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Quando os três chegaram ao Instituto Robert Ryan, se assustaram; o lugar estava um caos. Havia fumaça saindo pelas frestas da porta principal, onde inúmeros empregados se aglomeravam contra o vidro em um desespero quase avassalador. O prédio pegava fogo, e eles estavam presos lá dentro.
Assim que o carro parou, Raymond e Sara saltaram dele para correr os poucos metros do estacionamento asfaltado até a porta. A fumaça já não permitia que nada do lado de dentro fosse visto, as mãos espalmadas contra o vidro apareciam ensanguentadas de vez em quando. Quando Raymond viu Diana, seu coração afundou. Ele ficou paralisado, olhando o rosto delicado dela sujo de fuligem, os olhos arregalados e amedrontados. Ele precisava salvá-la.
- Temos que quebrar o vidro!
- É a porta de um hospício, você acha que conseguiríamos? - rebateu Sara - Nós temos que entrar ou tentar conter o fogo. Venha.
Com um pouco de dificuldade ele abandonou a imagem e Diana para seguir Sara pelo estacionamento, dando a volta no prédio. A saída de emergência, dos fundos, estava trancada por fora com um grande pedaço de madeira causando pressão. Sara e Raymond se olharam. É claro que o incêndio não era uma coincidência, alguém tinha provocado aquilo. Com certeza, eles pensaram, uma psicopata. Já sabiam até mesmo por qual delas.
Raymond puxou o pedaço de madeira e o jogou no chão. Sara entrou no prédio assim que a passagem ficou livre. Para agilizar, o escritor pegou o telefone de Sara e ligou para Carmem pedindo que ela fosse até o vidro e avisasse às pessoas que havia uma saída nos fundos. Não podiam esperar para dar a volta no local, havia muita fumaça. Os funcionários precisavam começar a correr para encontrá-los no meio do caminho.
Dentro do hospital eles foram até um dos banheiros e molharam toalhas de rosto para segurar contra o nariz; mesmo assim tossiam, e a cada segundo a fumaça ficava mais escura e espessa. Não aguentariam muito tempo, tinham que chegar ao saguão principal e tirar Diana e os outros de lá o mais rápido possível, caso contrário morreriam junto com eles.
No meio do caminho passaram pelo refeitório. O fogo vinha de lá. Todo o corredor de acesso a ele tinha sido engolido por chamas e, àquela altura, o calor era insuportável. Havia um extintor perto do balcão onde geralmente ficava a comida. Sara olhou para Raymond e os dois pensaram em como seria mais fácil começar a conter o fogo que avançava em pequenas quantidades. Assim, já que os funcionários da parte da frente já estavam sendo escoltados por Carmem, o fogo não tomaria o prédio todo e os pacientes presos nas salas distantes também teriam uma chance de sobreviver. Todos seriam salvos.
Raymond e Sara fizeram um gesto mínimo com a cabeça, concordando com o plano, e os dois cortaram a fumaça para adentrar as chamas ainda crescentes. Quando o escritor tocou o extintor, o choque o fez recuar. Estava quente. Tirou a jaqueta e a usou de proteção, pegando-o, se afastando para a porta outra vez e começando a tentar apagar os pequenos avanços do corredor para o resto dos quartos. Ele conseguiu, mas o coração do incêndio ainda estava lá, tão grande e imponente que parecia invencível. Raymond sentiu medo e Sara também, mas ninguém comentou nada - pelo menos não até o momento em que viram uma silhueta no meio do fogo. Foi quando Sara exclamou um palavrão e Raymond deu mais um passo para trás.
- Kayla - ele sibilou. Como imaginavam: a incendiária. - Kayla Roberts. Nós temos que sair daqui.
O extintor foi jogado ao chão e, juntos, Sara e Raymond correram pelo corredor. A fumaça era como um nevoeiro os engolindo. Eles deram as mãos, mas elas escorregavam. O caminho parecia extremamente longo, maior do que o percorreram quando entraram, e os dois pensaram estar perdidos. Quando conseguiram localizar e estabelecer uma direção até a porta pela qual entraram, viram, literalmente, uma luz no fim do corredor.
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7 Psicopatas (COMPLETA ATÉ DIA 25/11)
HorrorRaymond Ernest é um escritor decaído. Depois de criar um thriller que vendeu milhares de cópias pelo mundo, ele se encontra em um profundo bloqueio criativo, não tendo inspiração nenhuma para escrever. Enquanto tenta superar a crise literária...