Sou um cara bonzinho.

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Jonas Bencke

Estou com fome. Estou aqui a dias. Apenas jogam água em mim pelas grades e aproveito para tentar beber. Comida? Apenas folhas. Folhas não são comida. Não são. Isso é culpa do Traidor. Eu podia estar livre. Eu quero ser livre.

Eu devia ter ido sozinho. Confiar é sempre uma cilada. Natan foi um erro. Um erro enorme. Dói ficar apertado aqui. O cheiro está horrível. Querem me matar. Eles querem mas não vão! Não vão. Eu quero sangue. Eu preciso do sangue. Não do meu, de sangue doce. Sangue quente. Preciso. 

Alguém abre a porta. Abre e eu caio para fora tossindo. Meu corpo dói. Tudo dói. É muito claro, não consigo abrir os olhos direito. Recebo um belo chute na boca do estômago. Sou puxado pelo corredor até uma das salas de tratamento. Ainda e estou na maldita camisa de força. Me prendem numa cadeira. Uma cadeira.

Meus olhos se acostumam agora. Agora. Pisco algumas vezes. É o Erick. Maldito Erick. Tem alguém do outro lado da sala. O cheiro é doce. Uma mulher. Uma mulher! Puxo meus braços para tentar morder. Preciso me soltar. Preciso morder. Um pouco. Só um pouco de sangue. O sangue. 

Alguém me furou. Me furou. Tem uma agulha no meu pescoço. Tem algo entrando. Um líquido. Me faz ficar enjoado. Enjoado demais. Olho para a mulher. Seu cheiro. Delicioso. Sangue. Eu quero seu sangue. Doce. Quero o doce.

Enjoado. Puxo os braços. O sangue vai me curar do enjoo. Eu preciso!! Morder uma vez só. Eu preciso do sangue. Enjoado. Ela se aproxima. Ele mexe no líquido. Enjoado. Muito enjoado. Ela se aproxima mais. Mais. Muito perto. Ela também usa uma camisa de força. É facil de pegar. Fácil morder. Cabelos curtos e escuros. Adoraria morder. Eu preciso.

Preciso vomitar. Vomitar. Vomitei em cima de mim mesmo. Estou preso. Preso! 

– Então, Jonas. Você vai aprender a se comportar. – Erick maldito. – Todo vomitadinho...

Me deu dois tapinhas no rosto. Tentei morder sua mão, mas em vão. Não estou forte o suficiente. Ele tira minha fucinheira. Tira e puxa a mulher ainda mais perto. Estou enjoado. Enjoado. O sangue é doce, quente, gosto de ferro. Eu preciso!! Eu quero um pouco! Gosto de ferro na minha boca. Gosto de vomito. Enjoa. 

Ele a empurra e a faz sentar no meu colo. Quero morder. Quero. Enjoado. Maldita. Maldita! Ela cortou o Phelipe! Foi ela. Ela cortou! Matou. Ele morreu. Por caulpa dela. Foi ela!! 

Puxo as amarras com força. Preciso sair!! Eu preciso sair!! Enjoado. Novamente enjoado. Já vomitei todas as malditas folhas que me obrigaram a comer esses dias. Quero um pouco. Só um pouco do sangue dela. Ele empurra o corpo dela contra o meu e ela acaba encaixando as pernas no meu quadril. Tão perto.

Tão perto!! Mordi. Consegui morder o pescoço dela. Mordi e puxei. Sangue! Doce, quente, ferro. Tão cheio. Minha boca. Minha. Ela saiu linda de sangue, chorando. Linda! Eu posso te deixar mais linda! Não vai embora!

Erick me acerta. Faz o soro pingar mais. Mais. Enjoado. Muito enjoado. Vomito de novo. De novo. De novo. Maldito Griffin. Está rindo. Rindo. Puxou a agulha do meu pescoço. Pegou pela camisa de força e me arrastou pelo corredor de novo. Me arrastou para a sala que eu conheço. Eu conheço!

– Hora de queimar essa cabecinha, Jonas. – Prendeu minhas pernas na cama. Chamou ajuda. Soltaram meus braços da camisa de força para amarrar na maca. 

Preciso sair. Preciso!! Eu não vou tomar choque! Não vou! Acertei o nariz de um dos enfermeiros. Ele caiu pra trás. Acertei o pescoço do outro. Bati com a cabeça do terceiro na maca. Soltei meu primeiro pé. Griffin está chamando ajuda. Soltei o segundo pé.

Agarrei pela gola e joguei Erick na minha maca. Acertei a cara dele o suficiente para deixar tonto. Amarrei os pés. Amarrei as mãos. 

– "Que tal queimar?!" – Coloquei aqueles fios na cabeça dele. Todos certos igual faziam comigo. Filho da puta não vai escapar. Jatene ja teve o que mereceu, agora Griffin também vai ter. 

Liguei a máquina. Vi o médico, psicólogo, que seja! Estribuchar. Finalmente uma cena agradável! Acertei seu estômago enquanto babava. Acertei algumas vezes. Desliguei e liguei de novo. 

– ESTÁ GOSTANDO DO PASSEIO A ILHA DO INFERNO, DR. GRIFFIN?! – Desliguei e aumentei a frequência. – Cem por cento! Igual você e o Jatene fazem comigo! 

Liguei de novo. Liguei e deixei. Todo esticado. Babando. Vomitando. Se mijando. Se cagando! Que cena linda, cara! Desliguei. Não quero que ele morra. Não ainda.

Apaguei os enfermeiros que estavam já acordando. Não é tão difícil. Peguei um bastão de metal da parede, estava segurando alguns fios, puxei. As luzes apagaram. Não ligo. Preciso descontar o que esse filho da puta fez comigo. 

– Lembra disso, Griffin?! Lembra?! – Encosto na cara dele com força para uma das pontas o cortarem. – Você não devia brincar com loucos! 

Puxo a calça toda cagada pra baixo e tenho o prazer de enfiar bem fundo aquele metal no rabo desse desgraçado. Ele grita alto o suficiente. Grita e se contorce.

 É bem ruim ter algo no cu, não é?! – Ele berra de dor. Fresco! Percebo que está na hora de ir embora depois de dar uma mexidinha nada delicada no meu metal. Dou um tapa na cara dele para fazer o médico olhar pra mim.

– Eu devia te empalar, mas sou um cara bonzinho. 

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