Capítulo 7 - Socializando

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Peço desculpas por qualquer erro.

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A ideia de Yerin foi que todas saíssem ao mesmo tempo do dormitório, vissem se havia alguém por perto, e me mandassem uma mensagem para que eu saísse ao menos da área do dormitório das garotas. Sobre minhas coisas, elas levariam para universidade depois da aula, assim eu não teria que me preocupar com peso.

Por sorte, deu tudo certo, e consegui sair do colégio sem muita dor de cabeça. Agora, porém, eu teria que me preparar para o que me esperava a seguir. Tudo o que eu tinha em mãos eram uma caneta e calendário de aulas e salas que eu havia impresso na noite passada.

A Universidade era bem perto colégio das meninas, por isso era uma curta caminhada até chegar à frente da mesma. De longe dava-se para ver toda a área verde que havia a frente da grande construção de pedras. Apesar de nova, a universidade dava um ar um pouco clássico, retro, um estilo bem europeu, por se dizer assim.

"Uau!" deixei escapar, ao me deslumbrar com a paisagem do lugar.

A grama era tão verde, haviam bancos por toda parte, e gente também. Alguns em grupos, outros a sós, alguns até mesmo de bicicleta. Algumas pessoas cantarolavam alguma coisa enquanto tocavam violão ou ukulele na grama, e outros liam atentamente um papel que eu presumia ser o mesmo que estava em minhas mãos.

Distraída (ou agora seria distraído?) com o papel em minhas mãos, acabei não vendo uma figura pequena passando por mim, o que causou que eu esbarrasse na mesma.

"Ai Deus!" eu exclamei, mas ao perceber que minha exclamação havia saído um pouco aguda demais, eu tentei manter um tom mais grave, "Está tudo bem, moça? Mil desculpas! Eu estava tão distraído com o que eu estava lendo que..."

"Está tudo bem, está tudo bem!" a garota repetiu enquanto acenava sem sessar apertando seus livros contra seu peito.

Era visível que a pequena garota ruiva se tratava de uma pessoa bem tímida, ela nem se quer levantava os olhos para me encarar.

"Eu sinto muito mesmo!" repeti, e notando que a garota não havia ido a lugar algum, resolvi me apresentar, "Sou Kim Minseok, mas pode me chamar de Xiumin ou Yul!"

Curvei-me ao me apresentar e ela espelhou meu movimento.

"Jung Wheein"

A garota não disse mais nada, apenas retirou um pacote de biscoitos de sua bolsa e me ofereceu um. Recusei com um sorriso e ela comeu a bolacha recheada.

"Você sabe me dizer onde é a diretoria? Tentei imprimir o mapa ontem, mas não consegui achar no site." aproveitei para perguntar.

Wheein, desajeitadamente, retirou um papel bem amassado de sua bolsa e me entregou. Quando abri o mesmo, percebi que se tratava exatamente do mapa que eu havia mencionado.

"Obrigado!" agradeci, e logo corri meus olhos pelo papel procurando pela diretoria, mas senti a garota se afastando, "Ei! Pera aí, seu mapa!"

Tentei entregar a ela o papel, mas ela simplesmente disse para eu ficar com ele e saiu correndo. Aquela era uma garota... Peculiar. Dei com os ombros. Ao menos já havia socializado com alguém ali.

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Agora eu me encontrava perambulando pelos corredores da universidade, prestando atenção para não me confundir com as coordenadas do mapa.

Quando entrei em um dos corretores, notei um rapaz engraçadinho comendo um sanduiche gigante enquanto sentava em um banquinho encostado na parede. Haviam muitos bancos daqueles espalhados nos corredores.

O que eu vou almoçar? Pensei com meus olhos vagando o mapa quando desviei de uma moça que passava por mim. Chega de esbarrar nos outros, né, Yul?

Suspirei baixando o mapa em minhas mãos. Eu já havia andado por tantos corredores e nada de encontrar a diretoria. De repente, sinto meu celular vibrar. Atendi a ligação e ouvi minha irmã avisando que demorariam um pouco mais do que planejado, já que elas teriam de falar com o diretor sobre o projeto delas depois da aula.

