Teen Spirit

9. Seattle Again

Eu estava no quarto de Kurt quando ouvi uma batida na porta.

- Amélie? - era a voz de Kim. - Posso entrar ou está nua? - o seu tom era brincalhão.

- Entre... - falei timidamente.

Kim entrou com seu habitual sorriso, ela tinha em suas mãos um par de roupas.

- Olha... Trouxe esse pijama, Kurt colocou suas roupas para secar.

Peguei o pijama das mãos dela.

- Obrigada Kim.

- Me desculpe pelo meu modo de brincar... Eu entendi que estava apenas tirando a roupa para não molhar a casa. - ela sentou na borda da cama.

- Ah que ótimo! Eu já estava achando que você e sua mãe pensavam que eu estava fazendo strip para o Kurt. - eu vestia um blusão do Kurt, então apenas vesti a parte debaixo do pijama ali mesmo na frente de Kim.

- E estava mesmo... - Cobain entrou no quarto.

- Ah! Claro que estava... - entrei na brincadeira.

- Que casalzão... - Kim disse e eu corei.

- Vim chamar as duas ladies para jantar... - o loiro foi em seu guarda roupa e pegou um par de roupas.

- Você tá bonitinha com essa blusa do mano... - Kim olhava para mim.

- É a minha preferida... - Kurt me olhou sério. - Eu ia vestir ela agora.

Corei de novo.

- Desculpa! Eu não sabia Kurt... Vou tirar ela. - falei e ele gargalhou.

Ótimo. Ele tirou o dia para zoar.

- Eu estou brincando... Pode ficar com ela. - ele piscou para mim e saiu.

Kim deu de ombros.

- Ele não bate bem amiga... Caiu no chão e bateu a cabeça quando era criança.

Gargalhei.

- Eu estou ouvindo isso sua cabeça oca! - ouvimos a voz dele do corredor.

- Vem! Vamos jantar! - Kim me puxou e saímos do quarto indo em direção a cozinha onde já se podia sentir o aroma delicioso da comida da dona Wendy.

***

Depois que terminei de comer e lavei meu prato, fui para a sala de estar e fiquei sentada no sofá observando a família.

Kurt como sempre caladão, porém seu olhar exalava amor por sua irmã e mãe. Vez ou outra eles se xingavam sempre na brincadeira fazendo Wendy repreende-los.

A família de Kurt não era uma família triste, era alegre.

Kim e Wendy eram muito atenciosas e receptivas, e eu gostaria de entender onde estava o erro ali. Porque Kurt se sentia tão só? Porque aquele lar cheio de amor o fazia se sentir mal?

Respirei fundo e fitei meus pés. Para mim aquilo já seria o suficiente.

Ter uma família alegre daquele jeito.

- Hess? - a voz de Kurt me tirou dos devaneios.

- Oi...

Ele sentou-se ao meu lado.

- Tudo bem?

- Sim... - menti.

- Certeza?

- Kurt... Sua família é maravilhosa... - cochichei ainda tentando entender.

- Também acho. - ele cochichou de volta.

- Então qual o problema? - minha pergunta soou um pouco indignada. Eu via problemas que certamente ele ainda não via, talvez.