5. O Sabonete

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Esquadrinhei meu sabonete minuciosamente, à procura de evidências que comprovassem o crime

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Esquadrinhei meu sabonete minuciosamente, à procura de evidências que comprovassem o crime. Que me confirmassem que Arnaud realmente havia tomado banho com ele. E lá estava ela: a comprovação daquele ato libidinoso, da profanação, do sacrilégio. Meu sabonete fora violado por aquele homem, e a prova disso era um fio, fino e quase imperceptível, de cabelo loiro colado na espuma seca do sabonete. Não havia ninguém com cabelos loiros naquela casa. Era dele.

Pensei em jogá-lo fora. Eu era extremamente higiênico e um pouco individualista, não gostava que usassem minhas coisas, especialmente quando se tratava de itens de higiene pessoal. Uma vez meu irmão usou meu sabonete e o joguei instantaneamente no lixo. Mas aquele sabonete ali, o usado por Arnaud, que o passou em todo seu corpo, em vez de jogá-lo fora, eu o cheirei. Queria saber qual cheiro era mais forte, o do sabonete ou o do seu corpo. Queria saber qual persistiria ali.

Entrei debaixo do chuveiro e, quando menos esperei, eu estava esfregando aquele pedaço de sabão no meu corpo. No rosto, descendo pelo meu pescoço, peito, roçando em meus mamilos, que agora estavam duros, pela minha barriga, até minha virilha. Estava quase sem fôlego, dando longas e profundas aspiradas de ar, com os olhos fechados, esfregando o sabão em meus pelos pubianos e órgãos, formando uma espessa espuma. Fui escorregando pela parede até me sentar no chão, o mesmo chão que há poucos minutos Arnaud estivera em pé, nu, por onde havia escorrido a sujeira de seu corpo. Eu pensava no corpo dele, as partes que eu havia visto, e as partes que não, pensava naquele sabonete, e em como o sabonete havia percorrido cada parte do corpo dele. Queria pegar as células mortas de sua pele que haviam ficado ali naquela espuma e esfregá-las em mim, queria ter uma parte de seu corpo no meu.

Ejaculei sem nem ter tocado em meu membro. Tentei fazer silêncio, as paredes eram finas, alguém no corredor poderia escutar, mas deixei escapar um gemido, não resisti, um gemido longo, exausto, desesperado. Um gemido de quem há muito tempo era privado de prazer, ou que nunca havia visto prazer antes. Um gemido de alguém que ansiava por um prazer que nunca havia tido.

 Um gemido de alguém que ansiava por um prazer que nunca havia tido

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Saí do banho enrolado na toalha. Meu cabelo ainda estava molhado, pingava sobre meu ombro e escorria em meu tronco. Gostava de terminar de me secar com o vento que soprava pela varanda de meu quarto.

Ilhados - [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now