Enquanto me despedia de minha irmã ao telefone, me virei e acabei me deparando com uma moça parada me encarando a alguns metros de mim. Estranhei a ação da menina, até que algo veio em minha mente: Teria ela descoberto meu disfarce?

"Unnie? Ainda está aí?" ouvi minha irmã perguntando do outro lado da linha.

"Ah, sim, sim! Está tudo certo então, depois a gente se fala!" eu disse com um tom mais ansioso do que eu planejava, "A gente se fala depois, se cuida direitinho!"

Desliguei o celular e o guardei no meu bolso. Quando voltei para encarar a garota, ela já não estava mais ali.

Ótimo! E agora como vou saber se ela suspeitou de alguma coisa?

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Depois de mais uns dez minutos atravessando corredores a subindo e descendo escadas, finalmente encontrei a diretoria. Tirei todas as minhas dúvidas e peguei a chave do meu dormitório, e por mais que eu tivesse tentando conseguir um no qual eu ficasse só, o máximo que eu consegui foi um com somente um colega de quarto e um banheiro. Bem, ao menos o banheiro seria útil para me trocar e ter um pouco de privacidade.

Com minha chave e mapa em mãos, fui até o dormitório masculino e procurei pelo meu quarto. Por sorte, não foi difícil de encontrar. Coloquei a chave no buraco da maçaneta e tentei girá-la, mas aparentemente a porta já estava destrancada. Provavelmente meu colega de quarto já havia entrado.

Bati na porta antes de abri-la cuidadosamente, e me deparei com um rapaz penteando o cabelo enquanto se olhava no espelho.

"Ah, ei, ei, colega de quarto!" ele disse não tirando os olhos de seu próprio reflexo.

Ele possuía traços fortes e uma barba rala em seu rosto, aparentava ter quase minha altura e usava trajes bem despojados, jaqueta de couro e uma camiseta de uma banda de rock por baixo da mesma.

"Olá!" eu disse, me permitindo entrar no quarto e fechar a porta com cuidado.

Arrumei meu blazer e curvei-me o cumprimentando.

"Sou Kim Minseok, mas prefiro que me chamem de Xiumin ou Yul." eu disse, tentando transmitir simpatia no meu sorriso.

"Yeah, yeah, saquei, camarada!" ele jogou seu pente na cama e me estendeu a mão, "Sou Ahn Kwang, mas prefiro que me chamem de Ricky, então só me chame de Ricky mesmo, falou?!"

Aceitei a mão dele e nos curvamos um pouco em cumprimento.

Ele se jogou na cama da direita, que eu presumi que ele já tinha dado como sua.

"E aí, camarada? Cadê sua mala? Não tô te vendo com nada!" ele perguntou, confortavelmente colocando seus braços abaixo de sua cabeça.

"Ah..." hesitei um pouco, sem saber ao certo o que responder, "Deixei no hotel que fiquei ontem à noite, estava muito atrasado para chegar aqui, mas minha irmã o trará até a noite."

Sentei na ponta da cama que agora seria minha, e fiquei observando o mapa em minhas mãos, um pouco receosa com a possibilidade de meu colega de quarto me perguntar mais alguma coisa que fosse complicada de responder.

"Cê me parece um cara estiloso, deve fazer mó sucesso com as gatas, né, não?!" ele comentou, voltando a puxar assunto.

Eu ri, sem saber ao certo o que responder.

"Obrigado." agradeci com um aceno, "Você também é um rapaz estiloso."

"Eu sei!" ele disse, mexendo seus ombros, orgulhoso, "Estava com receio do meu colega de quarto acabar sendo algum zé feinho aí, mas fico feliz que tenha sido você! Ao menos agora tenho uma companhia ao meu nível pra ir nas baladinhas que vamos ter. Não poderia sair pra caçar gatinhas com um espantalho do meu lado, né?!"

Pelo visto meu colega de quarto era um fanfarreio galanteador. Eu ri, pensando que aquilo provavelmente me traria boas risadas e algum constrangimento. Aquela última parte não me animava muito, mas ao menos ele era um rapaz divertido, o que poderia me ajudar a relaxar um pouco nesses seis meses. Afinal, toda aquela vida dupla e horas de estudo me trariam bastante dor de cabeça.

Ela é o CaraWhere stories live. Discover now