2. A Vista

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AVISO: como o primeiro capítulo dessa história possui conteúdo adulto, ele é marcado como privado e pode ser que esteja oculto para algumas pessoas. Nesse caso, é só me seguir que ele aparece (sigo todos de volta!). Desculpem pelo transtorno :p beijos!


Ele tinha cerca de 30 anos, talvez mais, 35, podia notar pelas suas rugas de expressão, um vinco profundo em sua testa, entre suas sobrancelhas grossas, sinal de que, provavelmente, era uma pessoa séria e mantinha em sua cara, frequentemente, uma ...

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Ele tinha cerca de 30 anos, talvez mais, 35, podia notar pelas suas rugas de expressão, um vinco profundo em sua testa, entre suas sobrancelhas grossas, sinal de que, provavelmente, era uma pessoa séria e mantinha em sua cara, frequentemente, uma expressão austera. Tinha uma barba espessa, que não recebia tratamento há meses, e um bigode que chegava a cobrir seus lábios. A barba e o bigode eram da cor de seus cabelos, um loiro escuro, esverdeado pelo sol, e perto das costeletas estavam ficando cinza. Vestia uma regata de algodão lilás, folgada e cavada. Podia ver os pelos, abundantes, mas curtos, de seu peito. A regata estava torta, então seu peito estava parcialmente à mostra, podia ver parte de seu mamilo, coberto por pelos loiro-acinzentados.

- Prazer, sou Arnaud. Enchanté - disse ele, estendendo o braço para eu apertar sua mão, com um sotaque pronunciado. Sorriu para mim, evidenciando as rugas pé-de-galinha no canto de seus olhos castanho-esverdeados, que davam-lhe o charme da maturidade. Olhou diretamente em meus olhos.

Eu devo ter ficado congelado encarando ele por alguns segundos, pois senti uma cotovelada de meu pai em minha costela. Dei-me conta de meu vexame e rapidamente apertei a mão do senhor Sotaford-Dortnellas, que agora eu sabia que se chamava Arnaud. Arnô, em seu sotaque.

A mão dele estava quente, pegando fogo, ou talvez a minha estivesse gelada demais. O que era estranho, já que eu havia acabado de sair do sol. Torci para ele não me reconhecer, para ele não dizer Ei, você é aquele garoto que eu vi nadando no rio, com aquela garota pelada. Minha mãe iria morrer, ela não gostava que eu fosse para aquele lado da ilha. O mar era violento e a correnteza do rio muito forte, dizia. Mentira, ela não gostava dos moradores daquele lado. Se soubesse que eu estava com Elisa, pelada, seria outro infarto. Para minha sorte, ele não disse nada. Talvez nem se lembrasse, ou não me reconheceu. Apertou minha mão com firmeza e pensei ter visto ele dar uma piscadela em um olho. Soltou minha mão e se curvou para pegar suas malas.

- Pode deixar que Nico leva lá para cima - disse minha mãe, então olhou pra mim e levantou as sobrancelhas, mandando eu me apressar.

- Não precisa, já sou grandinho - brincou ele, e pegou as malas. Minha mãe riu, divertida com a descontração do homem. - Ele pode me mostrar onde é o quarto - disse Arnaud, olhando para mim.

- Sim, acompanhe ele, Nico. Os lençóis já estão trocados e tem uma toalha limpa em cima da cama. Mostre a ele onde é o banheiro - disse minha mãe, sorridente como sempre. - O almoço fica pronto daqui a pouco - acrescentou, retirando-se e indo para a cozinha.

Eu morava em uma casa de dois andares, branca com janelas azuis, toda coberta por trepadeiras, com um amplo terraço que a circundava. No térreo, apenas uma sala, uma grande cozinha, um banheiro e o escritório do meu pai. No piso superior ficavam os três quartos, o meu, o do meu irmão, que agora estava vazio, e o dos meus pais. Além de dois banheiros. Cada quarto também tinha sua varanda, separadas, e tinham vista para a parte de trás da casa, para o mar. Tínhamos uma vista privilegiada. Não havia praia ali, entretanto, apenas uma encosta cheia de pedras. No alto da casa havia uma caixa d'água de concreto, onde podíamos subir por uma escada. Funcionava como uma pequena laje, ou um mirante. De lá podíamos ver as grandes montanhas ao sul da ilha. Ao norte, à noite, dava para se ver as luzes da Ilha Grande, no horizonte, à distância, e seu céu alaranjado pelas luzes da metrópole. Aqui, ao menos, podíamos enxergar as estrelas, sem toda aquela poluição luminosa dos resorts e cassinos da cidade grande. Chamavam aquela ilha de Ilha Grande devido à sua grande cidade, que beirava um milhão de habitantes, população essa que dobrava na alta estação. Mas a nossa ilha era a maior do arquipélago, que somava cerca de 7 ilhas. Éramos protegidos por leis ambientais, e a maior parte da ilha era coberta por florestas e montanhas. Nossa cidade, então, era pouco desenvolvida, com menos de 10 mil habitantes, sem resorts, sem cassinos e nem cabarés, apenas pequenas pousadas e bares. Aqui a criminalidade era quase nula, e acho que era isso que atraía os velejadores. Pessoas que passavam meses na imensidão e calmaria do oceano certamente almejavam tranquilidade. Isso não os impedia, embora, de visitar a Ilha Grande vez ou outra.

Ilhados - [DEGUSTAÇÃO]On viuen les histories. Descobreix ara