11. Sobre uma garota

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<<Kurt Cobain

Percebi que Hess gostou tanto de receber as flores que me arrependi de não ter feito um buquê maior.

- Dá próxima vez vou pegar mais flores. – murmurei entrando no apartamento dela.

- Seja bem vindo... – ela disse jogando a mochila em cima do sofá.

- Então é aqui que a senhorita se esconde. – me joguei no sofá.

- Intimidade é uma droga mesmo. – ela disse colocando as mãos na cintura me olhando colocar o pé no sofá.

Sorri.

- É bonito aqui... Gostei dessa guitarra desenhada aqui no centro... – apontei para o grande carpete.

- Tá com fome? Comprei hambúrguer. – ela foi indo em direção a um balcão que dividia a sala da cozinha.

Levantei-me do sofá e fui atrás dela.

- Eu aceito... – respondi e ela tirou de dentro de uma sacola um hambúrguer e me entregou. Logo eu a vi deixar as flores num vaso ali mesmo.

- Você não vai comer? – perguntei dando uma mordida no hambúrguer.

- Eu estava com fome, mas sei lá... – ela fez uma careta e apontou para sua barriga.

- Mas que droga Amélie! – falei de boca cheia fazendo ela rir. – Você não está tomando os remédios?

- Talvez eu tenha esquecido hoje. – ela disse pegando o refrigerante e me servindo. – Você tem cigarros ai?

- No meu bolso. – murmurei.

Ela se aproximou de mim com seu jeito divertido e enfiou a mão no bolso da minha calça.

- Cuidado onde vai pegar mulher. – sorri de canto e ela deu um tapa no meu braço me fazendo rir.

- Doeu. – falei dando um gole no refrigerante.

Ela pegou o cigarro e colocou na boca.

Eu achava Amélie incrivelmente bonita, seu rosto meigo e sua voz melosa, me faziam lembrar uma criança feliz. A ruiva com sardas é baixinha, seus olhos castanhos claros me lembravam jabuticabas, uma fruta que uma vez vi num livro. Amélie é tranquila, paciente e alguma coisa me dizia que ela era muito triste também. Eu tenho que ajuda-la, eu preciso dela, e ela de mim.

Nas duas semanas conturbadas que se passaram, eu senti tanto a falta dela que talvez ela nem imagine.

Como uma pessoa pode entrar na sua vida e te dar uma paz tão grande em tão pouco tempo?

Ela pegou o isqueiro e acendeu o cigarro, então senti que a garota aliviou um pouco.

- Como está sua mãe? E a Kim? – ela perguntou.

- Não sei... – fui sincero.

Ela me olhou surpresa e deu uma tragada em seguida.

- Não sabe onde está a sua mãe?

- Brigamos... Sai de casa. – respondi simples.

Hess começou a tossir como se tivesse se engasgado com a noticia.

- O que diabos você fez? – ela questionou e jogou o cigarro na pia.

- Não quero falar disso agora. – deixei o resto do hambúrguer no balcão e voltei para a sala. Ela veio atrás.

- Kurt...

- Não. Não quero falar. – não sei se fui grosso, mas ela se calou e sentou no sofá silenciosamente.

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