Siga as estrelas.

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O medalhão lhe foi entregue aos quatorze anos, havia um envelope  e dentro havia um bilhete escrito a mão, uma letra muito charmosa e elegante, o bilhete ele só recebia agora, aos dezoito anos e prestes a sair daquele local, Louis o virou na mão o...

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O medalhão lhe foi entregue aos quatorze anos, havia um envelope e dentro havia um bilhete escrito a mão, uma letra muito charmosa e elegante, o bilhete ele só recebia agora, aos dezoito anos e prestes a sair daquele local, Louis o virou na mão o avaliando detidamente, era a escrita da sua mãe, aquela que ele nunca conheceu, mas mesmo assim ela o amou o suficiente para lhe deixar isso. Leu o bilhete curto, na verdade uma única frase num papel amarelado pelo tempo em caneta azul simples.

"Siga as estrelas..."

O rapaz suspirou e agradeceu a irmã que sempre foi sua melhor amiga naquele orfanato católico, mas na verdade sentia-se muito feliz em deixar as velhas paredes gastas pelo tempo, a velha cama que era dura demais, os cobertores finos e gastos e aqueles infindáveis, realmente infindáveis compromissos com uma fé que ele não conhecia realmente, não que fosse ateu, ele acreditava em Deus, mas não gostava dos rituais sempre iguais das missas, o medo imposto as crianças sobre o inferno, caso fossem maus, e havia ainda as horas e mais horas gastas com o terço, ele se cansava disso e muitas vezes ficou sem o jantar por não orar adequadamente. Definitivamente ele se sentia bem em ir embora finalmente.

Pegou a pequena mochila que continha tudo que possuía no mundo e guardou o bilhete dentro.

-Adeus irmã Dulce, cuide dos meninos, principalmente dos mais jovens, sabe que é duro pra eles.

A irmã sorriu, Louis desde de que chegou, ainda somente um bebezinho era doce, nunca chorava e quando foi crescendo se mostrou adorável com as outras crianças, com quatro anos se apegou aos mais carentes que ele mesmo, os pequenos e medrosos, dividia seu lanche e os ajudava sempre, e chorava copiosamente quando eram adotados, lágrimas de alegria, muito embora ele mesmo nunca tenha sido adotado, apesar de seus impressionantes olhos azuis e beleza evidente, isso provavelmente se devia ao fato de não sorrir como deveria, de não ser como os outros, ele se escondia quando alguém vinha visita-los, deixando para os outros a chance de serem levados embora, mas a seu modo ele era feliz, fez amigos, era um bom aluno, na verdade um dos melhores.

-Querido cuide-se, espero que esse pequeno bilhete possa lhe trazer algum conforto, sei que não é muito, mas é tudo que temos de sua mãe, ela apenas o deixou na porta com isso, guardamos para quando estivesse adulto.

-Sei disso irmã, tudo bem, talvez ela simplesmente não fosse capaz de cuidar de um bebê...Mas eu estou bem e ficarei melhor.

-Seja feliz meu querido e que Deus o acompanhe.

-Amém irmã...Adeus, por favor diga adeus por mim a irmã Clarice.

Saiu do orfanato e respirou o aroma da liberdade, não era grande coisa no fim das contas, e ele apenas seguiu para seu último dia na cafeteria, tinha um plano em mente, recebeu o endereço de uma casa de assistência para jovens em fase de transição, mas tinha outros planos, com o dinheiro iria mudar de cidade e recomeçar, mas por hora entrou no estabelecimento dando um oi ao rapaz que limpava o chão com uma cara de cansado ou entediado e avistou sua amiga, seguiu até ela, pegou seu avental e recebeu seu sorriso radiante.

Segredos da Lua.Where stories live. Discover now