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CINCO, SEIS.... SETE! Tudo certo!

Ouvi uma batida na porta atrás de mim.

— Que bagunça... — Rogue murmurou, entrando no meu futuro antigo quarto. Observou o chão cheio de coisas velhas que joguei de qualquer jeito enquanto terminava de arrumar minhas coisas. — Pode me dizer quem vai limpar tudo isso depois que se for, senhorita Heartfilia? — Abraçou-me carinhosamente.

— É claro que é você. — Dei-lhe um beijo estalado na bochecha.

— Por acaso sou seu empregado? — Questionou, enquanto desvencilhava-me de seu abraço cálido e terminava de arrumar alguns objetos em uma caixinha.

— Quase isso. — Ri ao ouvi-lo reclamar. — Por que está aqui? — Indaguei fechando minha mala.

— Consegui permissão do seu pai para levá-la até a estação. — Girou a chave de cabo negro ao dizer isso. — Vou ser o último a se despedir.

— Mas é claro — Levy apareceu na porta, sorrindo abertamente para Rogue — que não! Cheney, a Lu-chan dará adeus para mim por último.

— Como namorado dela, posso dizer que estou em um nível mais alto que o seu. — Replicou o moreno, olhando-a com divertimento. — Aliás, estou acima de você em vários tipos de níveis. — Para implicar um pouco, ele passou a mão por cima da cabeça da azulada e depois da sua, como se comparasse a altura de ambos.

— Rá! Isso não vai adiantar hoje, Rogue! — Levy exclamou, vindo até mim e envolvendo-me em um abraço. — Além disso, você é ex agora. Melhores amigas antes de ex-namorados.

O moreno limitou-se a erguer uma sobrancelha.

— Só irei me despedir de meu pai. — Informei. — E então podemos ir.

— Certo! — Levy concordou com a cabeça e seguiu Rogue até a saída.

— Estaremos esperando no portão! — Meu (ex) namorado avisou.

Segui-os até a escada, descendo-a com cuidado. O Cheney pegou minha única mala e levou-a para o carro, enquanto andava pela casa, meus olhos captando cada detalhinho do lugar aonde vivi minha vida inteira. Observei carinhosamente a marca na borda da mesa da cozinha, resultado de uma tentativa falha de preparar bolinhos de arroz com mamãe quando era mais nova. Ao passar pelo corredor que levava ao pequeno e organizado escritório de papai, parei na frente do memorial preparado para Layla, rezando por sua proteção durante essa viagem.

Bati na porta, sentindo meu coração doer apenas de imaginar que seria a última vez que ouviria (e veria) papai dizer "entre", cercado por documentos complicados demais para eu entender.

— Vim me despedir. — Abri um enorme sorriso para ele. — E agradecer por aceitar minha proposta.

Seus olhos amendoados avaliaram-me.

— Ainda dá tempo de desistir e ficar aqui comigo. — Murmurou esperançoso.

Soltei uma curta risada.

— Ora, papai! Estou tentando correr atrás de meu sonho aqui! — Fingi bronquear.

— Eu sei, eu sei... — Soltou um suspiro, levantando da cadeira de couro e caminhando lentamente em minha direção. Enlaçou minhas costas em um abraço apertado e cheio de preocupação. — Escute, Lucy: tome cuidado ao chegar a Magnolia. Esses lugares guardam muitas surpresas, assim como situações vergonhosas e perigosas.

— Entendi. — Afirmei, meneando minha cabeça para dar mais ênfase. — Serei cuidadosa!

Olhou em meus olhos, a preocupação estampada em seu rosto. Não entendi com o que ele estava tão preocupado. O que haveria de perigoso em Magnólia que não teria em qualquer outro lugar do país?

— Vai ficar tudo bem mesmo? — Perguntou.

— Farei o possível para que fique. — Mostrei-lhe meu melhor sorriso confiante.

Ele soltou um bufo, como se estivesse tentando convencê-lo de algo que sabia que não era verdade. Pegou-me de surpresa ao abaixar um pouco e começar a beijar minhas bochechas, seguindo até a testa.

— Estude muito, sorria mais. — Aconselhou. — E mantenha contato!

— Pode deixar! — Abracei-o, ouvindo seus batimentos cardíacos calmos. — Darei notícias sempre que possível.

Sorriu, beijando minha testa novamente.

— É melhor você ir agora.

Concordei e, juntando coragem e fé, fui até Rogue.

O caminho até a estação foi animado. Levy, Rogue e eu relembramos alguns momentos divertidos que compartilhamos, a azulada deu-me um livro de presente que tive certeza e Rogue aconselhou-me a tomar cuidado com "lobos da cidade". Não sabia que na cidade grande haviam lobos, mas viver é estar em constante aprendizado, não?

Surpreendi-me com o tamanho do trem. Já havia andado algumas vezes quando menor, no entanto não lembrava da locomotiva ser tão grande.

— Bem... — Murmurei, virando-me para os melhores amigos que alguém poderia ter. — Creio que é hora de dizer adeus.

Levy deu uma cotovelada em Rogue, como se fosse para ele se despedir primeiro.

— Você que deveria ir primeiro, Levy. Nunca ouviu a frase "as crianças primeiro"?

— O que está querendo insinuar? — Ela irritou-se.

— Desse jeito parece que nenhum quer se despedir de mim.... — Intervi, fazendo uma expressão triste.

— Ack! — Rogue exclamou. — Não é isso, Lucy! Sabe que eu... nós dois a amamos muito, por isso...

— Exatamente, Lu-chan! Queremos que lembre-se da última pessoa que lhe abraçou com mais carinho e...

— Ou seja, eu... — Rogue cortou-a.

— Quis dizer eu, não? — Levy apontou para si mesmo.

Ri.

— Realmente... realmente vou sentir falta de vocês dois. — Berrei, pulando no meio dos dois e envolvendo o pescoço dos dois em cada braço.

Ficamos parados ali por algum tempo, até que o apito soou e fui forçada a entrar na locomotiva.

Observei os dois e os pastos verdes de Lupinus ficarem para trás. No meu colo, o livro que Levy me dera atraí-me, como se houvesse um imã puxando-me.

Sorri, abrindo na primeira página e pensando o como aquilo parecia com o que estava praticando o momento.

Ir para Magnólia era um novo início. E mal podia esperar para ver a história que se desenrolaria a partir disso.



~~~N/A~~~

Isso se passa (obviamente) antes de MEM.
E... fim. A partir daqui todos sabemos o que aconteceu, não? SHADAJ
Gostaria de agradecer todo mundo que clicou para acompanhar, favoritou e comentou. Amo vocês e nos vemos em qualquer outra fanfic por aí! ♥  

Todos são estranhos, afinalWhere stories live. Discover now