro gancho, a do carro.

Ela guiou Noah até a garagem, e em segundos já estavam na rua.

– Noah, você não pode sair sozinho, entendeu? – Ela o encarou. – Põe os cintos de segurança, por favor, obrigada. O seu pai, Noah, está sofrendo muito com a morte da Sarah, e depois ele vai se dar conta que tem você e seu irmão pra cuidar. Dê só mais tempo a ele. Bem, sabe, a Sarah... Sua mãe ligou pra mim na noite que ela... Você sabe, morreu.

– Ela não morreu, ela foi assassinada.

– Isso, exatamente. E Noah, seja lá quem fez isso, a polícia vai pegar.

Hmm, tia Cléo.

– Sim?

– O que a mamãe e a senhora conversaram no dia quando ela ligou?

Adolescentes em CriseOnde as histórias ganham vida. Descobre agora