12 - Os Cantos Sombrios da Mente

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— Me desculpe — ele pediu. Sentia remorso, muito remorso. — Eu devia ter te ajudado.

Apesar de ainda segurar o seu braço, a garota parecia morta. E ela continuou imóvel e estática enquanto afundava na banheira, pouco a pouco suavizando o toque que envolvia o escritor. Quando a menina sumiu, Raymond se deixou cair sobre o chão gelado e ficou respirando sofregamente até que a porta do banheiro se abrisse sozinha. Quem entrou por ela foi Carmem.

— Você lembra do seu agente, Raymond? — perguntou ela.

Ernest encarava a mancha roxa que começava a se formar em seu braço. Tinha o exato formato dos dedos da garota morta da banheira.

Olhou para Carmen e balançou a cabeça positivamente. 

— O— o que tem ele?

Carmem andou até onde ele estava e se abaixou ao seu lado.

— Ele também morreu por sua causa. Todos eles morreram.

— Eu... Eu não fiz isso. Foram vocês!

Carmem sorriu. Então puxou o escritor até que ele estivesse em pé. Só então ele percebeu que não havia pedra alguma amarrada ao seu tornozelo.

— Você é muito ingênuo — disse.

O escritor andou ao lado da psicopata para o lado de fora do banheiro. Quando passaram pela porta, ele esperava um quarto de hotel, mas o que encontrou foi o quarto de sua filha.

Chloe dormia em sua cama tranquilamente. Raymond, apesar de saber que não era real, se aproximou dela e ficou genuinamente feliz de poder ver o seu rosto.

— Olá, docinho.

Surpreendentemente, a filha acordou. Olhou-o nos olhos e sorriu:

— Olá, papai. Senti saudades de você!

— Eu sinto muito. Prometo que ficarei por perto de agora em diante.

O sorriso no rosto dela sumiu.

— Você não pode. Mamãe pediu para a titia Scarlet te proibir de ficar perto da gente. Ela disse que você preferia a companhia das psicopatas.

— Isso não é verdade.

— Então por que continua sem poder nos ver? 

Raymond segurou o impulso de chorar. Então percebeu que Carmem estava parada perto da porta, com os braços cruzados.

— Por que estão me fazendo ver tudo isso? — perguntou a ela.

— Raymond, nós estamos do seu lado.

Com as mãos sujas de sangue o escritor acariciava os cabelos da filha, que o olhava fixamente. Não se importava com a sujeira. Estava certo de que nunca mais a veria novamente.

— Não, não estão. Vocês acabaram com a minha vida!

Ele sentiu Carmem sorrir.

— Nós não fizemos nada, Raymond. Só o observamos dançar junto com a loucura.

Ernest se virou para ela. Parecia confuso.

— Do que você está falando?

— Nenhuma de nós sete matou o seu agente, ou a garota do lago. Nós não sequestramos a sua filha, Raymond, e nunca nem chegamos perto da sua cabana.

Ele engoliu a seco. Pensando em retrospectiva, nunca as viu realmente fazer nada. Ele sempre chegava depois.

— Se não foram vocês, então quem foi?

7 Psicopatas (COMPLETA ATÉ DIA 25/11)Where stories live. Discover now