Dia 2 (pt.1)

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HEY, então....

Esse é triste pra inferno (como todos os outros são)

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Connor conseguia ver muitos rostos familiares em um lugar só. Muitos. O enterro mais parecia uma Vidcon do mal. Metade das pessoas que estavam ali Connor já conhecia. A outra metade era a parte da nova vida de Troye. Aquilo era... Sufocante. Connor nunca vira tantos youtubers juntos em um único lugar, todos eles agarrados em lenços de papel e rosas vermelhas, e ver tantas pessoas no mesmo lugar fez Connor lembrar do Troye pela qual ele se apaixonara. O alegre, radiante, bonito, talentoso e inteligente Troye Sivan de 2013, dando o melhor de si para qualquer um.

Jacob estava de um lado do caixão, Hari Nef segurava a mão dele, chorando silenciosamente. Do outro lado os Mellet se abraçavam, dependiam um do outro para passar por aquilo. Connor estava atrás de um casal que ele não conhecia, Joey Graceffa e Daniel Preda de mãos dadas, Zoe e Alfie e Tyler e Korey. A visão do grupo era a da frente para o caixão e para um cerimonialista que falava as coisas como se conhecesse Troye.

Jacob prendeu a respiração por alguns segundos, para ver se se sentia vivo. Hari entrelaçou o dedo dos dois e alguém apertou o seu ombro, mas o rapaz não se incomodou em procurar quem tinha sido.

Jon Cozart se posicionou ao lado de Connor, depois de trocar algumas palavras com algumas pessoas. Ele entrelaçou os dedos com os de Connor, porque ele não sabia o que fazer.

Não era assim que Connor queria que as coisas andassem. Ele soltou a mão do rapaz discretamente, porque praticamente todos os amigos estavam ali e não era assim que ele queria que tudo acontecesse. Ele não queria assumir o relacionamento com o rapaz do Arkansas ficando de mãos dadas com ele no funeral do ex namorado. Não.

Jacob viu pelo canto do olho quando Connor abriu espaço no meio da multidão, saindo de perto do enterro. Ele soltou das mãos de Hari e se afastou, sentindo as mãos no seu ombro soltarem também, então ele seguiu Connor um pouco para longe.

— Connor? — O rapaz de Minnesota parou debaixo de uma árvore, vendo mais de setenta pessoas formarem uma grande multidão ao redor do acontecimento. Jacob se aproximou, a mão direita segurando o cotovelo esquerdo. Os dois pararam um de frente para o outro e fitaram o chão por alguns segundos. — O que eu faço agora?

Aquilo era sério. Jacob não sabia o que fazer, e ele achou que além dos Mellet, que sentiam tanta dor quanto ele, a dor de Connor era a que mais se igualava à dele naquele momento, então ele precisava saber o que Connor faria para fazer também.

  — Você se muda. — Jacob ergueu a cabeça para ele, percebendo que o rapaz falava sério. —   Você deixa a sua casa, porque a cama vai ficar vazia, porque querendo ou não você vai esperar por ele na frente do balcão da cozinha com uma caneca de café, como você faz todas as manhãs, porque a garagem vai ser grande demais para apenas um carro, porque a sala de estar vai ficar organizada demais, porque o escritório não vai mais ser o mesmo, porque você vai continuar encarando o hall de entrada na esperança que ele entre com metade das malas e saia para a varanda para buscar a outra metade. Você se muda, porque a banheira vai demorar muito mais para encher do que ela demorava, já que ele não vai dividi-la com você, então você vai ter que encher mais. O jardim não vai ser mais o mesmo, porque você vai tentar fazer alguma coisa, você vai tentar dar um churrasco, mas não vai ser ele quem vai sair para o gramado segurando a cesta de pães. Você precisa ir. — Jacob ficou olhando para ele, a boca aberta, porque aquilo era exatamente o que acontecia, e provavelmente o que ia acontecer.

— Era a nossa casa. Nós temos lembranças lá.  — Connor acenou com a cabeça duas vezes, concordando.

— Você precisa deixar outras pessoas criarem outras lembranças lá, ou você não vai conseguir. — Jacob assentiu, engolindo em seco. Connor Franta era uma boa pessoa, e agora ele se sentia culpado por isso também.

  — Eu acho... Eu acho que ele queria se desculpar. — O mais velho assentiu. — Eu... Eu preciso me desculpar. Eu... Eu sinto muito, de verdade, pelas coisas que eu te fiz passar.

— ele gostou de você. Ele gostou de você no minuto em que ele te viu. Era inegável. Não havia nada que eu pudesse fazer, Jacob. Eu precisava deixar ele ir embora. — Jacob assentiu, forçando um sorriso. — você cuidou dele como ninguém, então...

— Não foi justo com você. Eu sabia. A Dani me falou na festa que ele estava namorando e eu... — Connor deu de ombros.

— Já acabou. Você não precisa se desculpar, sabe? Eu não consegui dar a ele o que ele queria de mim, mas ele encontrou o que ele precisava em você. — Jacob estendeu a mão para ele, que pensou duas vezes antes de segurá-la. Aquilo era uma coisa que Connor não imaginou estar fazendo. Andando de mãos dadas com Jacob Bixenman na direção do enterro de Troye. Os dois abriram caminho de mãos dadas até a frente, até onde Jacob inicialmente estava e as pessoas que antes estavam ao redor dele abriram espaço, deixando apenas ele e Connor ali. Laurelle ergueu os olhos para a cena dos dois juntos ao lado do caixão e sorriu para os dois.

Jacob apertou um pouco a mão de Connor em algum momento daquele final de tarde, e lhe pediu que dissesse alguma coisa.

— Vai. Eu não ligo para o que você diga, mas você precisa. — Connor assentiu, soltando a mão dele. O mais velho se posicionou no lugar em que o cerimonialista estava e olhou ao redor, deixando o olhar por um pouco mais de tempo nos Mellet, Zoe, Alfie e Tyler e em Jacob, que agora estava de cabeça erguida em respeito às palavras de Connor.

Hari se aproximou do amigo, encaixando o seu braço no dele delicadamente.

— O que você está fazendo? — Ele olhou para ela por um segundo antes de voltar o olhar para Connor e sussurrar:

— Eu estou sendo justo com ele, porque eu não fui no início, e se eu não fosse justo com ele logo hoje eu jamais me perdoaria.

Connor começou a falar, um pouco trêmulo.

— Eu te escrevi uns mil poemas. Nem todos eles bons, mas todos eles verdadeiros. Eu te escrevi uns mil poemas e parte deles sobre cada cafeteira que nós entramos nos três anos da nossa história, e foram muitas, não é? — Connor riu, nervoso, prestes a chorar. Laurelle se soltou da família e andou até ele, colocando a mão no seu ombro. — nós não éramos verde, mas ambos estávamos vermelhos, colidindo um contra o outro em velocidade máxima. Foi esse o nosso amor. O tipo verdadeiro de amor, mas no tempo errado. E você sabia como amar, ou esse lugar não estaria tão cheio. Porque se você não soubesse como amar eu não teria sido tão feliz, e eu fui. E eu vou lembrar de você como o homem que me ensinou, e que ensinou todo mundo presente aqui hoje, o que o amor verdadeiro é. Você foi o homem que me mostrou o que eu merecia, o tipo de amor que eu merecia, e por isso eu sou grato à você. Eu sei que tudo terminou entre a gente muito diferente do que se esperava, conhecendo nós dois como as pessoas conheciam, mas eu fico feliz que nós dois tenhamos encontrado em outras pessoas o tipo de amor que nós merecemos, por mais que esse amor não tenha sido o nosso. Eu sei que eu vou sentir a sua falta, como eu nunca achei que um dia sentiria, porque não era esse o rumo que nós imaginávamos ter tomado. Então o hoje é para você, Troye. Hoje é sobre todas as lágrimas que nós deixaremos para trás, no futuro. Hoje é para todos os incontáveis dias que nós ainda temos pela frente. Hoje é para você, para um maravilhoso, talentoso, gentil, carinhoso, magnifico homem, que nós, infelizmente, perdemos cedo demais. Hoje é para você, assim como os seus últimos vinte e dois anos foram para nós. 

Jacob se soltou da amiga uma segunda vez, caminhando até Connor e Laurelle e entrelaçando a sua mão com a deles. Os três fecharam os olhos, as lágrimas correndo silenciosamente, e de repente o silêncio era tão grande que podia se ouvir apenas o som das roldanas, descendo o caixão. Tyler Oakley se soltou de Korey e se juntou aos três, assim como os outros Mellet. Logo, os oito formavam um meio círculo na frente das outras pessoas, todos eles em silêncio, chorando.

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⏰ Last updated: Feb 20, 2018 ⏰

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Freight Train | Troye SivanWhere stories live. Discover now